Selo Caju: Athletico revela escola de goleiros com seleção, final e Europa
O ditado popular do futebol que afirma que um grande time começa por um grande goleiro nunca foi tão seguido à risca como recentemente no Athletico Paranaense. A escola de goleiros catapultou o Furacão a outro nível no cenário nacional e até internacional. Prestes a disputar a final da Libertadores com o terceiro a carregar o 'selo Caju' de qualidade, o Rubro-Negro da Baixada vê seus goleiros brilharem na seleção e até na Europa.
Weverton pode não ser formado no CT do Caju — casa da base do Furacão — mas ganhou projeção no clube. Contratado em 2012 da Portuguesa, logo mostrou toda sua capacidade. Ficou na meta do clube até 2018, quando foi vendido ao Palmeiras.
O sucessor foi Santos, que participou das conquistas da Sul-Americana e da Copa do Brasil. Com passagem pela base do clube paranaense, ele deixou a Arena neste ano, vendido ao Flamengo.
Teria, então, chegado a hora de contratar? Nada disso! A escola de goleiros manteve sua sucessão com Bento, que aos 23 anos é incontestável na meta atleticana.
"Foi muito gratificante ter trabalhado com os três. Foi um trabalho de seis anos. Com Weverton entre 2013 e 2017, depois com Santos neste período de 2013 em diante até o início de 2019. Enquanto isso, o Bento sempre esteve segurando o treino, mesmo muito jovem, desde os 15 ou 16 anos já participava dos treinamentos com os profissionais, amadurecendo, ganhando experiência e mais conteúdo com a equipe profissional. Isso deve ter ajudado muito ele nesta caminhada agora", contou Luciano Júnior, coordenador dos preparadores de goleiros da base e preparador de goleiros do sub-20 do Palmeiras, e que trabalhou com o trio no Athletico (na foto abaixo).
"A que se deve essa sequência de bons goleiros? Vou dar crédito para o trabalho da preparação de goleiros. Quero falar do excelente trabalho dos professores Felipe Faria e Marcelo Grimaldi, preparadores do Athletico. Eu fico muito feliz de ter participado e hoje acompanhando à distância a evolução deles", completou em entrevista ao UOL Esporte.
Seleção brasileira
Não é apenas pelos feitos no gol do Athletico que o trabalho ganhou destaque. Weverton é atualmente o terceiro goleiro da seleção brasileira comandada por Tite e tem presença praticamente garantida na Copa do Mundo do Qatar. Santos também já foi convocado para defender o Brasil e pode ser citado hoje como quarto na lista de opções para a meta verde e amarela.
Weverton e Santos, por sinal, foram os goleiros titulares dos dois ouros olímpicos da seleção brasileira conquistados em 2016, no Rio de Janeiro, e em 2021, em Tóquio.
"O Bento tem potencial de chegar lá também. Se não me falha a memória, é o único sub-23, nascido em 99, jogando entre os grandes brasileiros, em final de Libertadores, semi de Copa do Brasil. Então, tem potencial, sim, e a tendência é que evolua cada vez mais", contou Luciano.
Retorno financeiro, técnico e Europa
Weverton deixaria o Athletico ao fim de seu vínculo, mas acabou rendendo R$ 2 milhões aos cofres do clube em pagamento feito pelo Palmeiras para antecipar a chegada. Santos, por sua vez, foi comprado pelo Flamengo por aproximadamente 3,5 milhões de euros (R$ 19 milhões na cotação atual).
E eles não foram os primeiros. Neto, atualmente no Bournemouth, da Inglaterra, e Guilherme, do Lokomotiv, da Rússia, também foram formados no Caju. Ambos também possuem passagem por seleções. Neto na brasileira e Guilherme, que tem dupla nacionalidade, pela Rússia.
Formação que orgulha
O processo de sucessão foi importante. Santos perceber que na saída de Weverton teria seu espaço, e Bento entender que sua chance chegaria logo em seguida foram fatores que elevaram o nível de disputa e contribuíram para o crescimento de cada um deles.
"Quando você tem grandes goleiros trabalhando no mesmo ambiente, no mesmo grupo, a tendência é que um ajude o outro a evoluir. O nível de treino é alto e isso faz com que todos cresçam. Com certeza, a disputa sadia que existia entre Weverton e Santos fez com que todos evoluíssem e levasse a exigência do treinamento para o alto. O Bento também surfou nessa onda de ver os mais velhos e experientes treinando junto. Isso deu o caminho e muitos atalhos para ele. Por isso, mesmo com pouca idade mostra essa maturidade, por este convívio com grandes atletas", contou o preparador de goleiros atualmente no Palmeiras.
"É um orgulho e uma felicidade muito grande ter trabalhado com eles. Eu sou um treinador de goleiros que me criei na formação. Percebi em determinado momento que podemos transformar a vida das pessoas através do esporte. É um orgulho gigante ver esses atletas neste nível e saber que nosso trabalho ajudou significativamente na projeção deles. Este orgulho dá energia para continuar estudando e desenvolvendo meu trabalho agora aqui no Palmeiras", finalizou Luciano.
A final da Libertadores, neste sábado (29), pode bem ser vista como um duelo entre 'criador e criatura'. De um lado, Bento, o último da 'fábrica' de goleiros do Furacão, de outro Santos, seu antecessor que agora joga pelo rubro-negro do Rio de Janeiro.
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