Abel conta, em evento, os 11 mandamentos que explicam sucesso no Palmeiras
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, foi uma das atrações mais concorridas do dia de encerramento do evento "Thinking Football Summit", que aconteceu na cidade do Porto, em Portugal, entre a sexta-feira (18) e o domingo (20).
O treinador, que participou via videoconferência do encontro organizado pela Liga Portuguesa, já que está no Brasil, discutiu sua experiência no futebol brasileiro e os impactos que ele teve no clube, e que o Palmeiras teve em sua formação.
Ele falou também sobre as qualidades dos jogadores das categorias de base do Palmeiras e, além de elogiar Endrick, exaltou Luis Guilherme e Estevão, do Sub-17 do clube.
E entre os tópicos que discutiu, sob o tema "Pilares de trabalho, gestão e liderança" estiveram seus "11 mandamentos", que ele explicou com um campo de futebol, em que cada jogador representava uma das diretrizes. E que estão resumidos abaixo, segundo o jornal português Record:
Veja os "11 mandamentos de Abel Ferreira"
1 - Respeito, união e competitividade
Isso é sagrado. Os jogadores não têm de ser amigos, mas o respeito entre eles têm de existir. Esta união de que falo tem que ver com o treinador, mas também com as lideranças do próprio clube. Os capitães têm a responsabilidade de unir e de guiar o grupo de trabalho. Felizmente, temos, no Palmeiras, líderes de grande caráter e de grande personalidade. Eles ajudam-me muito. A competitividade interna é fundamental para conseguir competitivo contra os teus rivais.
2 - Ataque é criatividade, defesa é organização
O ataque é criatividade dentro de uma organização e ideia de jogo coletiva. A defesa é organização. É na defesa que vejo o caráter e o compromisso de uma equipe. Esta é a minha opinião. Não estou aqui para convencer ninguém, é a minha opinião. É aquilo em que eu acredito.
3 - Fazer o certo nunca é errado
Vou dar um exemplo já que estamos a falar de jornalismo. No final de um jogo, não entendi uma pergunta de um jornalista e dei-lhe uma resposta agressiva e até arrogante. Depois de ter revisto a pergunta e a minha resposta, decidi fazer uma videochamada e pedir desculpa ao jornalista. Muitos disseram-me que não tinha de pedir desculpa, mas senti que fazer o certo nunca é errado. Ele fez uma pergunta normal e eu não a soube interpretar. Não deveria ter falado como falei.
4 - A alma da equipe é o altruísmo
Fui aprendendo como treinador, ao longo destes dez anos. A alma da equipe é o altruísmo. O nosso ego tem de ficar em casa. No futebol há muitos egos, incluindo o do treinador. Ao longo do tempo, aprendi que o ego tem de ficar em casa e que há um bem maior: a equipe. Ninguém está acima da equipe. É bom que os jogadores entendam não só por palavras, mas têm de sentir o que significa deixar o ego em casa e que têm de lutar por algo maior.
5 - Ser a nossa melhor versão
É o que mais peço aos jogadores. Não lhes peço que ganhem jogos. Somos obrigados a ser a nossa melhor versão de forma consistente. É o que exijo aos jogadores.
6 - A estrela é a equipe
É a fundação principal. É uma frase corriqueira, mas os jogadores entendem muito bem. É fundamental os jogadores entenderem o que significa isto no seio de um grupo de trabalho. Este código de honra é partilhado com os meus capitães. Ser capitão traz muitos benefícios, mas também muitas responsabilidades.
7- Renúncias e sacrifícios
Como disse, a defesa é organização e aí que vejo o caráter de uma equipe. É por aí que analiso a minha equipe e o adversário. Temos de fazer renúncias e sacrifícios, sobretudo na nossa vida particular. Os jogadores são muito solicitados para vários eventos, alguns acho que devem ir, mas de outros devem fugir. Não consigo dar o dia e a noite ao mesmo tempo. Muitas vezes, essas renúncias têm de ser feitas para mais tarde colhermos frutos.
8 - Gosto pelo treino e amor pelo jogo
É o que sustenta uma equipe vencedora. É maior que tudo. Quando gosto de treinar, vou sentir-me muito melhor e não vou estar dependente das vitórias. Costumo fazer três perguntas aos meus jogadores no início do ano: se gostam de treinar, de competir e de ganhar. Falo com eles olhos nos olhos. Se demorarem a responder três segundos à primeira pergunta... eles dizem todos que gostam de ganhar, quase todos dizem que gostam de competir, mas treinar? quando não respondem de forma clara ou assertiva, algo precisa mudar.
9 - Todos somos um
Por norma, em cada clube arranjo uma palavra que nos guia. Todos somos um. Ficou evidente dentro do clube e chegou aos adeptos também. Nunca pensei que tivesse tanto impacto.
10 - A vitória é uma espada
Esta frase fica bem na cabeça e no coração dos jogadores. Quando te sentares em cima de uma vitória e de uma conquista? A vitória é como uma espada: vai-te rachar a meio. É bom que os jogadores sintam isso. Às vezes ficamos empolgados e esquecemo-nos das nossas origens, do nosso trabalho e passamos a viver no mundo da ilusão. É nas derrotas que se processam muitas das grandes aprendizagens.
11 - Acreditar sem ver
Acreditar que vamos ganhar antes de conhecer. Aqui fala-se muito em fé, o povo brasileiro é muito religioso, mas isto é acreditar num caminho e num processo. O Lucas Barrios [ex-jogador paraguaio do Palmeiras] esteve aqui a estagiar conosco e pediu-me um conselho. Disse-lhe: "Vais perceber e sentir que queres mesmo ser treinador nas derrotas". Isso é que vai definir se queres seguir ou não esta profissão que é dura, difícil, mas ao mesmo tempo mágica. É nos momentos de solidão que vais entender se isto é para ti ou não.
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