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Lembra dele? Paulo Baier põe Botafogo-SP na Série B com estilo 'incansável'

Paulo Baier, técnico do Botafogo-SP, levou o time à Série B do Brasileirão - Luiz Fernando Cosenzo/Agência Botafogo
Paulo Baier, técnico do Botafogo-SP, levou o time à Série B do Brasileirão Imagem: Luiz Fernando Cosenzo/Agência Botafogo

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

20/10/2022 12h00

Ele defendeu grandes clubes, como Atlético-MG, Palmeiras, Vasco e Botafogo. Disputou mais de 750 partidas oficiais, fez mais de 200 gols, pendurando as chuteiras aos 41 anos e carregando um apelido: o Incansável. Paulo Baier hoje é técnico de futebol e quer inspirar os mais jovens a valorizarem a condição física e a intensidade em campo. Depois de levar o Botafogo-SP para a Série B de 2023, o ex-lateral acredita que poderá surpreender no Campeonato Paulista.

Paulo Baier não foi um jogador de carreira comum. Foram anos e anos em alto nível, sempre marcando gols e sendo protagonista nos clubes pelos quais passou. Tanto que ostentou o posto de maior artilheiro do Brasileirão da era dos pontos corridos até 2015, quando foi superado por Fred. Foram 106 gols marcados no torneio sob o atual formato, que teve início em 2003, quando Baier já beirava os 30 anos.

A aposentadoria veio depois dos 40, em 2016. Então, a carreira de técnico foi opção para seguir no futebol. Ele passou pelo Toledo, conquistou dois títulos no Próspera, fez boa campanha no Criciúma, no São José-RS e chegou ao Botafogo-SP, onde conquistou o acesso para Série B de 2023. Hoje aos 47 anos, o Incansável se prepara para iniciar uma nova temporada no clube e se inspira em grandes treinadores, como Tite, atualmente na seleção brasileira.

Uma equipe incansável

Ao UOL Esporte, Paulo Baier contou como gosta de montar sua equipe. Um jogo de capacidade física e equilíbrio em que a preparação é muito valorizada durante a semana.

"Os times em que eu trabalho têm mais ou menos a característica do que eu fazia em campo. Intensidade, diminuição de espaços, estar bem fisicamente. No meu tempo se corria oito quilômetros numa partida, hoje se corre 11. O futebol mudou muito e tento fazer eles entenderem que a intensidade só vem treinando. Não tem mágica no futebol. A mágica é o dia a dia, corrigir e se condicionar. Se estiver abaixo, os outros te atropelam. Por isso é bom começar uma pré-temporada, como vai acontecer agora, porque daí colocamos a nossa filosofia desde o início", contou o treinador, que renovou contrato por mais uma temporada.

"Gosto de times equilibrados, mas sempre buscando fazer o primeiro gol. Este é meu pensamento. Se ficar retraído, uma hora você toma o gol e tentar virar é sempre mais difícil. Sempre fui a favor de buscar o primeiro gol, daí se tem uma condição de administrar e defender melhor", completou.

Um novo incansável? Muito complicado

O apelido que acompanhou Paulo Baier ao longo da carreira justificava sua longevidade. Mesmo veterano, ele sempre se destacou com gols e boas participações nas equipes que defendeu. Mas encontrar um 'novo incansável' é bastante complicado pelas mudanças do futebol, segundo ele.

"Isso vai de cada um, de como leva sua carreira. Mas hoje é muito mais complicado, jogos muito mais intensos, a questão física é muito importante. Eu consegui fazer isso [carreira longeva] também porque nunca me machuquei, não operei joelho, nada. Isso depende de cada um", disse.

"É bem mais difícil, a intensidade é muito mais alta. O futebol se tornou assim. Hoje, sem um elenco forte, não se consegue ter um time competitivo. Se não tiver ao menos uns 28 jogadores, não consegue jogar quarta e domingo, porque tem lesão, cansaço", completou.

Paulo Baier - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Inspirações e vida de técnico

"Ser treinador é mais difícil [que jogar], não é fácil, não, viu (risos)", assim Baier contou sobre sua função atual. "Se é mais um administrador de pessoas. Sempre estamos evoluindo nos trabalhos, os meus são todos direcionados ao jogo. Como joguei muito tempo, sei do que o jogador gosta, como se comporta, e isso ajuda muito nos trabalhos", comentou.

O sucesso tem lhe acompanhado. Ele conquistou a Série C e a Série B do Catarinense pelo Próspera e participou do acesso do Criciúma para Série B em 2021. Ou seja, é praticamente seu quarto acesso.

"O processo como jogador é uma coisa, como treinador é outra. Tive todas essas experiências, Próspera com dois títulos, Toledo, Criciúma que chegamos numa situação de ter sido rebaixado e construímos de novo, o Brusque, tivemos méritos nisso. E hoje estamos bem pelo que fizemos num clube forte, de tradição, com uma camisa pesada. A responsabilidade aumenta, mas agimos sempre dentro do que é correto. Tenho a característica de falar a verdade para os jogadores, e isso é o mais importante", disse.

Edmundo e Paulo Baier comemoram gol do Palmeiras no Brasileiro de 2006 - Rubens Cavallari/Folhapress - Rubens Cavallari/Folhapress
Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

A inspiração para os feitos vem de grandes treinadores com os quais trabalhou ao longo da carreira. Entre eles, Tite, que comanda a seleção brasileira atualmente.

"De referências de treinadores eu tenho o Tite, que foi referência no Palmeiras, o Geninho no Goiás, o Vagner Mancini no Atlético-MG, o Antônio Lopes, o Celso Roth, vários treinadores que passaram por mim e de cada um se tira um pouco para seu perfil, para sua filosofia", comentou.

"Podemos surpreender no Paulista"

"Meu futuro é o Botafogo", disse Baier logo de cara sobre seus planos. Sem traçar objetivos além da construção do grupo e dos próximos compromissos, ele acredita que seu time pode surpreender no Campeonato Paulista.

"Podemos surpreender no Paulista, sim. Depende do elenco que vamos montar. Ainda tem muito jogador jogando e estamos observando. O mercado está um pouco demorado. Estamos renovando contratos com quem se destacou. Mas eu sempre digo que estamos no clube para fazer história. Já fizemos subindo para Série B e temos que dar continuidade e seguir fazendo isso", acrescentou.

Depois de assumir o time em maio e ser pilar da arrancada que levou ao acesso com 62% de aproveitamento no comando, agora ele encara uma nova realidade e será responsável por iniciar o ano que vem, definindo peças do plantel e incrementando a filosofia de trabalho.

"Quando chegamos estávamos em 12º e os jogadores estavam desacreditados. Demorou para encaixar, mas depois que conseguimos fazer o grupo entender a filosofia de trabalho, embalamos", recordou.

"Agora é o momento da continuidade. Lógico que teremos dificuldades, mas o Botafogo nos dá segurança para trabalhar. Vamos montar um bom elenco, fazer um bom paulista, porque o Botafogo está na elite do campeonato, serão jogos duros, e depois temos a Série B, precisamos estar 100% focados", finalizou quem de foco entende há tanto tempo.