Fla viaja ao Equador sem 'bênção' de massagista que trata tumor no cérebro

O Flamengo embarca para Guayaquil, no Equador, para a final da Libertadores, desfalcado. A ausência não é apenas de integrantes do elenco, mas de uma parte da história do clube. Seu Denir, massagista do Rubro-Negro há 42 anos, participou de grandes títulos e criou laços com craques que passaram pela Gávea. Desta vez, porém, os jogadores não vão ter a "bênção" no vestiário antes de a bola rolar.

Denir está em meio a tratamento de um tumor no cérebro, descoberto no início de setembro, após passar mal no CT Ninho do Urubu, na zona oeste do Rio. Atualmente, está sendo submetido a sessões de quimioterapia e radioterapia e tem recebido a assistência do departamento médico rubro-negro.

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Ausência muito sentida no dia a dia do clube, Denir foi lembrado carinhosamente pelo técnico Dorival Júnior na última quarta-feira (19), quando o treinador dedicou o título da Copa do Brasil ao profissional.

"Primeiro que é uma pessoa que tem um respeito de todos aqui dentro. Ele tem o seu nome totalmente ligado ao nosso clube. Ele sabe quanto foi fundamental em toda a trajetória do Flamengo, desde a sua chegada aqui. É uma pessoa muito querida por todos, tem nosso respeito, carinho. A ele nós dedicamos o título, e também ao Rodrigo Caio e Bruno Henrique [lesionados], que são fundamentais para a equipe, acompanhamos o esforço deles para estarem vestindo novamente nossa camisa", disse na entrevista coletiva.

Gabigol tem ritual de lhe pedir benção

Ídolo do Flamengo, Gabigol tinha um ritual do qual não abria mão quando Denir estava na ativa nos jogos da equipe: o de beijar a mão do massagista e lhe pedir a benção sempre que entrava no vestiário. Em troca, também recebia um beijo na mão, vez ou outra somado a um na testa, do lendário profissional, que aprendeu a admirar o camisa 9.

"Gabriel é muito identificado com esse clube, tem a cara do Flamengo. A história dele aqui é maravilhosa, ainda falta muita coisa para conquistar. Na minha opinião, já alcançou o patamar de ídolos do passado, como Zico e Júnior. Sou muito fã dele", disse em entrevista à FlaTV, quando foi homenageado pelos 40 anos de serviços prestados ao clube, em 2020.

Antes da partida contra o Internacional pelo Campeonato Brasileiro, no Maracanã, já sem a presença de Denir, Gabigol lhe homenageou, repetindo o gesto, mesmo com a ausência do massagista. O registro foi captado pela FlaTV.

Ergueu taça

Após a conquista da Taça Guanabara de 2021, o elenco do Flamengo fez uma homenagem a Denir. Ele foi chamado ao pódio pelos jogadores e ergueu o troféu.

"O Denir vem representar todos os funcionários desse clube que se dedicam tanto. É bom homenagear durante a carreira, nessa vivência que temos juntos. Somos fãs dele, é um orgulho dividir esse momento", afirmou, à época, Diego, que "dividia" a braçadeira com Diego Alves e Everton Ribeiro.

Trabalhou com Zico e foi penta com a seleção

A história de Denir, definitivamente, dá um livro. O massagista, por exemplo, foi campeão Mundial com o Flamengo em 1981 e conviveu com craques do calibre de Zico, Júnior, Adílio e companhia, todos com enorme carinho nutrido pelo profissional.

Zico, por exemplo, sempre que vai ao centro de treinamento Ninho do Urubu, obrigatoriamente faz questão de cumprimentá-lo, abraçá-lo e colocar o papo em dia com seu amigo de longa data.

Denir tem 73 anos e, de batismo, se chama Adenir Silva. Pelo Flamengo, conquistou nada menos do que: um Mundial de Clubes (1981), uma Libertadores (2019), uma Recopa Sul-Americana (2020), duas Supercopa do Brasil (2020 e 2021), sete Brasileiros (1982, 1983, 1987, 1992, 2009, 2019 e 2020) e quatro Copas do Brasil (1990, 2006, 2013 e 2022), além das dezenas de Estaduais.

Como se não bastasse o invejável currículo pelo Rubro-Negro, Denir ainda tem história na seleção, onde esteve no penta, em 2002, e nas Copas do Mundo de 1998, 2006 e 2010.