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Felipão confirma aposentadoria e cita felicidade com nova fase da carreira

Felipão comanda o Athletico-PR contra o Botafogo em sua última partida como técnico do clube - Gabriel Machado/AGIF
Felipão comanda o Athletico-PR contra o Botafogo em sua última partida como técnico do clube Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Do UOL, em São Paulo

13/11/2022 19h31

O técnico Felipão confirmou, em coletiva de imprensa após a vitória por 3 a 0 contra o Botafogo, que irá mesmo encerrar sua vitoriosa carreira como técnico. Mais cedo, Felipão já havia indicado que será substituído por Paulo Turra no comando do clube rubro-negro.

"Começa-se uma carreira [nova], termina-se [outra] de uma forma muito boa. Fui muito feliz em todas as oportunidades que tive de trabalhar em clubes com jogadores que me deram sustentação nas minhas ideias. Claro que estou muito feliz pela vitória de hoje, mas estou mais feliz porque aquilo que prometemos ao nosso presidente, ao nosso torcedor, que conseguiríamos a classificação pra Libertadores, foi atingido", declarou Felipão, que continuou:

"Mudo de carreira, ainda não sei algumas coisas, mas nessa semana tive a oportunidade de conversar bastante com o presidente, que me expôs algumas situações que tinha um receio muito grande. Compra e venda de jogadores eu não participo, sou só o diretor técnico, sou a pessoa que vai dar uma norma, que vai conversar com os treinadores, discutir situações de jogo futuras, o que precisamos nas categorias de base, e algumas situações que eu tinha muito medo, eu estou fora."

O treinador ainda exaltou a classificação do Athletico-PR para a próxima edição da Libertadores, uma meta que havia sido estabelecida internamente em sua chegada ao clube paranaense.

Posso, quem sabe, começar uma carreira como diretor técnico dentro daquilo que sempre fui como treinador. Queria terminar essa minha passagem como técnico com uma vitória, e acho que hoje foi um dos melhores que fizemos pelo Athletico em nossa passagem como treinador. Culminou que conseguimos o que pretendíamos. Estou muito feliz. Tenho que agradecer todos os jogadores, dirigentes e clubes pela oportunidade. Essa foi a minha vida e termino esse episódio muito bem."

Felipão também esbanjou bom humor ao falar sobre a nova etapa de sua carreira e revelou que é cobrado pelos parentes para aposentar definitivamente e descansar.

"Já tenho 49 anos de casado. Estava vendo filme com a minha mulher outro dia e falei: 'a gente vai ter tão pouco tempo juntos' [após a aposentadoria]. Minha mulher disse: 'pelo amor de Deus, chega'. 40 anos [como técnico] já foi demais, foi ótimo, foi maravilhoso. Vivi tudo que não esperava viver no futebol e completei hoje com a vitória do Athletico e a classificação, que era meu sonho e a promessa que tinha feito pro presidente."

Vamos ver o que vai acontecer. Sou cobrado pelos filhos para parar em tudo, não ser diretor, mais nada, só andar pra lá e pra cá vagabundeando. Não sei se vou conseguir, acho que não, então vou dar um tempinho, ver se consigo ser um diretor correto, bom, porque o Athletico precisa e vai me dar essa oportunidade."

Empilhador de troféus

Felipão não foi um jogador de muito sucesso, mas sempre se destacou pela liderança. Perto do fim da carreira, iniciou a faculdade de Educação Física e o primeiro trabalho como treinador foi na base do CSA, clube onde parou como atleta, em 1980.

Do CSA, Felipão foi comandar o sub-20 do Juventude. Numa excursão do elenco profissional para a Ásia, o técnico Daltro Menezes teve problemas de saúde e Scolari assumiu. O desempenho foi irretocável: sete vitórias em sete jogos. No retorno ao Brasil, foi indicado pelo "fiel escudeiro" Flávio Murtosa e virou técnico do time principal do Brasil de Pelotas no Campeonato Gaúcho de 1983. O Brasil foi finalista daquele ano.

