Custo alto e 24 horas de viagem. O desafio para ver o Fla em mais uma final
Ter a chance de acompanhar do estádio uma final de Copa Libertadores é o sonho de todo apaixonado por futebol. Experiência única, mas que desde 2019 não tem sido nada fácil para a maioria dos brasileiros, já que, por opção da Conmebol, a decisão passou a ser em jogo único e em campo neutro.
Mas há também quem acompanhou o Flamengo nas decisões diante do River Plate, em Lima (PER), e do Palmeiras, em Montevidéu (URU), e já está no Equador para ver o duelo com o Athletico-PR. É o caso do publicitário Diego Regal, de 37 anos, que viajou por mais de 24 horas entre Belo Horizonte e Guayaquil.
BH, Cidade do Panamá, Quito e finalmente Guayaquil. O tempo estimado de viagem era de 20 horas, mas com os atrasos que são comuns em aeroportos, foram 24 horas — entre a saída da capital mineira e o desembarque na cidade que vai receber o Flamengo para mais uma decisão continental.
Apaixonado pelo Rubro-Negro, o mineiro Diego Regal contou ao UOL Esporte como foram as viagens anteriores para Lima e Montevidéu, e os desafios para percorrer alguns milhares quilômetros para ver o Fla em mais uma final de Libertadores.
"A logística é bastante difícil. Sair de Belo Horizonte, passar pela Cidade do Panamá, depois por Quito e só depois para Guayaquil. Todos os hotéis estavam esgotados, a procura foi difícil. Todos esses sites de hotéis que a gente conhece no Brasil não tinham mais vagas, então eu consegui por uma plataforma. E, mesmo assim, foi muito caro, porque é tudo em dólar. Acho que foi um tiro no pé da Conmebol ao levar uma final entre times brasileiros para um país muito longe, para uma cidade com pouca rede hoteleira e que está passando por um momento com muita violência. Agora também tem o problema do vulcão, que voltou a ficar ativo. Deixa todo mundo apreensivo, sem saber se vai atrapalhar ou não. Mas antes preocupar com o vulcão do que com o Furacão", disse Diego.
Além da hospedagem, tem também o custo do ingresso, da alimentação, das passagens e tudo que envolve uma viagem interacional. Para acompanhar o Flamengo pela terceira vez numa decisão fora do Brasil, Diego estima que vai gastar entre R$ 10 mil e R$ 12 mil, valor exato que ele só vai confirmar após retornar ao país. Preço semelhante ao que gastou quando foi para Lima, em 2019, e um pouco mais do que custou a viagem para Montevidéu, no ano passado.
"Eu aproveitei e estiquei a viagem. Na viagem para Lima, eu aproveitei para ir até Machu Picchu e Cuzco, então ficou em uns R$ 12 mil. Já na segunda, para Montevidéu, o custo foi de R$ 8 mil mais ou menos", contou Diego, que para acompanhar a final do ano passado foi até a divisa do Rio Grande Sul com o Uruguai e depois completou a viagem com um carro alugado.
Vale a pena?
A pergunta que fica é: vale a pena gastar todo esse dinheiro para acompanhar o time do coração numa decisão continental?
Para Diego Regal a resposta é positiva. Além de aproveitar para fazer turismo, ele relembra dos gols de Gabi diante do River Plate, na histórica virada de 2019.
"Eu estava atrás do gol do outro lado. Ali, naquele segundo gol, quando o Diego Ribas dá aquele chutão que alguns falam que foi um lançamento, eu não estava entendendo o que estava acontecendo. E quando o Gabigol virou o jogo, foi a maior emoção que já senti na minha vida. Toda vez que assisto de novo aqueles três minutos que viramos o jogo, eu me arrepio de novo."
"A torcida do Flamengo compareceu em peso, muito mais do que a do River. Lima é uma cidade muito grande, mas o pouco que conheci lá foi muito bacana. Também conheci flamenguistas de todos os cantos do Brasil e até de outros países. Eu fui sozinho em 2019 e fiz amizades lá, conheci pessoas que se tornaram meus amigos", completou.
Já experiente em finais de Libertadores fora do Brasil, Diego também sabe apontar os pontos negativos, como o aumento dos preços das passagens aéreas após a confirmação da cidade que receberá a decisão.
"Assim que a Conmebol decide o lugar, o preço da passagem dispara. Para ir até Montevidéu não custa mais de R$ 1,5 mil, e às vezes você até acha por R$ 800, mas estava saindo por até R$ 8 mil no ano passado", disse o rubro-negro Diego, que gostaria dever a Libertadores novamente decidida em duelos de ida e volta.
"Claro que ter a experiência de ir a outro país, conhecer uma nova cultura, um novo estádio, sempre é válido. Ainda mais na América do Sul, que eu acho que o brasileiro viaja pouco pelo continente e tem lugares maravilhosos para conhecer. Mas nossa realidade é outra, pelo tamanho do continente, os preços das passagens e o poder de compra do nosso salário. Aqui não é nada igual à Europa. Então, pensando no lado turístico, é bacana, mas pensando no torcedor, no cara que dá duro para acompanhar o Flamengo, esse cara não consegue viajar", analisou.
"A Conmebol precisa rever isso. Ou fazer a final em países mais próximos. Afinal, são brasileiros e argentinos que chegam normalmente, então levar para um lugar tão longe quanto o Equador é complicado. Ou então voltar com a final em ida e volta. Vamos ter uns 12 mil torcedores do Flamengo aqui. Se fosse no Maracanã, seriam mais de 70 mil. Lá na Arena da Baixada seriam mais de 40 mil torcedores do Athletico", completou.
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