Topo

Libertadores - 2022

Fla se frustrou por Pablo, mas acertou com Gabigol e viu nascer um ídolo

Gabigol, atacante do Flamengo, e Pablo, atacante do Athletico-PR - Colagem de fotos de Alexandre Loureiro / Staff images /Conmebol e Jorge Bevilacqua /Código19/Estadão Conteúdo
Gabigol, atacante do Flamengo, e Pablo, atacante do Athletico-PR Imagem: Colagem de fotos de Alexandre Loureiro / Staff images /Conmebol e Jorge Bevilacqua /Código19/Estadão Conteúdo

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

29/10/2022 04h00

A final da Libertadores coloca em lados opostos jogadores que, mesmo que indiretamente, tiveram os destinos cruzados e poderiam ter tido histórias diferentes nas últimas temporadas. Pablo, atacante do Athletico-PR, esteve na mira do Flamengo, mas assinou com o São Paulo. O clube da Gávea, então, apostou as fichas em Gabigol e concretizou o acerto.

De lá para cá, os atacantes trilharam caminhos distintos, e se encontram em Guayaquil, no Equador, na disputa do título mais importante da América do Sul.

A história começa ainda em 2018. À época, Pablo era um dos destaques do Athletico-PR campeão da Copa Sul-Americana e chamava a atenção do mercado da bola.

O Rubro-Negro demonstrou interesse, iniciou conversas e chegou a apontar uma proposta de 7 milhões de euros (R$ 31 milhões, na ocasião). O Furacão, porém, recusou os valores, e os cariocas saíram da negociação. Em dezembro daquele ano, Pablo foi anunciado pelo São Paulo com um vínculo até o fim de 2022, após transação que envolveu 6 milhões de euros (R$ 26,6 milhões na cotação da época) e mais um milhão de euros a depender de metas cumpridas.

A contratação do atacante, inclusive, é a mais cara da história do Tricolor paulista.

"Fico arrepiado só de pensar que vou jogar no São Paulo. Iniciamos as conversas já faz algum tempo, o São Paulo sempre foi minha primeira opção pelo projeto que me foi apresentado, pela história do clube. Depois que acabou a Sul-Americana, conversei com o meu pai e com o pessoal que trabalha comigo, eles me perguntaram o que eu queria e eu falei que queria o São Paulo. É uma alegria enorme, pela história, por tudo o que o clube representa", disse, ao site oficial do clube.

Sem Pablo, o Flamengo voltou ao mercado e pôs a mira em Gabigol, que estava no Santos, clube onde foi criado, por empréstimo da Inter de Milão, da Itália. Após as primeiras especulações, o jogador foi recebido com carinho pela torcida no Jogo das Estrelas, organizado por Zico, e as tratativas ganharam força.

O Rubro-Negro anunciou o camisa 9 em janeiro de 2019 — após um vídeo do jogador com a camisa do clube vazar —, com contrato de empréstimo de uma temporada, e arcando com os salários, que giravam em torno de R$ 1,2 milhão.

"Flamengo é um clube gigante, com a maior torcida do Brasil, e farei de tudo para ser feliz com essa camisa, que também é reconhecida no mundo inteiro. Essa Nação me inspira e espero comemorar muitos gols ao lado deles", comentou Gabigol, em nota publicada pela empresa que gerencia a carreira.

Gabigol virou ídolo

Gabigol "namora" a taça da Libertadores após conquista - Cris Bouroncle/AFP - Cris Bouroncle/AFP
Imagem: Cris Bouroncle/AFP

Na primeira temporada no Flamengo, Gabigol se tornou nome fundamental nas conquistas do Carioca, Brasileiro e, principalmente, Libertadores, quando marcou dois gols na virada sobre o River Plate, da Argentina.

Rapidamente, o camisa 9 caiu nas graças da torcida e se tornou ídolo na Gávea, com direito à famosa frase "Hoje tem gol do Gabigol". Com produtos especiais, como boneco, se tornou o rosto da atual geração.

Em janeiro de 2020, após certa novela, o Flamengo acertou a compra dos direitos econômicos do atacante junto à Internazionale de Milão, e assinou contrato por cinco anos.

Para ficar com o jogador, o clube topou pagar um pouco além da proposta inicial — 16 milhões de euros — e se aproximar dos 18 milhões de euros (R$ 83,5 milhões) que os italianos pediam.

Com a camisa rubro-negra, Gabigol ainda conquistaria o Brasileiro de 2020, a Copa do Brasil 2022, a Supercopa do Brasil de 2020 e 2021, Recopa Sul-Americana de 2020, e Carioca de 2020 e 2021.

Além disso, atingiu importantes marcas, como ultrapassar Zico como maior artilheiro do Flamengo em Libertadores, com 27 gols.

Pablo "flopou" e voltou

Pablo comemora gol do São Paulo contra o Vasco pela Copa do Brasil - MAURíCIO RUMMENS/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - MAURíCIO RUMMENS/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MAURíCIO RUMMENS/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

A passagem de Pablo pelo São Paulo, por outro lado, não foi marcante como esperado inicialmente. Após um início no qual foi titular e marcou alguns gols, não conseguiu ter o mesmo brilho que chamou a atenção do Tricolor.

Integrou o elenco campeão do Paulista em 2021, mas, ainda assim, oscilou bastante e não caiu nas graças da torcida. Em três temporadas, foram 121 jogos, com 32 gols marcados e 11 assistências — tendo sido artilheiro em dois anos.

Após cumprir uma das metas em contrato, houve uma renovação que fez com que o contrato passasse a ser válido até o fim do ano que vem. Em janeiro, houve um acordo entre as partes para a rescisão. O São Paulo ficou com 30% dos direitos econômicos do atacante, que aceitou abrir mão do que tinha a receber e exigiu apenas o pagamento de R$ 2,5 milhões que o clube o devia.

Em uma carta de despedida, Pablo admitiu que a passagem no Morumbi não foi como planejava e lembrou o avô, torcedor do Tricolor.

Em fevereiro, Pablo retornou ao Athletico-PR. Até aqui, foram 42 jogos e 11 gols, participando da importante campanha do time na Libertadores.