Vai ou fica? VP se irrita pela 1ª vez, e coletiva esquenta no Corinthians

O clima pesou depois da derrota do Corinthians para o Fluminense por 2 a 0, ontem (26), pelo Brasileirão, na Neo Química Arena. Não tanto pelo resultado em si, mas pela indefinição sobre o futuro de Vítor Pereira. O clima da entrevista coletiva foi tenso, com pronunciamento do presidente Duílio Monteiro Alves e irritação do treinador após uma pergunta sobre sua esposa.

"Se vier com a mesma conversa, não respondo. Pode ter certeza absoluta", disparou VP logo no início da entrevista. A impaciência é algo raro nas declarações públicas do técnico, e a esta altura o pico mais alto de tensão não havia sequer chegado na coletiva. A pergunta seguinte citava sua esposa, e o técnico teve que se controlar para não perder a paciência.

O pano de fundo é a situação da família de VP, que ainda mora em Portugal e avalia se é viável ou não se mudar ao Brasil, sendo que um de seus membros tem um problema de saúde. "A informação que a gente tem é que sua esposa quer que você vá, e você quer ficar. A minha pergunta é: quem manda na sua casa, você ou sua esposa?", questionou o repórter Marco Bello, da Rádio Transamérica.

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"Meu amigo, como sou mais educado do que o senhor, não vou responder", disse o treinador, repetindo esta frase três vezes seguidas, como se pensasse melhor em como seguir a partir daí. "Meus pais felizmente me deram educação, e não vou responder. Entende? Foi mal-educado. Está se metendo em um assunto que não tem a ver com futebol. Não respondo nenhuma palavra. O respeito que teve por mim é o respeito que tenho pelo senhor", encerrou.

O clima na sala de imprensa pesou. Já não era muito bom antes, e naturalmente não melhorou em seguida. A coletiva foi acompanhada de perto pelo presidente Duílio Monteiro Alves, que havia feito um pronunciamento minutos antes e mostrou alguma irritação pouco depois, quando outro jornalista insistiu no assunto da permanência ou saída de Vítor Pereira. O diretor de futebol do clube, Roberto de Andrade, e o gerente de futebol, Alessandro Nunes, também estavam no local, com semblante igualmente sério.

"Só voltaremos a falar nisso [renovação ou saída] no final da temporada, quando os objetivos do clube estiverem cumpridos. É isto que estou determinado a conseguir."
Vítor Pereira, em sua entrevista coletiva de ontem (26)

Horas depois da coletiva, o jornalista Marco Bello usou seu Twitter para se desculpar pela pergunta feita a Vítor Pereira.

"Amigos, fiz uma reflexão assim que cheguei em casa e quero dividir com vocês: fui muito mal na minha pergunta ao técnico Vitor Pereira do Corinthians. Era pra ter sido uma pergunta descontraída, mas não saiu assim e acabou soando ofensiva", iniciou Bello.

"Quero aqui pedir desculpas ao Vitor e, quando puder encontrá-lo, o farei novamente. Espero que entendam... ou pelo menos compreendam meu arrependimento. Abraços a todos e fiquem em paz", completou.

A permanência ou a saída de VP é assunto no Corinthians há várias semanas e tem ganhado importância nesta reta final de temporada. Qualquer definição já tinha sido adiada por causa decisão da Copa do Brasil, e agora está adiada de novo -até segunda ordem- até a confirmação da classificação direta à próxima Libertadores.

Corinthians pede calma antes da decisão

Clube e treinador dizem já estar em conversas por uma renovação, mas o fator preponderante para o fico ou o adeus de Vítor Pereira está em uma questão familiar. A esposa e os filhos dele seguem morando em Portugal, principalmente por causa de um problema de saúde da sogra de VP, que tornaria "impossível" uma mudança de país —esta foi a palavra que ele usou no mês passado. Neste contexto, o Corinthians pede paciência à torcida até que o assunto seja tratado da melhor maneira.

Duílio Monteiro Alves repetiu ontem que esta indecisão de momento não impacta o planejamento para 2023. O argumento é que neste ano a temporada acaba antes, ainda em novembro — devido à Copa do Mundo do Qatar —, o que significa um mês a mais de intervalo até a estreia na próxima temporada. Enquanto isso, independentemente de quem seja o treinador em janeiro, o próprio Vítor Pereira opina sobre possíveis contratações, renovações de contrato ou dispensa de jogadores para o ano que vem.