Landim defende diretora e esposa após post: 'Tem direito de se posicionar'
Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, falou, na tarde de hoje (2), sobre a publicação que Ângela Machado, diretora de Responsabilidade Social do clube, fez nas redes sociais, na qual usou insinuação pejorativa aos nordestinos. O mandatário rubro-negro defendeu que ela, que é sua esposa, tenha o direito de se posicionar e salientou o trabalho que vem sendo na pasta.
Na última segunda-feira, dia seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, Ângela postou. "Ganhamos onde produz, perdemos onde se passa férias. Bora trabalhar porque se o gado morre, o carrapato passa fome".
A publicação gerou reações de parte da torcida e grupos de sócios, que fizeram questionamentos à cúpula e pediram o afastamento da funcionária.
Landim participou do programa "Papo Reto", que é comandado por Benjamin Back, no YouTube. Antes de encerrar sobre o assunto, o presidente do Fla foi questionado sobre os pedidos de retratação por parte do clube, e afirmou que a postagem foi uma decisão de "foro íntimo" e que Ângela tem o direito de "agir e pensar como quiser".
"O problema não é meu, o problema é da minha mulher. Eu acho que ela tem o direito de se posicionar, e ela vai falar o que ela quiser. Vontade dela. Ela é uma pessoa física e tem o direito de se posicionar como ela quiser. É uma decisão de foro íntimo dela. O fato dela ser minha mulher, o fato de você ter sua esposa, seu filho... Cada um tem o direito de agir e pensar como ela quiser. Ela ajuda o Flamengo e faz um trabalho lindo no Flamengo, mas já entendi o recado e a demanda", disse.
Anteriormente, Landim defendeu a atuação da esposa à frente da pasta de Responsabilidade Social, ressaltando que ela é nordestina. Ele também avaliou que "em um país meio complicado, com posicionamentos políticos de um lado e do outro, e, às vezes, as pessoas ficam com os ânimos exacerbados".
O mandatário rubro-negro indicou que "de uma forma um pouco distorcida, no instagram dela, ela repostou uma mensagem que ela recebeu", e que teria ficado "um pouco impactada por achar que poderia ter uma volta do mesmo tipo de política assistencialista de entregar o peixe, mas não da vara para que as pessoas possam, de fato, se desenvolver".
Veja a declaração na íntegra:
"A Angela, minha esposa, para quem não sabe, é nordestina. Foi nascida, criada e morou no Nordeste, em Aracaju, até os 28 anos de idade. A Angela escolheu como objetivo de vida ajudar as pessoas e, para isso, fez formação universitária na área de Serviço Social, e trabalhou a vida inteira como voluntária, ajudando ONG's a cuidar de pessoas. Fez isso a vida inteira, por onde ela passou me seguindo pelo país. E quando eu fui ser presidente do Flamengo, criei três vice-presidências novas no Flamengo. A primeira delas foi uma de Embaixada e Consulados porque o Flamengo é muito grande e eu queria que o Flamengo ficasse próximo do seu torcedor. O Flamengo tem mais de 40 milhões de torcedores e, destes, acho que pouco mais de 8 milhões estão no Rio de Janeiro. A Maioria fica fora do Rio. Então, criei essa vice-presidência para procurar estreitar esse relacionamento com todos os rubro-negros, muitos deles no próprio Nordeste.
A segunda vice-presidência que criei foi a de Responsabilidade Social. Isso porque a gente acreditava muito na qualidade do trabalho técnico que a gente ia desenvolver e acreditava muito no sucesso esportivo que isso ia trazer. Mas a gente queria que o torcedor do Flamengo não fosse orgulhoso do clube não apenas pelo resultado esportivo que o clube iria ter e está tendo. A gente também queria que o torcedor ficasse orgulhoso que o clube é uma instituição cidadã, voltada para a sociedade. Aproveitei o fato de ter em casa uma pessoa que passou a vida inteira fazendo isso e a coloquei como diretora da área social do clube. Mas são inúmeras as ações que fizemos. A gente saiu do zero nessa área e fizemos várias coisas importantíssimas, que acho que tem ajudado também muito ao torcedor do Flamengo não ter orgulho apenas pelo resultado do time, mas também pelas dezenas de ações que a gente vem fazendo. E a Ângela tem sido meu braço operacional juntamente à equipe que trabalha com ela.
