'Quarta opção', Abel unifica títulos de ídolos históricos do Palmeiras
Há exatos dois anos e um dia, em 2 de novembro de 2020, Abel Ferreira chegava ao Brasil para ser técnico do Palmeiras. "Venho para fazer história aqui, para ganhar títulos", disse o treinador. Ele cumpriu a promessa e agora faz parte das páginas que registram as conquistas mais importantes nos 108 anos de clube. E não apenas pela grandiosidade, mas também pela variedade.
Agora dono de um Campeonato Brasileiro, o português já tinha na prateleira duas Libertadores (2020 e 21), uma Copa do Brasil (2020), uma Recopa Sul-Americana (2022) e um Campeonato Paulista (2022).
De tudo que disputou com o Alviverde, o português de Penafiel só não venceu ainda a Supercopa do Brasil e o Mundial de Clubes —foi vice de ambos em 2021.
O curioso é lembrar que ele foi a quarta opção do clube depois de as aproximações com Miguel Ángel Ramirez, Jorge Sampaoli e Gabriel Heinze não progredirem.
A lista de conquistas de Abel faz com que ele possa ser considerado uma "mistura perfeita" dos técnicos mais vitoriosos dos últimos trinta anos de Palmeiras.
Com suas conquistas, Abel tornou-se uma espécie de "Vanderlei Scolari" ou "Felipe Luxemburgo". Ele reúne agora as principais conquistas dos dois idolatrados veteranos.
Luxa ganhou cinco Paulistas (1993, 94, 96, 2008 e 2020) e dois Brasileiros (1993 e 94) pelo Palmeiras. Mas não conquistou a Libertadores —não passou das oitavas com o Alviverde— e a Copa do Brasil (foi vice em 1996).
Felipão conquistou uma Libertadores (1999), um Brasileiro (2018) e duas Copas do Brasil (1998 e 2012). Mas, no Paulista, tem só o vice de 1999.
Ganhar Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, Paulista e Recopa, só mesmo Abel.
Dos títulos de Felipão e Luxemburgo, Abel só não conquistou dois campeonatos que não são mais disputados. O Rio-São Paulo, que Luxemburgo conquistou em 1993, e Felipão, em 2000, foi extinto. Bem como a Copa Mercosul, levantada por Scolari em 1998.
O português mais palmeirense do mundo
Há muitas maneiras de se mensurar a importância histórica de um personagem, mas o mais comum é avaliar seus feitos e realizações. Na história de um clube de futebol, títulos têm o maior peso nessa análise, mas não são a única medida. Em especial para os técnicos.
Há os que são grandes pelo tempo de clube. Outros, por marcas atingidas, pela identificação com o espírito da torcida ou pelo estabelecimento de um modo de se pensar futebol. Algo revolucionário, que dá ao time, por aquele momento de parceria, com ecos futuros, uma qualidade de encantamento.
Abel preenche todos os quesitos. Há duas temporadas no Palmeiras, ele já é o treinador que mais comandou o time na nova casa, o reformado Allianz Parque.
Poucas vezes um comandante soube assimilar tão bem a essência do palmeirense. O descontrole, o grito, a desconfiança, as manias e superstições. A paixão.
Cunhou o lema "Todos somos um". Fez do "Avanti, Palestra!" um mantra que denota, inclusive, uma reverência à história verde. Transformou o gesto com os dedos nas têmporas, pedindo para os jogadores terem "a mente fria", sem perder o "coração quente", uma liturgia no campo e nas arquibancadas.
Na coletiva do título, já nos primeiros minutos da madrugada de hoje (3), Abel recordou: "Tive que trabalhar muito, porque toda gente desconfiava 'quem era este Tuga que vinha do PAOK' [da Grécia]."
Agora, com títulos e reconhecimento que ultrapassam as fronteiras do Brasil, o treinador recebeu ao menos 15 propostas concretas desde que chegou ao Palmeiras, como revelou o Mercado da Bola, aqui no UOL. O treinador é cotado até mesmo para a seleção brasileira, assunto debatido pela presidente do Palmeiras Leila Pereira.
Talvez por isso o treinador tenha feito questão de cravar uma nova promessa: "Tenho contrato [mais dois anos] e minha intenção é cumpri-lo. Como te disse, me sinto muito bem aqui". O palmeirense fica tranquilo, afinal Abel já mostrou que tem palavra.
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