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Sócios do Fla acionam MP por Bolsonaro em festa com taça da Libertadores

Presidente Jair Bolsonaro recepciona elenco do Flamengo e levanta taça da Libertadores - Reprodução Twitter Flávio Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro recepciona elenco do Flamengo e levanta taça da Libertadores Imagem: Reprodução Twitter Flávio Bolsonaro

Alexandre Araújo e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP)

08/11/2022 11h18

Um grupo formado por sócios do Flamengo acionou a Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro para que o Ministério Público "promova a devida apuração" do episódio em que o presidente Jair Bolsonaro encontrou-se com o elenco do Rubro-Negro após a conquista da Libertadores. O desembarque da delegação aconteceu no dia do segundo turno da eleição presidencial, e são apontados fatos que iriam contra medidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do estatuto do clube.

Na ocasião, o presidente e então candidato esteve com os jogadores e dirigentes ainda na pista do Aeroporto do Galeão, e tirou fotos erguendo a taça — conquistada após vitória sobre o Athletico-PR. Os registros do encontro foram divulgados pouco depois, principalmente nas redes sociais dos apoiadores de Bolsonaro. A informação foi inicialmente divulgada pelo blog do Lauro Jardim.

Os sócios apontam que "nas mesmas imagens, podem ser identificados dirigentes" e citam Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, Marcos Braz, vice-presidente de Futebol e vereador pelo PL, partido de Bolsonaro, e Ângela Machado, diretora de Responsabilidade Social e Cidadania e esposa do mandatário. Ela, inclusive, gerou polêmica ao fazer uma postagem com uma insinuação pejorativa aos nordestinos no dia seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A informação sobre a movimentação junto ao MP foi publicada, primeiramente, pelo O Globo e confirmada pelo UOL Esporte.

Os rubro-negros salientam ainda "que o encontro entre a delegação do Clube de Regatas do Flamengo e o candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro não se deu de maneira casual ou acidental" e lembram documento protocolado recentemente pelo benemérito Siro Darlan, em que houve o pedido de impeachment de Landim, através do entendimento de que o clube foi usado para propaganda de Bolsonaro.

"Manifestamos alarme face à mistura entre um ato corriqueiro de uma associação civil, qual seja, o desembarque de uma delegação em retorno de viagem, e um ato de campanha externo — ato esse que carrega traços de desconformidade com a legislação eleitoral. Valemo-nos em parte da alentada argumentação do Dr. Siro Darlan (...) aponta que 'no dia da eleição não pode ser realizada propaganda eleitoral' e que o TSE 'dispõe que a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos nesse dia constitui crime', o que enxergamos confirmado no Art. 87, III, da Resolução TSE 23.610/2019, e no Art. 334 do Código Eleitoral", diz trecho da argumentação.

Sócios do Flamengo acionaram Ministério Público para apuração de Bolsonaro em desembarque após título da Libertadores - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

"(...) Não há, em nenhuma linha do regramento interno clube, licença para envolvimento institucional em campanha externa aos interesses da nossa querida associação civil - muito pelo contrário, como já demonstrado. No caso presente, esse laço com uma campanha externa aparece agravado pela temporalidade: o "encontro", na prática um comício tornado público a posteriori, ocorreu e foi divulgado durante o período de votação de uma eleição, onde atos de campanha envolvendo candidatos são proibidos", complementam.

O grupo de conselheiros também salienta que tais atitudes não condizem com o firmado pelas regras do clube:

"Ressalte-se que o Estatuto Social do Clube Regatas do Flamengo, em seus artigos 24 e 50, veda não apenas o uso, o que implicaria algum tipo de ação direta, como o mero envolvimento do nome do Flamengo em campanha estranha aos objetivos do Clube, o que inclui, por uma das definições do verbo 'envolver', 'expor-se a uma situação; enredar-se' (Dicionário Michaelis)".

Assim, solicitam que "sejam apuradas as responsabilidades das pessoas cujas condutas foram descritas e adotadas as providências cabíveis perante a Justiça Eleitoral".

Por conta do segundo turno da eleição, e a pedido do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), o Flamengo não fez atos públicos para celebrar o título.

Presidente do Flamengo, Rodolfo Landim (ao centro) faz o número 22 após o título da Libertadores em Guayaquil - Marcelo Cortes/Flamengo - Marcelo Cortes/Flamengo
Imagem: Marcelo Cortes/Flamengo

Logo após o fim do duelo entre Flamengo e Athletico-PR, dirigentes do Flamengo, ainda no gramado do Monumental, em Guayaquil, no Equador, fizeram o número 22 com as mãos, em fotos publicadas em página oficial do clube.

Procurado, o clube não quis se posicionar sobre a ação. A matéria será atualizada em caso de manifestação.