Ausência de Coutinho na Copa frustra aposta de Tite na 'retomada' do meia

A lesão que afasta definitivamente a hipótese de convocação do meia Philippe Coutinho para a Copa do Mundo é um desfecho negativo para uma aposta que Tite fez na recuperação do jogador, pensando em usá-lo no Qatar.

O técnico gosta muito do jogador e tentou recuperá-lo quando uma convocação parecia fora da lógica. Só que o "investimento" técnico e psicológico foi barrado pelos problemas físicos — o mais recente, uma lesão muscular no Aston Villa que não será curada a tempo do Mundial. A comissão técnica esperou por Coutinho até o último instante.

Na seleção, o meia impressionou Tite desde o ciclo anterior à Copa 2018 — o jogo mais brilhante foi o 3 a 0 diante da Argentina, no Mineirão. Coutinho foi jogador fundamental na campanha, mesmo depois de ter sido deslocado da ponta para o meio, em uma alternativa para suprir a ausência de Renato Augusto entre os titulares na Copa passada.

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No segundo ciclo, Coutinho se transferiu para o Barcelona e viu seu desempenho desandar. Isso se refletiu no papel exercido na seleção. Mas Tite jamais desistiu dele.

O meia chegou a ser emprestado ao Bayern, por onde foi campeão da Champions. Na volta da experiência na Alemanha, não conseguiu embalar em um problemático Barcelona - que também queria se livrar do alto salário do jogador. Aí, ao fim de 2020, veio o obstáculo mais grave: uma lesão no joelho, que encerrou a temporada e demandou cirurgia.

Coutinho fez um esforço de recuperação ainda no Barcelona no início da temporada 2021-2022, mesmo longe de encantar, foi convocado por Tite em outubro de 2021 para os jogos de novembro daquele ano, contra Colômbia e Argentina. Foi o fim de um hiato de mais de um ano longe da seleção.

Naquela ocasião, Tite via em Coutinho "um grande jogador retomando seu padrão, e é uma oportunidade de ele estar retomando naquela função" de meia, segundo o treinador, na coletiva pós-anúncio da lista. Coutinho sequer foi a campo naquela data Fifa. Em janeiro de 2022, veio nova convocação. Foi lembrado para os jogos contra Equador e Paraguai.

"Ele é um jogador de armação e de conclusão importante que vai retomando seu melhor nível", insistia Tite.

No primeiro compromisso, o meia foi titular. Mas como o Brasil perdeu um jogador expulso ainda no primeiro tempo, Tite sacou Coutinho com 33 minutos de jogo. E até pediu desculpas a ele por isso. No segundo, uma apresentação que deixou Tite muito animado. Coutinho fez um golaço na goleada por 4 a 0 sobre o Paraguai. Àquela altura, um desabafo contra quem desconfiava do seu futebol. O meia se manteve nas listas para os jogos que encerraram as Eliminatórias, contra Chile e Bolívia — fez mais um gol diante dos chilenos.

Tite via que a seleção dava injeção de ânimo a Coutinho. O aumento de confiança reverberou no retorno ao futebol inglês, ainda no começo do ano. No Aston Villa, foram seis meses muito bons, sob o comando de Steven Gerrard, ex-companheiro de Coutinho no Liverpool. O clube comprou o brasileiro em definitivo para a temporada 2022-2023, mas Coutinho voltou a oscilar.

Os problemas físicos já o tinham tirado dos amistosos de setembro, contra Gana e Tunísia. Nesta semana, veio uma lesão muscular que não permitirá recuperação a tempo da Copa do Mundo.

A ausência de Coutinho deixa o caminho mais fácil para Éverton Ribeiro, do Flamengo, e, ao mesmo tempo, abre brecha para uma consolidação de Firmino, atacante que também pode jogar como meia e é classificado por Tite como "híbrido".

A convocação final será feita hoje (7), às 13h. O Brasil se apresenta em Turim, dia 14, e estreia na Copa do Qatar dez dias depois, diante da Sérvia.