'Vergonha' e 'omissão': ex-juízes analisam suposto pênalti em Fla x Santos
A partida entre Flamengo e Santos, ocorrida ontem (25), no Maracanã, e válida pelo Campeonato Brasileiro, ficou marcada por uma das maiores polêmicas de arbitragem do torneio — a partida acabou em 3 a 2 para os mandantes.
Já nos acréscimos do primeiro tempo, Camacho, meio-campista da equipe paulista, foi derrubado dentro da área por Matheuzinho — o árbitro André Luiz Freitas Castro não classificou o lance como pênalti e mandou o jogo seguir (assista ao lance abaixo).
Segundos depois, em contra-ataque flamenguista, o próprio Matheuzinho recebeu a bola na ponta direita e cruzou para Pedro. De letra, o atacante estufou as redes de João Paulo e inaugurou o marcador.
O gol irritou os jogadores santistas, que cercaram o árbitro para pedir o pênalti no meio-campista. Apesar dos protestos, o VAR, comandado Adriano Milczvski, corroborou a decisão do juiz de campo.
Minutos depois do apito final, o Santos publicou uma "carta aberta" cobrando o afastamento dos juízes. O pedido foi atendido de imediato: tanto Castro quanto Milczvski foram punidos pela CBF, que suspendeu ambos dos gramados e colocou a dupla no "Programa de Assistência ao Desempenho do Árbitro (PADA)" da entidade — uma espécie de "geladeira".
As reações de ex-juízes
O UOL Esporte entrevistou cinco ex-árbitros em relação ao lance em questão. A decisão foi unânime: houve erro claro por parte dos dois envolvidos no episódio.
"Foi muito pênalti. O jogador do Flamengo faz a alavanca e derruba o jogador do Santos. O árbitro, muito bem colocado, se omitiu no lance e deu sequência ao jogo. Acredito que ele não quis se comprometer, já que o Flamengo fez o gol na sequência de jogo sem que partida fosse interrompida. Infelizmente é nossa arbitragem, onde os árbitros se escondem no VAR", disse Ulisses Tavares, condenando a atitude de Castro.
Alfredo Loebeling seguiu a linha do ex-companheiro de profissão e reforçou a necessidade de paralisação da partida — mesmo com a bola rolando.
"Foi uma das maiores vergonhas do campeonato. O pênalti é claríssimo, não é duvidoso. O que me passa a impressão é que o VAR não quis expor a arbitragem anulando o gol e sugerindo a revisão. Depois de toda a festa do Flamengo, imagina falar que foi pênalti? A impressão que me deu é que o VAR não quis criar esse circo todo na partida. Mas é uma vergonha. O pênalti é claríssimo", iniciou.
"Não que não tenha tido pressão, mas faltou ao capitão do Santos insistir e não deixar o jogo recomeçar tão rápido. Houve uma forçação de barra do árbitro para dar o reinício, porque ele sabia que depois disso nada poderia ser feito. O Santos aceitou muito passivamente", prosseguiu Loebeling.
"Aí você percebe a diferença do VAR europeu para o VAR do Brasil. Quando teve a jogada, demorou demais, não poderia deixar seguir. Quando a bola estava no meio de campo, eles já deviam ter visto que foi pênalti e avisar o árbitro. Isso é previsto no protocolo. Tem que parar tudo e ver: se não for pênalti, bola ao chão para o Flamengo", finalizou.
Para Guilherme Ceretta, o que aconteceu em campo foi um "absurdo". "O VAR não pedir a revisão é cômico, para não dizer trágico. Concordar com a revisão de campo é infelizmente um raio-x da ineficiência e da péssima safra de árbitros da atualidade."
Emidio Marques também condenou as atuações tanto de Castro quanto de Milczvski. "O árbitro esta próximo do lance, porém mal posicionado. Ele teria que estar vendo o lance no ângulo que vemos na tela da TV. No lugar em que ele estava, elimina-se a visão lateral. Caberia ao VAR, antes de validar o gol, mostrar ao árbitro o lance no monitor para ele decidir de maneira correta."
O ex-árbitro ainda criticou as recentes atuações dos dois envolvidos na polêmica e alegou que falta "instrução, treinamento e coragem" a alguns apitadores.
"Os árbitros são mal escalados. O André não deveria estar apitando jogos da Série A — é jubilado e foi recolocado como árbitro master. Ele tem dificuldade de locomoção e não sabe nem se colocar em campo, nem ler o jogo. Houve também, antes, um outro pênalti para o Flamengo. Já o VAR [Milczvski] nunca vingou como árbitro de campo e quer dirigir o jogo da cabine. Falta instrução, treinamento e ato de coragem. O pênalti está na regra e deve ser marcado", concluiu.
Por fim, José Aparecido de Oliveira reforçou a necessidade de Milczvski corrigir a decisão tomada por Castro. "Ele deveria pedir a revisão para que o pênalti fosse assinalado. Infelizmente, mais uma falha de ambos na partida."
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