Sócios do Fla acionam MP por Bolsonaro em festa com taça da Libertadores
Um grupo formado por sócios do Flamengo acionou a Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro para que o Ministério Público "promova a devida apuração" do episódio em que o presidente Jair Bolsonaro encontrou-se com o elenco do Rubro-Negro após a conquista da Libertadores. O desembarque da delegação aconteceu no dia do segundo turno da eleição presidencial, e são apontados fatos que iriam contra medidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do estatuto do clube.
Na ocasião, o presidente e então candidato esteve com os jogadores e dirigentes ainda na pista do Aeroporto do Galeão, e tirou fotos erguendo a taça — conquistada após vitória sobre o Athletico-PR. Os registros do encontro foram divulgados pouco depois, principalmente nas redes sociais dos apoiadores de Bolsonaro. A informação foi inicialmente divulgada pelo blog do Lauro Jardim.
Os sócios apontam que "nas mesmas imagens, podem ser identificados dirigentes" e citam Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, Marcos Braz, vice-presidente de Futebol e vereador pelo PL, partido de Bolsonaro, e Ângela Machado, diretora de Responsabilidade Social e Cidadania e esposa do mandatário. Ela, inclusive, gerou polêmica ao fazer uma postagem com uma insinuação pejorativa aos nordestinos no dia seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A informação sobre a movimentação junto ao MP foi publicada, primeiramente, pelo O Globo e confirmada pelo UOL Esporte.
Os rubro-negros salientam ainda "que o encontro entre a delegação do Clube de Regatas do Flamengo e o candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro não se deu de maneira casual ou acidental" e lembram documento protocolado recentemente pelo benemérito Siro Darlan, em que houve o pedido de impeachment de Landim, através do entendimento de que o clube foi usado para propaganda de Bolsonaro.
"Manifestamos alarme face à mistura entre um ato corriqueiro de uma associação civil, qual seja, o desembarque de uma delegação em retorno de viagem, e um ato de campanha externo — ato esse que carrega traços de desconformidade com a legislação eleitoral. Valemo-nos em parte da alentada argumentação do Dr. Siro Darlan (...) aponta que 'no dia da eleição não pode ser realizada propaganda eleitoral' e que o TSE 'dispõe que a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos nesse dia constitui crime', o que enxergamos confirmado no Art. 87, III, da Resolução TSE 23.610/2019, e no Art. 334 do Código Eleitoral", diz trecho da argumentação.
"(...) Não há, em nenhuma linha do regramento interno clube, licença para envolvimento institucional em campanha externa aos interesses da nossa querida associação civil - muito pelo contrário, como já demonstrado. No caso presente, esse laço com uma campanha externa aparece agravado pela temporalidade: o "encontro", na prática um comício tornado público a posteriori, ocorreu e foi divulgado durante o período de votação de uma eleição, onde atos de campanha envolvendo candidatos são proibidos", complementam.
O grupo de conselheiros também salienta que tais atitudes não condizem com o firmado pelas regras do clube:
"Ressalte-se que o Estatuto Social do Clube Regatas do Flamengo, em seus artigos 24 e 50, veda não apenas o uso, o que implicaria algum tipo de ação direta, como o mero envolvimento do nome do Flamengo em campanha estranha aos objetivos do Clube, o que inclui, por uma das definições do verbo 'envolver', 'expor-se a uma situação; enredar-se' (Dicionário Michaelis)".
Assim, solicitam que "sejam apuradas as responsabilidades das pessoas cujas condutas foram descritas e adotadas as providências cabíveis perante a Justiça Eleitoral".
Por conta do segundo turno da eleição, e a pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), o Flamengo não fez atos públicos para celebrar o título.
Logo após o fim do duelo entre Flamengo e Athletico-PR, dirigentes do Flamengo, ainda no gramado do Monumental, em Guayaquil, no Equador, fizeram o número 22 com as mãos, em fotos publicadas em página oficial do clube.
Procurado, o clube não quis se posicionar sobre a ação. A matéria será atualizada em caso de manifestação.
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