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Ceni cobra Patrick após reclamação: 'já vi Raí e Müller serem substituídos'

Thiago Braga

Do UOL, em São Paulo

09/11/2022 01h29

Após a derrota do São Paulo para o Inter por 1 a 0, na noite desta terça-feira (8), o técnico Rogério Ceni deu mais detalhes sobre a discussão pública envolvendo Patrick. O meia não gostou de ser substituído no intervalo do jogo contra o Fluminense, no último sábado (5), e reclamou de sempre ser sacado da equipe.

"No intervalo do jogo do Maracanã, resolvi fazer uma alteração. Patrick estava sofrendo para fazer a composição defensiva, e o Fluminense tem bom toque de bola. Ele teve uma reação que não é condizente com um profissional. Então conversamos, ele pediu desculpas ao grupo, à comissão técnica. Foi uma atitude fora do padrão, não tenho problema com jogador reclamar", explicou Ceni.

Na ocasião, o São Paulo vencia o Fluminense por 1 a 0. Mas o time teve um apagão no segundo tempo, viu Cano fazer três gols em 13 minutos e virar a partida para os donos da casa.

No jogo contra o Internacional, o treinador optou por escalar o time sem Patrick, que começou a partida na reserva pela primeira vez em 13 partidas. "A opção de não escalá-lo foi para ter um meio-campo mais consistente, mais forte, não foi por isso. Ele entrou no segundo tempo", continuou Ceni.

O treinador garantiu que a discussão morreu no vestiário. "Nada de eu, ele, vi coisas de outros escritas [falando de briga]. Foi eu, ele, resolvido. Veio para o jogo, entrou. Jogador que não está pronto para sair, não pode fazer parte do grupo. Você faz três, cinco alterações, já vi gente importante ser substituída aqui. Raí, Dodô, Müller, França, Lucas Moura. Isso faz parte do futebol. Ou tem comportamento profissional mais adequado, ou faremos escolhas da nossa vida. Conversamos e segue trabalhando", afirmou o comandante tricolor.

Com a derrota para o Internacional, as chances de o São Paulo conseguir a classificação para a Libertadores do ano que vem são remotas. O Tricolor inclusive pode entrar na última rodada sem a possibilidade de garantir uma vaga na principal competição continental. Caso Atlético-MG e América-MG vençam nesta rodada, o time já não tem mais chances.

O São Paulo encerra sua participação no Brasileirão no domingo, 13, contra o Goiás, fora de casa, às 16h (de Brasília).

Veja outros pontos da coletiva de Ceni

Vaias da torcida

"Eu acho que a manifestação do torcedor é impulsiva e é normal diante de uma derrota. Eu acho que até a gente poderia ter tido um resultado melhor hoje. Nós tivemos as oportunidades de sair daqui com um resultado melhor. Esse final de ano eu acho que foi muito prejudicado pela quantidade elevada de jogadores lesionados e coincidentemente alguns da mesma posição no departamento médico ou suspensos. Então, nesses últimos jogos o São Paulo vinha bem, nas últimas rodadas tinha a segunda melhor campanha, nas últimas dez rodadas do campeonato até o jogo contra o Atlético-MG. Enfrentou adversários mais fortes. Nessas duas últimas rodadas, não teve à disposição boa parte do elenco que tem e por isso não conseguiu os resultados que a gente esperava. Mesmo podendo ter vencido o Atlético, mesmo podendo hoje ter oportunidade. Se o gol tivesse validado aquele gol acho que a gente teria condições totais de virar o jogo. E sobre a torcida eu eu já fui vaiado aqui em 2004. Faz parte. Eu acho que isso a gente tem que absorver da melhor maneira possível e aqueles que continuam dar sequência no trabalho, trabalhar ainda mais forte e tentar fazer um time mais competitivo do que foi esse ano."

