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Técnico do Botafogo lembra ano e se emociona após vitória: 'Alma feliz'

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

10/11/2022 23h59

O técnico Luís Castro não escondeu o sorriso no rosto após a vitória do Botafogo por 3 a 0 sobre o Santos, nesta noite (10). Emocionado, o treinador lembrou os percalços que o Glorioso teve ao longo da temporada e salientou que a equipe ainda vai enfrentar uma decisão contra o Athletico-PR, na última rodada do Campeonato Brasileiro. O comandante português chegou a citar a canção "Canta, Canta Minha Gente", de Martinho da Vila e indicou que 'a vida está melhorando'.

O Alvinegro alcançou o G8 e depende apenas das próprias forças para conseguir se classificar para a Libertadores do ano que vem. No domingo, vai à Arena da Baixada.

Após o triunfo sobre o Peixe, jogadores e comissão técnica do Botafogo foram saudar os torcedores. A relação entre campo e arquibancada, inclusive, foi lembrada em algumas oportunidades da entrevista coletiva do treinador.

"Teve uma ligação forte entre todos, cada um sabia da missão que tinha de cumprir e cumpriram com perfeição. Tivemos uma falha ou outra, mas isso é do jogo. Para mim é um orgulho, um prazer enorme treinar o elenco que eu tenho. Foram sempre muito dignos ao longo de toda a temporada. Debaixo de muito trabalho, de momentos difíceis, nunca viraram a cara. Deram sempre a cara, o corpo, a ambição, a coragem. A fama vai e o prestígio fica", disse.

"A fama de um título, de uma vitória vai com o tempo, mas o prestígio que conquistamos de uma forma tão digna, honesta, entendendo tudo que aconteceu à nossa volta... Jogadores se mantiveram serenos e entenderam o caminho. Só demonstra o prestígio que conquistamos ao longo da competição através do trabalho. Parabéns aos jogadores, estafe, torcida e toda a família do Botafogo por jogar tão junto ao final de uma temporada. Aconteça o que acontecer no domingo. Nós não festejamos nada em concreto, nos despedimos de uma torcida. Soubemos entender tudo. Hoje fizemos uma despedida junto à nossa família, foi isso que significou tudo que fizemos ao final da partida", completou.

Questionado sobre como foi ouvir a torcida gritar o nome ao fim do jogo, Luís Castro lembrou momentos em que o Alvinegro não passava por uma bom momento e ele não estava feliz por "não conseguir retribuir a confiança" que torcida e diretoria haviam depositado nele.

"Não é fácil encontrar palavras. As emoções geram sentimentos e não é fácil encontrar palavras para descrever esse sentimento, o quanto é reconfortante ver o nosso trabalho sendo reconhecido. Uma recompensa do meu trabalho é ver os jogadores felizes, administração feliz, torcida feliz. Corro atrás desses momentos em toda a temporada, infelizmente, em alguns momentos, não conseguimos. Me senti responsável por isso. A minha consciência estava em paz, mas eu não estava em paz porque não estava conseguindo retribuir tudo que estavam de nós. Mas para falar de tudo que aconteceu hoje, teríamos de passar por um conjunto de acontecimentos. Mas é um sentimento de alegria em ver o reconhecimento do trabalho. Hoje gostei muito que gritassem o nome porque lutei sempre muito para sair daqui com algum trabalho feito", afirmou.

Ele se classificou como um comandante emocional e disse que, hoje, a alma está feliz, indicando quase que um permissão de que as emoções podem tomar conta após o triunfo. Mas, por outro lado, salientou que amanhã pela manhã já inicia o trabalho para enfrentar o Athletico-PR:

