Argentina: brasileiros ex-Arábia veem físico e clima como razões para zebra
Classificação e Jogos
A Arábia Saudita foi a protagonista da primeira zebra na Copa do Mundo ao vencer a Argentina, que desembarcou no Qatar como uma das favoritas ao títulos. Hélio dos Anjos e Candinho tiveram passagens pela seleção saudita e apontam alguns fatores para o histórico triunfo, como uma evolução técnica e física. Além disso, o clima no país-sede do Mundial pode ser um ponto favorável, de acordo com ambos.
O resultado positivo frente aos hermanos foi um feito tão grande que Salman bin Abdulaziz Al Saud, rei da Arábia Saudita desde 2015, decretou feriado nacional no dia de hoje (23).
Um dos brasileiros que tem o nome lembrado no futebol do país é o ex-treinador Candinho, que classificou a Arábia Saudita para a Copa do Mundo de 1994, realizada nos Estados Unidos.
"Os árabes mostraram um futebol até eficiente, jogando sem medo de nada. Agora, uma coisa que ajudou muito é o Qatar é ali do lado da Arábia Saudita, então, tem o clima que eles estão acostumados. Eles estavam se sentindo em casa, pouca gente está reparando isso. Isso, para eles, foi bom, o time se sentiu bem e tranquilo", disse.
"Eu penso que eles podem se classificar com essa vitória em cima da Argentina, porque, além de dar um espírito maior ao time, eles estão jogando no clima deles. O clima do mundo árabe é arenoso e eles estão acostumados. Você pode ver que eles estavam sobrando no fim do jogo fisicamente, e os outros sentem um pouco o "bafo" de lá", completou.
Os árabes triunfaram de virada, com gols de Al Shehri e Al-Dawsari, após Messi abrir o placar. A equipe de Hervé Renard, inclusive, lidera o grupo — México e Polônia ficaram no empate e têm um cada, enquanto a Argentina é a lanterna.
Atualmente na Ponte Preta, Hélio dos Anjos esteve à frente da seleção da Arábia Saudita entre 2007 e 2008, e foi vice da Copa da Ásia, ao perder a decisão para o Iraque.
"Acredito que a Arábia Saudita tenha chegado a essa Copa do Mundo no melhor momento do futebol saudita. Fizeram uma campanha boa na fase de classificação. Campanha foi forte porque o crescimento do jogador saudita na parte mental foi muito grande. Essa era uma das grandes dificuldades. Outra coisa em que eles cresceram muito nos últimos anos foi a parte física", afirmou.
Tanto Candinho quanto Hélio dos Anjos admitem que foi um resultado que não estava previsto até mesmo para os que acompanharam a Arábia Saudita de perto, mas salientaram a questão tática e a boa atuação da defesa como fundamentais no duelo.
"É o progresso do futebol árabe, que vem subindo nos últimos anos. Eles têm crescido e, principalmente, vêm participando de tudo o que é torneio até contra equipes europeias. Então, estão melhorando, e, realmente, o treinador francês é muito bom [Hervé Renard]. É evidente que a Argentina tinha condições de jogar melhor e ganhar, mas os árabes mostraram um bom futebol em termos técnicos, um time bem postado, uma defesa bem adiantada não dando espaço e o resultado foi muito bom para eles. Foi uma vitória que dá moral", indicou Candinho.
"Naturalmente, foi zebra, mas a Arábia foi muito forte taticamente. A chance que eles teriam seria mantendo a Argentina longe da área, e foi aí que entrou a capacidade tática, com uma linha de marcação alta, corajosa. Olha quantos impedimentos a Argentina teve. Foi uma Arábia mais competitiva, forte mentalmente e taticamente, que manteve a Argentina longe", ressaltou Dos Anjos.
O treinador da Macaca contou que, logo que chegou ao país, detectou que a parte física era um problema a ser resolvido para que o time tivesse mais competitividade.
"Os sauditas eram técnicos e leves, não predominavam jogadores de força. Isso foi melhorando com o tempo. Eles tinham dificuldade em competir fora do mundo árabe por isso. Até mesmo na Ásia encontravam obstáculos. Eu convoquei alguns jogadores que nunca tinham feito trabalho de força com aparelho, na academia. Esse foi um grande problema que detectamos com o nosso fisiologista César, que infelizmente nos deixou na tragédia da Chapecoense", lembra.
Briga com príncipe tirou Candinho da Copa
Apesar de ter classificado a Arábia Saudita para o Mundial de 94, Candinho não esteve no banco de reservas nos Estados Unidos. Ele conta que não foi devido a uma briga com o príncipe, que teria tentado se intrometer na escalação.
"Eu briguei com o filho do Rei. Ficamos dois anos lá, eu e a comissão técnica que era o Medina e o Valdir Joaquim de Moraes, treinador de goleiros. Nestes dois anos de Eliminatórias, nos classificamos para o Mundial de 94, mas no último jogo, o príncipe Faisal, que até já morreu, quis dar palpite", relembrou
"Eles não acreditavam que nos classificaríamos e fomos ganhando de todo mundo. Já estávamos classificados e ele quis se meter, mandou o secretário dizer para mim que ele não queria que jogasse aquele goleiro, aquele centroavante... Aquelas coisas de autoritarismo, e eu e o professor Medina mandamos ele "tomar no rabo". Foi isso o que aconteceu", contou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.