Campeã, Rebeca almeja resultado com equipe e vê aposentadoria 'mais perto'

Depois de fazer história com o ouro no individual geral e o bronze no solo do Mundial de Ginástica de Liverpool, Rebeca Andrade concedeu uma entrevista coletiva na sede do Flamengo, na Gávea, para celebrar os feitos. Hoje (6), a ginasta mais completa do mundo falou sobre o sentimento de colocar as duas medalhas no peito.

"Me sinto orgulhosa de tudo que fiz. Mesmo com os erros a que estamos sujeitas, não deixar a peteca cair, lutando nas equipes pelo resultado. As medalhas vieram para afirmar o trabalho que temos no clube. Todos ajudam muito. Me sinto orgulhosa e honrada por representar o clube, as pessoas se sentirem espelhadas. Quero continuar sendo isso. O Flamengo foi o lugar onde consegui terminar a lapidação. Cresci muito aqui dentro, as pessoas me conheceram sendo atleta daqui. Crescemos juntos, formei minha história e meu caráter. Se não fosse o Flamengo não teria alcançado o que alcancei. Sou grata por me receberem de braços abertos quando acerto e erro. Quando sofri minhas lesões sempre me deram apoio para continuar brilhando. Todos viam o potencial, a disciplina que temos para treinar. Sou muito grata", disse.

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"Caiu na hora a ficha. Falei 'eita, consegui'. Fiquei muito feliz. Era algo que eu queria muito. Sabia que tinha potencial. Na hora da competição, só estou pensando na apresentação, mas depois que terminei e acertei tudo, falei que tinha dado certo. Fiquei mega feliz e orgulhosa. Há várias gerações, assim como na Olimpíada, esperávamos essa medalha. O Brasil tem os talentos, ser a melhor é muito bom", completou.

Ao lado de Rebeca, várias meninas e meninos representantes da nova geração do esporte acompanhavam a cerimônia e a entrevista. Com brilho nos olhos, não faltaram aplausos a ela, que foi outo e prata nas Olimpíadas de Tóquio. Aos 23 anos, porém, a ginasta diz que o fim da carreira está mais perto do que o início.

"Me sinto honrada de ser espelho. Saber que é possível vencer. A Daiane dos Santos foi isso para mim. Foi em quem me inspirei. A forma como ela me tratou e foi gentil, seguiu sendo em todos os encontros. Vemos o carinho que eles tem com a gente. É bom inspirar e incentivar. Vem do coração. É quem eu sou. Não é um personagem. Me sinto honrada e grata. Espero continuar incentivando. Que a gente cresça muito, quero inspirar elas assim como elas me inspiram", afirmou.

"Não sei quanto tempo vai demorar. Mas enquanto meu corpo aguentar, vou continuar. Me conheço muito, sei que está mais perto do que longe. Quando sentir que tem que encerrar, vou encerrar com orgulho pela minha história no esporte", acrescentou.

Também participaram da cerimônia, o presidente Rodolfo Landim, o diretor executivo de olímpicos Marcelo Vido, Guilherme Kroll, vice-presidente da pasta, e Reinaldo Belotti, CEO do Fla.

Motivações

Depois de chegar ao topo e conquistar tudo que sonhava, Rebeca garante que ainda há motivação. O sonho agora é conquistar a vaga por equipes para Paris 2023 e também a medalha.

"Minha equipe me motiva. Treinar com as meninas, elevar nosso nome na ginástica é algo que eu quero. Temos potencial e trabalhamos para isso. Vai acontecer e vou treinar muito. Não vai faltar esforço e dedicação. Dentro do esporte conquistei tudo que eu queria. Sou grata. O que mais quero é nosso resultado por equipes."

A atleta a ser batida depois de todo sucesso, Rebeca garantiu não se preocupar com a pressão externa para se manter como a melhor.

"Não posso controlar o que os outros querem que eu faça, posso controlar o que posso fazer. Se eu entrar pensando em tudo, não vou focar em fazer minha parte. Como vou conseguir fazer minha apresentação sem focar nisso? Se as pessoas acham que será pressão, problema delas. Faço meu trabalho. Que bom que querem me vencer. Também quero. Tem que ser assim para o esporte continuar sendo bonito, com garra e ao mesmo tempo com leveza. Sou muito tranquila, não estou preocupada com os outros. No ginásio sempre vou dar meu melhor. Me preocupo com a minha mente e meu corpo."

Fim do Baile de Favela

O bronze no Mundial foi a despedida do Baile de Favela, música que fez sucesso no Brasil. Rebeca ainda não definiu qual será a próxima apresentação. Vai tirar o fim do ano para descansar e voltar ainda mais motivada.

"Quando eu era mais nova, participava das escolhas. O atleta tem que gostar para fazer uma boa coreografia. Os dois últimos ciclos, meu coreógrafo fez uma surpresa. Em 2016, eu era vidrada na Beyoncé, e ele fez a mistura das músicas. Agora veio com o Baile de Favela. No começo foi bem diferente, mas a batida da música era boa. Não temos ideia ainda de escolha da música. Espero que ele venha com uma surpresa porque não tenho nada em mente. Vou participar da coreografia, conseguimos colocar coisas que eu gosto"

A conquista completa a campanha de Rebeca Andrade neste ciclo. Ela foi a primeira brasileira a ter duas medalhas nas Olimpíadas, em Tóquio levou o ouro no salto e a prata no individual geral. Neste Mundial de 2022, ficou com o título de campeã do individual geral, o oitavo lugar nas barras e na trave, além da conquista do bronze no solo em sua última apresentação com a música Baile de Favela.