"Escolhi vim para o Botafogo. Estava em um clube que tinha contrato, tive outras propostas. Em certos momentos, estive desencantado por não poder retribuir a confiança que depositaram em mim. E isso foi oscilando, fomos uma equipe irregular e ficamos mais satisfeitos, menos satisfeitos, mais tristes, mais felizes, e isso andou ao sabor dos resultados. Sou um treinador muito emocional, lidero de forma emocional. Se tiver de chorar com eles, choro. Se tiver de rir, eu rio, não tem problema algum. Isso nos distingue. Uma coisa é o treino do Luís Castro no banco, outra coisa é no vestiário e quando esta com os jogadores. Uma alma que andou em altos e baixos, mas se encontra me paz, aconteça o que acontecer. Temos uma montanha enorme para escalar, temos exemplos de que já conseguimos diversas vezes, mas tem de ser mais uma escalada extremamente difícil. Essa alma ficar feliz, a alma da família do Botafogo está feliz. Amanhã é outro dia. Vamos, pelo menos nessas horinhas, deixar que os sentimentos tomem conta de nós. Amanhã, no treino de manhã, já olhamos para o outro jogo. Mas vamos dormir em cima desta vitória e amanhã começamos a treinar".

Luís Castro também foi lembrado que ele havia citado, em uma oportunidade anterior, a música "Canta, canta minha gente", do Martinho da Vila.

"'A vida vai melhorar'... Vai melhorando (risos), mas sabemos os perigos dessa vida. Quando achamos que estamos no céu, pisamos em um buraco e vamos parar no inferno. Mas, até hoje, está melhorando, a equipe foi se construindo. Tivemos nossos percalços e a vida melhorou", assegurou.

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Atuação do time

"Acho que na pergunta há uma palavra fundamental que é como montou "a equipe". Muito mais importante que qualquer jogador é a equipe, as dinâmicas, a concentração que a equipe tem que ter em alguns momentos do jogo. Tudo isso foi perfeito hoje. Quando preparamos sabíamos que era uma semifinal. Para ir à final precisávamos vencer hoje. Felizmente o time entrou bem no jogo. Foi um time que foi montado para atacar o gol do adversário com as devidas cautelas defensivas. Não podíamos ter todos os jogadores empolgados para atacar. Teríamos que ter aqueles focados no equilíbrio do time para ter tranquilidade para atacar. E o time cumpriu isso à perfeição".

Mesmo em crise, dizia olhar para cima

Eu olhava sempre para cima, mas com retrovisor para ver o que vinha abaixo (risos). No futebol, temos que desconfiar de tudo. Já são muitos anos ao serviço dele e já nos ensinou muita coisa. O grupo tem valores dentro dele que não pode abdicar: coragem, respeito, determinação e responsabilidade. Tudo isso teve sempre muito presente no grupo. Olhava para cima e trabalhávamos muito. Lembro de dois momentos em que tivemos quatro derrotas seguidas. Foram momentos difíceis porque todos queriam nos matar. Parabéns à administração e ao John Textor por apoiar durante toda temporada quem eles escolheram para ser treinador.

Quando vejo um colega meu ser demitido depois de ser escolhido por ter determinado perfil, é sempre um momento ruim para o futebol. Eu estar no cargo depois desses momentos difíceis é um exemplo que o Botafogo deu a todo o futebol brasileiro. - Se olharmos para os times que caíram, todos trocaram de treinador. O que adiantou? A solução é essa? O treinador é o único que tem que aguentar a pressão? Felizmente a administração aguentou. Parabéns a todos, porque apesar de muita coisa difícil que passamos na temporada, [o estádio] nunca esteve vazio. Sempre teve muita torcida. A vitória vai para os meus jogadores, para a administração e para toda a torcida do Botafogo.

Chegam mais fortes à última rodada?

"Estamos fortes. Nesse momento, quem não gosta tanto de nós vai falar sobre vitórias contra o Avaí e Goiás, não que ganhamos do Atlético-MG fora, do Flamengo fora. Nós jogamos em um primeiro momento para ficar na Série A. Aconteça o que acontecer no domingo, os meus jogadores são fantásticos, honestos e fizeram uma campanha ótima. Sempre andamos com o carinho da torcida. Isso não nos faltou apo longo da temporada. Estiveram presentes, sentimos o carinho, sentimos a dureza em alguns momentos. Essa dinâmica é como um pai e um filho. O pai gosta muito do filho, mas em alguns momentos é duro com ele. Vamos chegar fortes, como o Athletico-PR vai chegar forte. Em uma final não há favoritos. Vamos disputar de peito aberto, em uma final pode acontecer tudo".

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