O que acabou acontecendo desse post... Essa é uma das coisas que as pessoas me cutucam: 'Presidente, você não tem Twitter, não tem Instagram, não tem coisa nenhuma'. Não mexo nessas coisas de rede social (risos), até porque às vezes faz um movimento desse e faz um barulho desgraçado.
A gente vive em um país meio complicado, com posicionamentos políticos de um lado e do outro, e, às vezes, as pessoas ficam com os ânimos exacerbados com essas coisas, aí posta e tal. Mas ali acho que foi um pouco... O fato de a Ângela ter passado a vida inteira dela trabalhando e amar o Nordeste do Brasil... Ela continua viajando para lá várias vezes ao ano, para rever os familiares e centenas de amigos que tem lá. Ela sempre foi muito preocupada com a situação do Nordeste e sabendo do grande potencial que o Nordeste tem, e sempre o Nordeste não conseguindo... Aí vou falar da visão política dela, de nunca ter tido, vamos dizer assim, uma estrutura política voltada de fato ao desenvolvimento sustentável, que envolvesse a educação do povo. Isso traz muito sofrimento para ela, como nordestina e sabendo do enorme potencial que a região tem.
Ela começou a ver, mais recentemente, ações que foram feitas, discussões que tínhamos há décadas no país de fazer, por exemplo, a transposição do Rio São Francisco, obras que começaram a serem feitas e terminadas agora, e ela ficou... Na visão pessoal dela naquele momento, ficou um pouco impactada por achar que poderia ter uma volta do mesmo tipo de política assistencialista de entregar o peixe, mas não a vara para que as pessoas possam, de fato, se desenvolver.
Aí, de uma forma um pouco distorcida, no instagram dela, ela repostou uma mensagem que ela recebeu. Foi isso que aconteceu. A Ângela, para vocês tem uma ideia, é uma pessoa extremamente religiosa, uma católica praticante fervorosa. Pessoa que adora as pessoas. Diria que, dentro do Flamengo, é uma unanimidade, os funcionários adoram. Pessoa adorável para quem a conhece. Esse movimento todo deixa ela muito chateada. Isso, no fundo, foi quase que um desabafo. E ao contrário, um desabafo por ver a terra que ela tanto ama, talvez, não venha a ter, nos próximos anos, o destino que ela gostaria que tivesse
A gente está vivendo um momento do país meio complicado, de muita polarização. Vou dizer como eu vejo. Por mais que a gente tente manter a política partidária fora dos clubes, um clube com o Flamengo, uma verdadeira nação, acaba sendo afetado por isso. Um clube como o Flamengo tem de tudo, é plural, tem pessoas de todas as raças, credos e todas as ideologias políticas. E tem de ser assim porque o Flamengo é uma verdadeira nação, temos de nos respeitar e estar juntos.
Esse grupo deve ter umas quatro pessoas. Claramente, por todo o posicionamento que ele tem e pelas colocações que faz nas reuniões de conselho, é uma pessoa que tem um viés político claro. Existem grupos, exatamente pela força que o Flamengo tem, pela penetração política que toda e qualquer declaração que alguém possa ter no Flamengo, possa acabar afetando milhares de pessoas, sonham em assumir o poder do Flamengo e transformar em plataforma política, seja de um lado ou seja de outro. E o nosso trabalho é tentar fazer o seguinte: o Flamengo é apolítico, tem de congregar todas as correntes. É a visão que eu tenho.
O problema não é meu, o problema é da minha mulher. Eu acho que ela tem o direito de se posicionar, e ela vai falar o que ela quiser. Vontade dela. Ela é uma pessoa física e tem o direito de se posicionar como ela quiser. É uma decisão de foro íntimo dela. O fato dela ser minha mulher, o fato de você ter sua esposa, seu filho... Cada um tem o direito de agir e pensar como ela quiser. Ela ajuda o Flamengo e faz um trabalho lindo no Flamengo, mas já entendi o recado e a demanda"
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