'Não há projeto maior': como Athletico foi da Série B à final da Liberta
No intervalo de dez anos, o Athletico-PR pode completar o ciclo de ir da Série B do Brasileiro a seu maior feito: conquistar a Libertadores. Foi em 2012 que, encarando o infortúnio de estar distante da elite, o Furacão começou se formar de olho em feitos gigantes. E conseguiu. Neste sábado (29), a chance de erguer a taça do torneio de clubes mais importante do continente coroa um projeto robusto. Nada aconteceu por acaso.
"Não tem nenhum projeto maior, façam uma análise do Rio Grande [do Sul] ao Nordeste, para não falar no Norte do Brasil. Vejam se há algum projeto com a visibilidade maior que a do Athletico-PR", disse o presidente do clube, Mario Celso Petraglia, recentemente.
Posturas firmes e fortes
O Athletico não é um clube igual à maioria. Centralizado na figura de Petraglia, o Rubro-Negro sofre pouco com abalos políticos. Enquanto concentra as decisões praticamente de forma absoluta, o dirigente fortalece relações profissionais no tratamento ao futebol, com parâmetros e deveres bem definidos.
O Athletico quebrou paradigmas ao 'abrir mão' do Estadual, disputando com equipes inferiores e abrindo espaço para o surgimento de talentos. Ao mesmo tempo, apoiou a construção de um departamento de mercado escorado em análises profundas para contratação de jogadores. Fortaleceu sua base com o CT do Caju, um dos mais modernos do país, e ainda sempre apostou na contratação e formação de profissionais para posições além do campo.
O clube abraçou a inovação e evitou atritos pelo poder com Petraglia como 'escudo'. Distante de grandes holofotes, também por sua postura fechada à imprensa, encontrou ambiente para dar início ao projeto que levou à final da Libertadores deste ano, a segunda de sua história — foi derrotado pelo São Paulo na decisão de 2005.
Dinheiro que entra...
A formação de jogadores se consolidou como pilar do Athletico-PR. Produzir atletas, sejam com formação desde o início ou captação em estágios avançados, gerou renda e deu sustentação ao plano de crescimento do clube.
Só no atual ciclo vitorioso — com duas Sul-Americanas (2018 e 2021) e uma Copa do Brasil (2019) — foram formados, utilizados e vendidos: Renan Lodi (20 milhões de euros) Bruno Guimarães (20 milhões de euros e mais 8 milhões de euros em negociação futura), Santos (3 milhões de euros), Rony (6 milhões de euros), Léo Pereira (7 milhões de euros), Pablo (6 milhões de euros), Vitinho (6 milhões de euros) e Robson Bambu (8 milhões de euros).
A soma de tais negócios gerou 84 milhões de euros (cerca de R$ 456 milhões pela cotação atual).
Que vira investimento...
Com o dinheiro que uniu das negociações de atletas, o Athletico não só se fortaleceu como clube, mas também conseguiu investir no time. Depois de conquistar a Sul-Americana do ano passado, o comando decidiu que era o momento de dar um passo adiante nos planos de grandeza. Assim, os cofres abriram para investir acima da média em contratações.
Para 2022 chegaram vários jogadores, muitos deles com custo elevado. Agustín Canobbio (R$ 15,2 milhões), Tomás Cuello (R$ 12,8 milhões), Vitor Roque (R$ 24 milhões) Pablo Siles (R$ 3,5 milhões), Bryan Garcia (R$ 8,5 milhões), Hugo Moura (R$ 6,6 milhões) e Alex Santana (R$ 13 milhões) foram contratados com custo total de R$ 83,6 milhões.
A política de Petraglia de "vender caro e comprar barato" ainda levou ao Furacão outros tantos jogadores com investimento baixo ou sem aporte financeiro. O pilar deste grupo de acréscimos é o experiente Fernandinho, que chegou do Manchester City ao fim de seu vínculo com o clube inglês.
Estádio forte
Com um processo firme de construção ao longo do tempo, um perfil profissional, vendas altas e contratações importantes, o Athletico-PR se firmou no caminho de atingir a grande meta de conquistar a Libertadores. Mas isso só será possível embalado por sua casa. A Arena da Baixada significou muito ao longo dos anos para o clube de Curitiba.
Desde a conclusão da reforma do estádio, para a Copa do Mundo de 2014, o Athletico só ganhou em ambiente e rendimento, empurrando o time para seus principais feitos.
Experiência no comando
Para consolidar a caminhada, quase sem querer o time ganhou o comandante que precisava. Luiz Felipe Scolari foi contratado para assumir como diretor técnico, mas acabou virando treinador na saída de Fábio Carille. Um casamento que começou despretensioso, mas acabou se mostrando o ideal.
Com ótima relação no comando do clube, Felipão emprestou sua experiência para unir o grupo de jogadores por um objetivo e abusou de sua capacidade de montar equipes fortes em mata-matas para despachar, por último, o atual bicampeão da Libertadores, o Palmeiras.
Com rédea curta e estratégias específicas para cada duelo — seja retrancando a equipe ao máximo ou explorando velocidade e bolas paradas — Scolari organizou uma equipe muito intensa, competitiva e aplicada.
Numa equação que vai dos gabinetes ao campo, passando pelas finanças, estádio e comando técnico, o Athletico está mais preparado do que nunca para atingir o posto mais alto do continente. Resta bater o Flamengo, sábado (29), em Guayaquil (EQU), e fixar de vez seu nome entre os grandes do país e do continente.
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