Acesso do Grêmio fecha ciclo de presidente que encerrou jejum, mas caiu
O retorno do Grêmio à Série A do Brasileirão, confirmado na vitória sobre o Náutico, representa o fim de um ciclo. O presidente responsável por comandar o clube nos últimos oito anos teve seu último ato relevante. Romildo Bolzan Júnior entrega a cadeira máxima azul, branca e preta no fim do ano. Se por um lado foi quem levou o Tricolor a uma série de conquistas relevantes, também caiu para a Segunda Divisão.
Romildo não era um dos mais cotados para assumir o Grêmio antes de 2015. Mas ganhou apoio do maior presidente da história do clube, Fábio Koff, que o antecedeu no posto mais alto e ainda seguiu em sua primeira gestão como vice de futebol. Outro ex-presidente presente no grupo foi Duda Kroeff, de participação ativa em vários momentos da jornada.
Um dos pilares na eleição, com mais de 70% dos votos, acabou não se concretizando. A compra da gestão da Arena, anunciada em evento por Fábio Koff dias antes, não se concluiu em razão dos diversos problemas com a OAS (empresa parceira na construção que foi desarticulada pela Operação Lava Jato) e as contrapartidas que não foram feitas. Recentemente, no fim do oitavo ano de gestão, Bolzan oficializou a 'desistência' da compra na sua gestão.
Mas ali se iniciava o caminho que tiraria o Grêmio de um longo período sem conquistas, e que se encerra agora.
Primeiro mandato: fim de jejum e equilíbrio financeiro
O primeiro mandato de Bolzan (2015/2016) começou marcado por atitudes impopulares. O presidente foi duramente criticado ao estancar os gastos do futebol gremista. Em 2015, tratou de se desfazer de jogadores mais caros, facilitando a saída de medalhões, como Barcos e Marcelo Moreno.
O time treinado por Felipão contava com uma série de garotos. As categorias de base ganharam atenção especial num projeto de captação, utilização e venda de direitos que se comprovou uma forma eficaz de equilibrar o clube ao longo dos anos. A partir dali surgiram nomes como Luan, Pedro Rocha, Everton Cebolinha, Ramiro, Alex Telles, Wendell, entre outros.
Se o princípio foi complicado, a conclusão daquele mandato foi gloriosa. O 2016 gremista acabou com o fim de um jejum de títulos relevantes que durava desde 2001. Foi na Copa do Brasil, já com Renato Gaúcho no comando, que a taça chegou para abrir uma nova era no clube. E a reeleição foi consequência.
Segundo mandato: Consolidação e voos maiores
O segundo mandato de Bolzan (2017/2018/2019) foi marcado por um termo repetido diversas vezes por ele: ciclo virtuoso. O Grêmio estabeleceu um processo de formação e venda de atletas, seguindo o projeto iniciado no biênio anterior. Arthur, Matheus Henrique e Pepê, entre outros. Na mesma medida que atletas tinham direitos negociados com outras equipes, novos jogadores ocupavam os lugares, sendo formados ou contratados no fim das categorias de base e revendidos posteriormente por valores altos.
O Grêmio se estabeleceu financeiramente e virou um clube superavitário, virando ano após ano com lucro nos cofres, o que possibilitava 'não sentir' quando errava em suas contratações e manter o potencial de mercado elevado a cada temporada.
Em campo, o time seguiu no mesmo ritmo. Depois da Copa do Brasil de 2016, levou a Libertadores de 2017 e chegou ao Mundial de Clubes, onde foi derrotado na final pelo Real Madrid, com gol de Cristiano Ronaldo. No ano seguinte, ergueu a taça da Recopa e neste período ainda retomou a hegemonia do Campeonato Gaúcho. Depois de ficar sete anos sem conquistar o Estadual, o Tricolor voltou a vencer tal disputa em 2018, iniciando uma sequência que dura até hoje.
Terceiro mandato: Queda inesperada
Tudo ocorria bem nos bastidores do clube. Ao fim de 2019, Romildo nem precisou ser eleito, foi aclamado. Não teve sequer chapa de oposição inscrita para eleição.
Em campo, o time já não conquistava as mesmas coisas, mas mantinha a sequência de títulos gaúchos como argumento. A supremacia contra o Inter serviu de escora para o início de uma queda brusca.
A temporada 2021 foi marcante. O Grêmio pretendia alçar voos ainda mais altos com o retorno de um de seus jovens mais destacados na Europa. Douglas Costa voltou. Mas junto dele uma sequência de infortúnios. Renato Gaúcho deixou o comando, escolhas erradas e trocas repetidas nos bastidores e no time aconteceram. O ambiente degringolou e o resultado desta perigosa equação foi a queda para Série B.
Neste ambiente, Bolzan tentou contornar os problemas como havia feito em todos os outros anos. Político de carreira, ele procurou diálogo entre oposições internar, tomou a frente em diversos episódios, tentou criar ambientes positivos para achar o fim das intermináveis crises. Dessa vez não deu certo.
O retorno para elite deixa no ar uma grande interrogação. Como Romildo Bolzan Júnior será marcado na história gremista: será que ter tirado o Tricolor de um longo jejum de conquistas e ter atingido uma estabilidade muito importante sob ponto de vista financeiro o autorizará a frequentar o grupo dos principais presidentes da história centenária do clube? Ou a queda para Série B, cujo ciclo termina agora, sepultou seu brilho no ambiente azul, branco e preto? Quem decidirá serão os torcedores e o tempo.
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