Com barba aos 14 anos, ex-Palmeiras questionou o próprio pai se era 'gato'
Luiz Gustavo tinha só 14 anos quando foi passar um mês treinando no time B do Arsenal. Era dezembro de 2008. O jovem zagueiro brasileiro se viu perdido na Inglaterra, não falava inglês, mas se destacou em campo. Foi tão bem que os ingleses desconfiaram que ele era "gato" — expressão para se referir a um jogador que altera a idade para parecer mais jovem. E pior: o próprio jogador ficou preocupado com essa possibilidade e perguntou ao pai dele, José Luiz: "fala a verdade, sou gato ou não?".
O zagueiro de 28 anos (de verdade) conta que chegou ao Arsenal numa época que não havia times das categorias de base. Era o time principal, com estrelas como Van Persie e Cesc Fàbregas, e o time B, com jovens de até 23 anos. Luiz Gustavo, com 14, era o mais novo.
"Eu fiquei um mês treinando lá, treinando muito bem e chamando atenção. Na época, tinha um pouco de barba, era pouca, mas para idade já tinha barba, e eles desconfiaram que eu era gato. Resolveram fazer um exame de osso para conferir a idade, se era 14 anos mesmo. Quando falaram isso para mim, falei que queria falar com meu pai antes", disse.
E aí o defensor falou com o pai: "Liguei para o meu pai chorando, apavorado: 'Fala a verdade para mim aí, sou gato ou não?'. Ele perguntou se eu estava doido. Eu disse que ia fazer o exame, que se eu fosse gato ia acabar com a minha carreira. Ele falou que me registrou na data certa, nem antes nem depois, mas eu já estava chorando. Eu disse: 'se eu for gato, me fala que já pego as coisas e vou embora'. Eu fiz o exame, aí acabou constando que eu tinha a idade certa, e continuei treinando".
Tudo resolvido, idade comprovada, mas Luiz Gustavo resolveu voltar para o Brasil. Ele não conseguia ficar longe da família. Quase 15 anos depois, o zagueiro diz que se arrepende de não ter tentado continuar na Inglaterra.
"Com 14 anos, eu não tinha dimensão da importância que seria estar em um clube como o Arsenal. Hoje, com a cabeça que eu tenho, me arrependo, sim. Não fiquei porque eu não ficava longe da minha família. Foi um fator que pesou bastante", afirmou.
"Uma coisa era estar em Mirassol, que era 50 minutos de distância da minha família, e outra seria estar na Europa. Dava 13 horas de viagem de avião. Isso pesou bastante para mim e fez com que eu optasse por não ficar. Não cheguei a ter proposta, mas depois disso eu mesmo decidi que queria voltar porque acreditava que a minha adaptação seria muito mais difícil e complicada."
De volta ao Brasil, o defensor defendeu o Palmeiras na base. Ele se profissionalizou pelo clube alviverde em 2012, mas colecionou empréstimos até deixar a equipe de forma definitiva em 2017.
Depois, passou por clubes como Vasco e Goiás e acertou com o Mirassol para a disputa da Série C de 2022. Luiz Gustavo conseguiu o acesso para a Série B com o título da terceira divisão. O contrato com o clube do interior paulista vai até o fim do ano que vem.
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