Reformulação em 2023

"Honestamente, quem se expõe no futebol é complicado. E eu acabo me expondo bastante na linha de frente é sempre mais difícil. Aqui a gente tem que ter mudanças e alguns jogadores que finalizam seu contrato. Nós não vamos dar sequência, eu acho que o time precisa diminuir sua folha salarial. Nós tentamos ajustar e novas contratações eu espero eu espero que sejam feitas com características é num perfil que a gente primeiro possa concretizar essas contratações e nós vamos tentar, eu acho que nós precisamos, se nós quisermos chegar longe, no ano que vem, nós precisamos ter um time mais mais forte, com um pouco mais é de experiência ou então"

"Ou se faz um time forte, investe-se, arruma gente que queira investir no São Paulo e nós trazemos jogadores para tornar o São Paulo mais forte e competitivo ou investimos em jogadores mais jovens e temos objetivos mais modestos aí pro ano que vem. Esse ano eu sei que nós não vencemos campeonatos, mas eu digo que foi um ano em que nós competimos muito bem, tivemos muito próximo de um título importante que mudaria toda a programação do ano que vem"

Como será o time no ano que vem

"O Campeonato Brasileiro será um campeonato muito mais difícil do que foi esse ano. Para nós conseguirmos repetir o que as pessoas julgam não ter sido um ano bom logicamente por não ter sido campeão. Quem foi campeão aqui? Foi Flamengo e foi Palmeiras, correto? Foram os campeões deste ano, exceto os estaduais. Foram campeões esse ano os dois times que tem talvez têm o maior investimento e maior qualidade realmente de atletas. Então ou se faz um investimento modesto em jogadores jovens, promessas e arriscas com salários menores e aí nós vamos tentar diminuir essa dívida que o clube tem. Ou nós investimos em jogadores mais prontos já pra tentar pra tentar ser um time competitivo pra tentar ter chances de ser campeão? Porque senão é difícil".

Atrasos nos direitos de imagem atrapalham o ambiente?

"Vou ser sincero com você. Por exemplo, eu estou em qualquer situação que os atletas estejam, a comissão técnica passa junto, tá?".

"E eu não acredito que jamais qualquer atleta entre dentro de campo pra jogar noventa minutos com qualquer resquício de um momento de dificuldade financeira. Não acredito. Não tem como você separar. O que nós temos que tentar melhorar é a situação e o clube acho que a diretoria está se esforçando para colocar tudo isso em dia".

Vazamento da história com Patrick para desestabilizar o trabalho?

"Pode acontecer sim, pode acontecer. Você não agrada a todos dentro de uma empresa da qual você toma muita decisão. Você pode não agradar a todos, mas eu repito, eu trabalhei no Flamengo e vazava a escalação, vazava tudo. Eu trabalhei no Cruzeiro e acontecia a mesma coisa. Então, assim, eu não vejo como uma surpresa, não vejo nada disso. Tenho a minha consciência super tranquila no meu trabalho. Confio muito no trabalho que toda a comissão técnica faz. Trabalho moderno, trabalho atualizado. É um trabalho que tanto que um dos caras que trabalhou comigo hoje é treinador do Queens Park Rangers, da Inglaterra. Eu trabalho com gente com conceito de fora. Foi contratado mais um profissional que trabalhou no Porto, fez toda a formação. Nós temos todos os profissionais de alto nível, os treinamentos são feitos, posso garantir pra você em alto nível".

"Então assim tomar decisões. Essa é uma parte muito difícil pra todo mundo. E até falei pra eles [diretoria] que até pra se retirar um treinador também é necessário tomar decisões e não há problema nenhum. Eu acho que é compreensível. A primeira vez que eu saí daqui eu fiquei muito chateado porque foi uma sacanagem muito grande o que foi feito aqui. Mas eu entendo completamente quando se opta por isso. Há vários clubes que se reergueram se mantendo treinador. Há outros clubes que se reergueram numa troca de treinador. Então assim, não vejo problema nenhum, tenho um diálogo muito franco, muito aberto, uma relação boa com todos eles. Se eles acreditarem que a gente pode fazer o melhor pelo clube, nós vamos estar aqui todo dia tentando fazer coisas boas. Vamos olhar mais uma vez na base, se tem um ou dois jogadores que possam se incorporar ao elenco profissional. Temos condições de trazer e fazer um time forte porque eu tenho duas opções. Ou você faz um time muito barato, corre-se riscos e diminui dívidas. Ou você faz um time muito forte, se torna competitivo, tenta ganhar títulos, que eu acho que é o caminho mais correto. E através dos títulos, se ganha dinheiro, a imagem, se valoriza a camisa, valoriza patrocínio e você tenta ressurgir."

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