Como deixou boa impressão na excursão, Felipão foi contratado pelo Al Shabab, da Arábia Saudita. Ele foi vice-campeão no país onde trabalhou por três, anos, até voltar ao Juventude. O passo maior foi o convite do Grêmio. E o primeiro título foi o Gaúcho de 1987.

Felipão, técnico do Grêmio - Reprodução - Reprodução
Felipão, técnico do Grêmio
Imagem: Reprodução

Depois de passagem pelo Goiás, Felipão foi campeão na seleção do Kuwait, voltou para o Coritiba e ganhou notoriedade no Criciúma, onde foi o vencedor da Copa do Brasil de 1991. Scolari, então, retornou para o Oriente Médio e dirigiu Al-Ahli e Qadsia. Em 1993, o gaúcho reencontrou o Grêmio. E essa nova passagem foi marcante.

Felipão ganhou seis títulos em três anos e meio no Grêmio, três estaduais, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Na final do Mundial, perdeu para o Ajax (HOL). Em alta no Brasil, veio nova experiência no exterior, agora no Jubilo Iwata. A experiência no Japão durou pouco e o novo desafio seria o Palmeiras, em 1997.

No Verdão, Felipão teve outro trabalho longevo e de sucesso. Ele conquistou novamente a Copa do Brasil e a Libertadores, além da Copa Mercosul e do Torneio Rio-São Paulo. Na final do Mundial, o Palmeiras foi superado pelo Manchester United (ING).

Em 2000, Scolari foi eleito melhor técnico sul-americano por 200 jornalistas em votação do jornal "El País", do Uruguai. Depois do Palmeiras, ele assumiu o Cruzeiro, onde foi campeão da Copa Sul-Minas. E todo esse histórico de conquistas o levou à seleção brasileira em 2001. No ano seguinte, ganhou a Copa do Mundo com 100% de aproveitamento. 16 títulos em 26 finais.

Do Brasil, Felipão foi para a seleção de Portugal e também fez história. Em 2003, levou o time para a inédita final da Eurocopa, com o vice-campeonato para a Grécia. Portugal foi para a Copa de 2006 e esteve entre os quatro melhores. Scolari ficou até 2008, quando aceitou o convite do Chelsea (ING).

No Chelsea, o comandante só durou sete meses e interrompeu a sequência de trabalhos duradouros e vitoriosos. Frustrado, ele rumou para o Bunyodkor, do Uzbequistão. Lá, foi campeão invicto da liga.

Em 2010, Felipão voltou ao Brasil e venceu sua quarta Copa do Brasil. Em 2012, retornou para a seleção brasileira, ganhou a Copa das Confederações e ficou em quarto na Copa de 2014, quando o Brasil perdeu a semifinal para a Alemanha por incríveis 7 a 1.

Felipão orienta Portugal contra a França em 2006, quando perdeu por 1 a 0 - AFP PHOTO/ODD ANDERSEN - AFP PHOTO/ODD ANDERSEN
Felipão orienta Portugal contra a França em 2006, quando perdeu por 1 a 0
Imagem: AFP PHOTO/ODD ANDERSEN

Machucado, Felipão voltou para uma das suas casas, o Grêmio, em 2014, quando foi sétimo no Brasileirão e vice-campeão gaúcho em 2015. Daí veio outra aventura na Ásia, agora no Guanghzou Evergrande, da China. Ele ficou dois anos e meio e conquistou sete títulos.

Em 2018, Felipão dirigiu o Palmeiras pela terceira vez e foi campeão brasileiro. Em 2019, acabou demitido. No Cruzeiro, em 2020, livrou o time do rebaixamento à Série C. No ano seguinte, Scolari voltou para o Grêmio, onde fez um trabalho ruim e foi desligado. E desde maio de 2022, o experiente técnico está no Athletico.

Fiel às suas casas, Felipão alternou entre Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras no Brasil, até que o Athletico de Petraglia insistiu pela sua contratação. Ele chegou como coordenador, mas assumiu o time por período indeterminado e foi ficando, ficando, ficando, até chegar em nova final de Libertadores.