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Diniz vê taça possível com Flu 'intruso' entre os clubes de maior orçamento

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

10/11/2022 04h00

O Fluminense contrariou alguns prognósticos do início da temporada e, semanas após ter disputado a semifinal da Copa do Brasil, chega à última rodada ainda na luta para ser o segundo colocado do Brasileiro, campeonato que outrora se colocou como postulante à taça. O técnico Fernando Diniz falou sobre o fato de o Tricolor ter sido "Intruso" entre clubes com orçamentos maiores e melhores estruturas e afirmou que há possibilidade de alcançar o topo do pódio mesmo no atual cenário.

O treinador citou a própria caminhada do time das Laranjeiras em 2022 como exemplo, mas admitiu que se sai algumas casas atrás, apontando para o poderio de Flamengo e Palmeiras no mercado da bola, e citou "trabalho no limite".

"Esse ano tivemos a possibilidade [de ser campeões]. Imagina se o Nonato e o Luiz Henrique ficam até o final? Ia ter mais chance, porque em determinado momento... O Luiz Henrique é extremamente diferente, quando ele saiu é mais ou menos como o Arias está jogando hoje. Jogadores extremamente diferentes que decidem jogos. Tivemos uns seis, sete pontos por causa do brilho dele. Teria algumas partidas que, certamente, teria nos salvado. Nonato também teve o brilho, que era diferente, de melhorar quem estava do lado. Para o Fluminense é mais difícil [vencer], mas tem jeito. Eu sempre acredito que tem jeito. Tem de trabalhar muito, dependemos muito mais de trabalhar no nosso limite", disse, após vitória sobre o Goiás.

"No mundo do capital, quando se tem dinheiro, no futebol mais especificamente... O Flamengo está aí, quando está tudo ruim está em quarto, quinto, porque com um orçamento, chutando, na casa dos R$ 30 milhões, traz o Cebolinha, que foi o melhor jogador da Copa América, para ser opção no banco. O Vidal para ser opção no banco, ia vir o Oscar, vai voltar o Gerson... Então, saem na frente. O Palmeiras também tem uma estrutura financeira muito boa, o mesmo treinador, uma estrutura física com tecnologia de ponta. Esses caras saem na frente, mas não quer dizer que o Fluminense não possa competir, como competiu esse ano. Só que a gente tem que trabalhar muito, no limite", completou.

Ao fazer um balanço do que viveu nesta segunda passagem como treinador do Fluminense, Diniz indicou frustração por não ter conseguido levantar taça, mas salientou "alegria muito grande" justamente pelo clube das Laranjeiras ter incomodado em uma conjuntura desfavorável. Em meio à resposta, o treinador citou também "temporada de elogios"

"A expectativa maior não foi alcançada porque era ganhar, ao menos, um dos campeonatos que a gente tinha chance, principalmente a Copa do Brasil, onde estávamos perto de fazer a final com chances reais de título. No Brasileiro, o Palmeiras fez um campeonato muito consistente. Pontuação que o Fluminense pode terminar já deu título brasileiro, eu acho. Tem uma frustração por não ter ganho, mas, ao mesmo tempo, uma alegria muito grande pelo orçamento do Fluminense, as dificuldades que a gente tem de competir com equipes mais bem estruturadas financeiramente e também fisicamente, acho que fizemos uma temporada digna de muitos elogios. Os jogadores se empenharam muito, tivemos uma conexão instantânea", afirmou.

Um dos pontos que fez o Fluminense engrenar na atual jornada foi o equilíbrio entre o desempenho e os bons resultados. Ao falar sobre a relação com a torcida, o comandante tricolor lembrou 2019, quando ganhou a confiança da arquibancada mesmo quando a caminhada não estava dentro do esperado.

"Tenho conexão muito forte com a torcida do Fluminense, sempre falo isso muito mais por causa de 2019 do que agora. Com as vitórias, tudo é bonito no futebol, se exagera, não se vê defeito. Em 2019, a torcida reconheceu em mim coisas que as pessoas que militam no futebol não conseguiam enxergar. Tinha uma emoção que passava para o torcedor, e ele queria que desse certo. Ficavam divididos entre a frustração dos resultados negativos e o orgulho de ter um time que encarava, com todas as dificuldades daquele momento. O trabalho foi muito bom. Temos uma mania no Brasil de achar que só o que ganha é bom", lembrou.

Sob os olhares de Diniz, a evolução e competitividade do Fluminense passa muito por Xerém, onde o clube tem as divisões de base. Há conversas para a renovação de contrato e a ideia da diretoria do clube é justamente implementar um estilo que vá além do profissional e atinja as categorias inferiores.

"Sempre falei que gosto muito do elenco e de ajudar na construção dos jogadores. O Martinelli de hoje não é o mesmo do Martinelli de quando cheguei aqui. O Nonato quando saiu não era o mesmo de quando cheguei. O Alexsander não é mais o mesmo, o Arias também... Então a gente vai construindo os jogadores, e eles ficam extremamente competitivos. A gente tem hoje um jogador genial que é o Ganso, outro que na minha opinião é muito acima da média que é o Arias, tendo o artilheiro do Brasil, da América do Sul e talvez do mundo, que é o Cano. É um trabalho construído, muito forte coletivamente, mas é uma coletividade trabalhada para que os indivíduos possam brilhar. Tenho certeza que na base tem mais jogadores que vão vingar daqui a pouquinho".

"Essa fábrica de Xerém é um dos grandes pilares do Fluminense. Não vamos trazer o jogador pronto, mas lapidar, investir, incentivar para que tenha outros André, Martinellis, Alexsanders, porque acho que tem. E pontualmente contratar. Não adianta contratar um monte de jogador. Não temos dinheiro para trazer o Gerson como o Flamengo tem. É tudo um trabalho mais difícil, quase que investigativo", complementou.

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