Além da SAF, o que está em jogo na votação da reforma do estatuto do Santos
Os associados do Santos votam no domingo (6), na Vila Belmiro ou online, pela reforma do Estatuto Social. A nova "constituição" do Peixe foi aprovada pelo Conselho Deliberativo e agora passa por Assembleia Geral. As mudanças só serão aprovadas se 2/3 dos sócios votarem "sim".
Um dos principais temas é a permissão para o Santos virar uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol). A última atualização de 2011 já previa a venda de um percentual do clube, mas o texto não era claro como pode ser agora.
O possível novo estatuto diz que o Santos "pode constituir sociedade, de qualquer tipo, ou deter participação societária em sociedade que tenha como objeto a prática esportiva profissional". A SAF precisaria da aprovação do Comitê de Gestão, Conselho Deliberativo e associados e teria prazo de seis meses para ser estudada, desenvolvida e colocada em votação.
Rueda é contra SAF
O novo estatuto facilita a criação de uma sociedade anônima no Santos, mas o presidente Andres Rueda não gosta da ideia. O mandato dele termina em dezembro de 2023.
Rueda entende que o Peixe pode buscar investidores, mas não "se vender" no mercado. O mandatário acredita que a história do Santos não tem valor.
"Na SAF, uma instituição que foi criada com 100 anos, com sacrifício de seus sócios, com tijolo por tijolo, que sobreviveu a tantas coisas... E simplesmente vender isso? Não é minha posição, eu não concordo. Eu respeito a posição de cada clube, mas não é o melhor caminho. Agora, você ter investidor no clube é bom, que você possa passar para ele uma coisa que a maioria dos clubes não sabe fazer: gestão de clube e gestão de futebol. Através de um acordo de acionista, eu acho a melhor posição. Quando descobrimos por três anos que a gestão foi horrível, o máximo que conseguimos é expulsar o presidente. E daí? O dano já foi feito. Quando passa a governança por alguém que já conheça, ele passa ser fiscalizado por um banco central. Tenho certeza de que vai mudar de patamar", opinou, em entrevista recente.
"Eu jamais serei o presidente que vendeu o Santos", prometeu.
Tempo para voto
O tema mais polêmico é a mudança no tempo como associado para poder votar nas eleições do Santos. O período subiria de um para três anos. O UOL Esporte ouviu de conselheiros que essa pauta pode barrar a aprovação do estatuto.
A medida não teria impacto na eleição de dezembro de 2023, pois o direito adquirido seria mantido, mas teria peso importante no pleito de 2026. Muitos entendem que aumentar o tempo mínimo para voto pode diminuir a adesão ao Sócio Rei.
Menos cartolas
O novo estatuto do Santos diminuiria os membros do Comitê de Gestão, colegiado que toma as principais decisões do clube. O CG seria diminuído de nove para cinco membros: presidente, vice e mais três conselheiros.
O presidente Andres Rueda é a favor da medida e, atualmente, já está com o Comitê de Gestão desfalcado. O atual colegiado é formado por Rueda, o vice José Carlos de Oliveira e quatro membros: Dagoberto Oliva, Rafael Leal, Renato Hagopian e Thomaz Côrte Real.
O Conselho Deliberativo também seria reduzido. Não haveria mais conselheiros efetivos a partir de 2024 (os atuais se mantém) e o número total cairia de 300 para 150 eleitos.
Gestões temerárias
O novo estatuto prevê travas estatutárias para impedir ou atrapalhar decisões irresponsáveis no comando do Santos. Recentemente, ex-presidentes tiveram punições brandas.
O presidente seria automaticamente afastado se não cumprir prazos para entrega da proposta orçamentária, planejamento estratégico, contas do exercício anterior, propostas de suplementações orçamentárias ou remanejamento de verbas e documentos solicitados pelo Conselho Fiscal.
O impeachment do presidente poderia ocorrer se o Santos perdesse o Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro) ou deixasse de pagar salários, encargos e direitos por mais de dois meses consecutivos ou alternados.
Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente Andres Rueda, que é contrário à ideia de SAF, valorizou as "travas" para gestões irresponsáveis.
"Com o novo estatuto ficaria mais difícil. Não pode abrir mão de coisas para ganhar eleição. Se eu quisesse agir de má fé ou politicamente, é muito fácil. Hoje em dia está fácil. Hoje você consegue trazer jogador a longo prazo. Posso trazer quatro, cinco jogadores, e parcelar esse valor em 2023, 2024 e 2025. Mas com o estatuto, a prioridade é pagar imposto e salários e não se pode comprometer outras gestões. A grande vantagem, no meu entender, é o estatuto bloquear a ação desenfreada do executivo", avaliou Rueda.
Outras mudanças
O possível novo Estatuto Social também prevê a remoção do associado dependente e custo de 33% da mensalidade para associados com menos de 18 anos. Outras novidades seriam a autorização para uso de distintivos históricos na camisa e a inclusão da coroa do Rei Pelé no topo do distintivo a partir de 2023.
Todas as mudanças, com exceção da redução do Comitê de Gestão, seriam válidas a partir de 2023.
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