'Novo' sub-20 do Santos tenta quebrar jejum em final contra o Corinthians
O time profissional do Santos derrapa no Campeonato Brasileiro, mas o sub-20 vive grande momento e tem a chance de quebrar um longo jejum do Peixe hoje (12), na Vila Belmiro.
O Santos enfrentará o Corinthians, às 15h, pela grande final do Campeonato Paulista Sub-20, com portões abertos para a torcida. Na ida, o Peixe venceu o rival por 2 a 0 na Arena Barueri e ficou perto do primeiro título da categoria desde 2014.
Naquele ano, o Santos venceu a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Desde então, o sub-20 revelou vários jogadores, mas não levantou taças. Em 2022, a categoria voltou a ser protagonista.
O Peixe perdeu para o Palmeiras na final da Copinha, em janeiro, e agora está perto do fim da temporada com outra decisão. Esse troféu coroaria a reformulação da base.
Ricardo Luiz, ex-Cuiabá, chegou para comandar a base do Santos em fevereiro. E uma das primeiras ações do chefe foi enxugar o sub-20, que chegou a contar com mais de 50 atletas.
A ideia de Ricardo foi privilegiar os mais técnicos e facilitar os treinamentos com cerca de 30 jogadores à disposição. Muitos foram dispensados e dúvidas foram levantadas, mas o sub-20 cresceu de rendimento.
"Até pela nossa estrutura, não era possível ter 50, 55 jogadores no sub-20. Foi difícil cortar, mas fizemos uma grande avaliação e enxugamos o elenco. Privilegiamos os melhores e fizemos com que cada um pudesse receber atenção da comissão técnica. Todos, sem exceção, foram utilizados nesse Campeonato Paulista. E agora temos a oportunidade de fechar a participação com chave de ouro nessa final", disse Ricardo Luiz, em entrevista ao UOL Esporte.
Para chegar nessa final, o sub-20 precisou superar duas dificuldades principais: a ausência do técnico Orlando Ribeiro e o "empréstimo" de jogadores para o elenco profissional.
Quando Lisca pediu demissão, em setembro, o presidente Andres Rueda não encontrou um substituto ideal e promoveu Orlando, do sub-20, até o fim do Campeonato Brasileiro. Com ele, subiu também o preparador físico Juliano Dutra e o auxiliar Claudiomiro já havia sido pinçado por Lisca. A categoria, então, precisou se adaptar com profissionais do próprio clube. Antônio Carlos Buião assumiu e levou o time à final.
Outra barreira foi conciliar as decisões do Paulista Sub-20 com a ajuda ao time profissional. Miguelito, por exemplo, subiu e voltou para ajudar a base, assim como os zagueiros Jair e Derick, o lateral-esquerdo Kevyson e o meia-atacante Weslley Patati.
"Chegarmos à final depois dessa adaptação mostra como o trabalho tem sido bem feito. Nós não fomos ao mercado buscar reposição, nós apostamos na nossa estrutura interna. Como profissionais do sub-20 subiram, os do sub-17 ajudaram o sub-20 e fomos ajustando, sempre com muito diálogo. O Buião faz um ótimo trabalho, assim como fazia o Orlando. E pudemos chegar à final mostrando a qualidade dos profissionais que o Santos também revela nas comissões técnicas", comemorou Ricardo Luiz.
Dentre os destaques desse time, um deles é simbólico: Ivonei. Camisa 10 e um dos capitães, ele estava sem espaço no elenco profissional e pediu para jogar na base para manter o ritmo e tentar convencer o clube a dar nova chance no time principal.
A frustração de Ivonei após não se firmar no grupo profissional virou destaque individual e artilheiro da equipe. Agora, a expectativa é ser reintegrado.
"Esse exemplo do Ivonei é muito bom. A transição da base ao profissional é complexa, existem casos de maturação tardia e nem todos sobem jovens e ficam, como Ângelo e Marcos Leonardo. O Ivonei viveu a rotina de profissional, jogou e depois não se manteve. Partiu dele a ideia de jogar no sub-20 e ele virou um excelente reforço. Está com 20 anos e voltou a ter prazer de jogar", contou Ricardo, o chefe da base santista.
Alívio para o presidente
O sub-20 é o maior caso de sucesso no Peixe, mas a base do Santos tem chegado a finais também nas outras categorias. Antes um calcanhar de aquiles, o departamento tem dado resultados
O presidente Andres Rueda valoriza demais o trabalho de Ricardo Luiz na base, assim como o de Rodrigo de Carvalho, chefe da captação, e Marco Scandiuzzi, assessor especial e não remunerado da presidência.
"A base está redondinha, andando. Agora estamos, pelo menos, chegando em semifinais e finais. Não é que a gente não se preocupe, eu falo com a base todo dia, mas ela já funciona no piloto automático, está andando e eu confio. E não falo apenas em resultados, mas pela credibilidade. Hoje, se você botar seu sobrinho na base, tem que passar pela assinatura de seis caras. Acabou aquela coisa de favorecimento, de padrinhos", falou Rueda, em entrevista ao UOL Esporte.
Uma dívida do presidente é a construção de um novo CT para as categorias de base. A promessa está atrasada há mais de um ano. Rueda tenta contornar a situação e entende que melhorar estrutura seria fundamental para atrair e manter os talentos.
"Nós fazemos melhorias que estão ao nosso alcance no CT Rei Pelé e Meninos da Vila, mas claro que outros clubes estão avançados em estrutura. O presidente sabe disso e está fazendo o que pode por um novo CT. Pais e empresários de atletas podem se impressionar pelas estruturas de outros times, mas aqui nós temos o suficiente e duas vantagens: o carinho com o trabalho e a verdade. Tentamos sobrepor esse déficit em alguns termos de estrutura com muito trabalho", concluiu Ricardo Luiz.
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