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Cria do Inter foi chamado de 'mini D'Ale' e hoje busca recomeço no interior

Guilherme Teixeira em ação pelo Passo Fundo, clube que defende atualmente - Dayana Giacomini/BH Foto
Guilherme Teixeira em ação pelo Passo Fundo, clube que defende atualmente Imagem: Dayana Giacomini/BH Foto

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

04/11/2022 04h00

Imagine o que significa para um jovem que está nas categorias de base buscando seu espaço no time principal ser chamado de um apelido que remete ao principal ídolo recente do clube. Foi exatamente isso que aconteceu com Guilherme Teixeira no Internacional. Na época em que vestia a camisa vermelha, era chamado de 'mini D'Ale', em alusão ao argentino Andrés D'Alessandro. Mas o destino não o levou a brilhar com a 10 do Colorado.

Teixeira fez parte de uma geração de jogadores da base do Inter cujo expoente era Andrigo. Além disso, trabalhou com nomes como Charles (volante), William (lateral direito), Iago (lateral esquerdo), Léo Ortiz (zagueiro), Juan Alano (meia), Gustavo Ferrareis (atacante), Rodrigo Dourado (volante), Eduardo Bauermann (zagueiro), entre outros na base.

E foi das características nos times de formação que veio o apelido que tanto o orgulhou.

"O apelido surgiu numa brincadeira, começaram a comparar pelo estilo de jogo. Meia, baixinho, muito técnico, então, o pessoal brincava que eu era argentino porque era muito raçudo. Foi muito legal. O D'Alessandro é um ídolo do Inter e ser comparado com ele me mostrou que o trabalho estava sendo bem feito e que eu estava no caminho certo", disse Guilherme ao UOL Esporte.

"Eu gostava, não me sentia pressionado. Quando se faz um bom trabalho, se dedica, isso é um reconhecimento. Ele é um ídolo, e ser chamado de mini D'Ale mostra que teu trabalho está sendo reconhecido. Eu ficava muito feliz e não me pressionava, não", completou.

Cria do interior

Guilherme com D'Alessandro e Oscar no Beira-Rio - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

O início da carreira de Guilherme Teixeira aconteceu no interior gaúcho. Natural de Passo Fundo, distante cerca de 230 quilômetros de Porto Alegre, ele chegou ao Colorado após se destacar num torneio de base. Inicialmente se deslocava periodicamente entre sua casa e a capital para ser acompanhado. E depois passou a permanecer em Porto Alegre.

"Cheguei no Inter depois do Gauchão que joguei na escolinha da minha cidade [Vila Nova, de Passo Fundo]. Chegamos na final. Jogamos três partidas contra o Inter naquele campeonato. Ganhamos na primeira fase, e depois na semi, perdemos no Beira-Rio e precisávamos ganhar por três gols de diferença em casa. Nós fizemos 4 a 0 e eu fiz dois gols. Depois do jogo me convidaram para ir para lá e fazer o campeonato em janeiro de 2009. Como eu era muito novo, meus pais não deixaram em ficar. Voltei para minha cidade e a cada três meses eu ficava 15 dias lá para verem minha evolução", contou.

"Meu início no Inter foi muito legal. Era um sonho de menino. Eu só queria saber de jogar futebol, tinha 12 anos, saí da escolinha da minha cidade para um clube gigante. Treinava e via os profissionais ao meu redor. Era uma criança no parque de diversões. Além de ter a primeira experiência morando sozinho, na cidade grande. Foi muito bom", completou.

Fim do sonho no Inter e recomeço "em casa"

Porém, nem tudo ocorreu como esperado. A mudança de direção após a queda do Inter para Série B do Brasileiro, em 2016, ocasionou o desligamento de vários jogadores que estavam completando processo nas categorias de base. Entre eles, o 'mini D'Ale'.

"No ano que o Inter caiu houve mudança de direção em toda base, em todo futebol. O pessoal começou a trazer outros jogadores, que conheciam. Infelizmente, acabou estragando o trabalho de quatro ou cinco anos. Eu tinha companheiros há cinco anos juntos, num trabalho muito sólido e importante. Infelizmente, o futebol tem isso. As pessoas chegam e querem acabar com o que está construído, o que está sendo feito. A maioria estava pronto para transição entre base e profissional. Não falo que todos dariam certo, mas se não tivesse essa mudança, o Inter teria revelado muito mais jogadores", lamentou.

Depois do Colorado, o apelido ficou para trás. Guilherme passou por Figueirense, Sampaio Corrêa, Cianorte e "voltou para casa". Hoje, aos 24 anos, está no Passo Fundo, clube de sua cidade.

"Fizemos uma baita campanha no sub-20 do Figueirense, com Brasileiro, Copa do Brasil, Brasileiro de Aspirantes. Depois jogamos a Copinha de Santa Catarina e fui escolhido melhor meia da competição", contou.

"Estou feliz de retornar para minha cidade depois de 12 anos, jogar no time da minha cidade e marcar história aqui. Se tudo der certo, é a primeira vez que o clube será campeão, e de um campeonato de expressão. Ainda será a primeira vez que o clube vai para Copa do Brasil. Marcar história no clube da minha cidade ao lado da minha família será inesquecível. É algo que eu sempre sonhei e, se tudo der certo, vou fazer isso ao lado deles", acrescentou.

O Passo Fundo disputa a final da Copa FGF (Federação Gaúcha de Futebol) com o São Luís. O primeiro jogo da decisão será neste sábado (5), e o duelo de volta no dia 12. Guilherme busca usar a conquista que pode acontecer como trampolim para voltar ao cenário nacional.

"Quero voltar a jogar competições nacionais. Sei que depende muito do meu trabalho. Voltei para o Sul para abrir mercado e poder fazer um Estadual bom. Consequentemente jogar uma Série D, C, B, e até A, por que não? Sei do meu potencial e do que posso render. Trabalhando, vou poder realizar meus sonhos e alcançar os objetivos da minha carreira", finalizou.

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