O que fez Firmino, Gabigol e outros ficarem pelo caminho na briga pela Copa

Tite convocou hoje (7) os 26 jogadores que vão formar o elenco da seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar. Apesar de não ter muitas surpresas, a lista final decretou o fim do sonho para alguns jogadores que fizeram parte de convocações recentes, como por exemplo Roberto Firmino e Gabigol.

No total foram 88 jogadores convocados desde a Copa do Mundo da Rússia. Desses, 63 tiveram a chance de entrar em campo. Firmino foi quem mais atuou dentre os não-convocados seguido pelo lesionado Philippe Coutinho.

A ausência de Firmino na lista foi uma das decisões que Tite mais lamentou tomar, segundo apurou o UOL Esporte. O treinador da seleção é fã do atacante do Liverpool, assim como toda sua comissão técnica, e os relatos dão conta de que sofreu por não conseguir convocá-lo. Até o último momento, Tite tentou fazê-lo "caber" na lista. Uma espécie de 27º nome na lista de 26.

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Ele é definido nos bastidores como "um 9 que vira 10", porque pode jogar tanto numa faixa avançada do meio-campo, quanto como atacante. Tem articulação e chegada. São características que Tite gosta, mas enxerga mais qualidade em outros jogadores. Rodrygo é um exemplo.

Também há um aspecto físico que explica a ausência de Firmino. Apesar de excelente momento na atual temporada, pesaram contra as recentes lesões que não permitiram sequência de jogos tanto no Liverpool, quanto na seleção, e impediram até mesmo algumas convocações e treinamentos com a Amarelinha. Em um ano, Firmino teve três lesões que lhe tiraram de ação por pelo menos três semanas. Havia uma espécie de sinal amarelo aceso na comissão técnica.

Gabigol e os outros

Por outro lado, e distante do clamor nacional, Gabigol passou longe de entrar na lista de quem vai ao Qatar. Em dado momento do ciclo, a comissão técnica pensou que ele poderia crescer com sequência, mas desistiu depois de quatro jogos consecutivos como titular da Amarelinha. O jogador do Flamengo não conseguiu cativar na seleção, que via outros à frente quando se tratava da função de movimentação para abrir espaços [a chamada "flutuação"] e infiltração no ataque para concluir [que é o "ataque ao espaço"].

A disputa no ataque também passou por Matheus Cunha. O desempenho recente do centroavante tanto no Atlético de Madri, quanto na seleção, jogou contra seu bom rendimento nas Olimpíadas. Ele esteve na última convocação, jogou, mas não brilhou. Na partida seguinte, viu Pedro entrar e marcar. O centroavante torceu, lamentou não ser chamado e agradeceu publicamente pelas mensagens de apoio.

Na lateral esquerda, Alex Telles venceu a disputa com Renan Lodi, que foi o quinto que mais atuou durante o ciclo e não foi convocado. Lodi perdeu espaço no Atlético de Madri, se transferiu para o Nottingham Forest (ING) e tem sofrido com o desempenho coletivo na Premier League. Ele já imaginava que não estaria na lista final e se espelha justamente em Alex Telles para dar a volta por cima como o concorrente fez após ficar fora da lista final em 2018.

Longe dos que mais atuaram, mas um dos favoritos de Tite para a Copa, Lucas Veríssimo perdeu sua vaga por lesão. Ficou um ano fora e só voltou em outubro, fazendo duas partidas pelo time B do Benfica e mais dois minutos em campo com o time principal. Mesmo assim, o zagueiro lutou até o fim pela convocação de Tite e ficou ligado na televisão na hora do anúncio. Tite buscou informações com profissionais do Benfica e levou membros de sua comissão técnica até Portugal, mas escolheu Bremer.

Obrigado aos 84 atletas que fizeram parte deste ciclo. Me dá um aperto no coração, por isso que não durmo direito. Pesa o lado humano. Eu tenho um respeito enorme por cada um que fez e foi decisivo para conquistar nossos números e para esse momento que é a Copa do Mundo. As nossas escolhas foram as mais justas humanamente possível. É difícil, mas há um respeito profissional e humano com cada um deles. Mas mais do que falar publicamente, nosso comportamento no dia a dia com cada um deles importa. Ali você vê se te dão atenção. Escolhas te trazem o peso de deixar alguém fora, respeitando todos."
Tite, durante o anúncio dos convocados

Veja quem atuou durante o ciclo da Copa, mas ficou fora da convocação final:

• Roberto Firmino (Liverpool): 30 jogos
• Philippe Coutinho (Aston Villa): 26 jogos
• Everton Cebolinha (Flamengo): 25 jogos
• Arthur (Liverpool): 22 jogos
• Renan Lodi (Nottingham Forest): 16 jogos
• Allan (Everton): 10 jogos
• Gabigol (Flamengo), Douglas Luiz (Aston Villa) e Filipe Luis (Flamengo): 9 jogos
• Willian (Fulham): 8 jogos
• Matheus Cunha (Atlético de Madri) e David Neres (Benfica): 7 jogos
• Emerson Royal (Tottenham) e Miranda (São Paulo): 6 jogos
• Guilherme Arana (Atlético-MG), Fernandinho (Athletico-PR) e Douglas Costa (LA Galaxy): 4 jogos
• Walace (Udinese) e Gérson (Olympique de Marselha): 3 jogos
• Fagner (Corinthians), Lucas Veríssimo (Benfica), Pablo (Flamengo), Dedé (sem clube), Felipe (Atlético de Madri), Pablo (Flamengo), Edenilson (Internacional), Renato Augusto (Corinthians) e Bruno Henrique (Flamengo): 2 jogos
• Neto (Bournemouth), Rodrigo Caio (Flamengo), Ibañez (Roma), Paulinho (Corinthians), Matheus Henrique (Sassuolo), Lucas Moura (Tottenham), Andreas Pereira (Fulham), Felipe Anderson (Lazio), Wesley Moraes (Levante) e Hulk (Atlético-MG): 1 jogo