Da idolatria à decepção: Como foi a volta de Cristiano Ronaldo ao United
A segunda passagem de Cristiano Ronaldo pelo Manchester United durou 18 meses. Começou com gols importantes e empolgação, mas terminou ontem (21), em crise, bate-boca público com o técnico e saída amarga com uma rescisão de contrato. Abaixo, o UOL Esporte relembra como tudo desandou.
À época com 35 anos, Cristiano chegou ao clube empolgado, com sentimento de "volta para casa" e dizendo que a história seria feita mais uma vez. Confiante, dizia que era capaz de "recolocar o clube onde merece estar". Ele vinha de uma temporada sólida na Juventus, de quase um gol marcado por jogo, o que justificava a empolgação do United com a contratação de R$ 91 milhões.
Os primeiros jogos animaram ainda mais o torcedor. Era o bom e velho Cristiano Ronaldo, que marcou dois gols na reestreia, em uma goleada que botou o time na liderança do campeonato. Foi a melhor estreia de toda a sua carreira e abriu uma sequência de cinco gols em cinco jogos seguidos, ainda em setembro de 2021. O time estava mais ou menos, mas o craque salvava, inclusive com gol da vitória no último minuto. Por um momento, deu tudo certo.
Mesmo marcando gols, porém, Cristiano virou alvo de críticas por supostamente não ajudar coletivamente. Era o pior atacante do Inglês na hora de defender, o que fez surgiu um debate sobre ele merecer ou não ser titular. Ele mostrou ainda ser especialista em Liga dos Campeões, tendo marcado seis vezes só na primeira fase, mas no geral o United vivia má fase, o que custou o emprego do técnico Ole Solskjaer —teve gente dizendo que era Cristiano quem "arruinava" o time. A campanha mediana no Inglês abriu caminho para as primeiras especulações de que poderia deixar o clube.
Tudo piorou muito em 2022
A virada de ano trouxe má fase a Cristiano, que só marcou seu primeiro gol na metade de fevereiro. É verdade que fez dois hat-tricks nos meses seguintes, tendo inclusive se tornado o maior artilheiro da história nos chamados 'jogos oficiais', mas coletivamente o United já não brigava por nada, só consigo mesmo: foi eliminado nas oitavas da Champions e terminou no sexto lugar do Inglês. Fora de campo, o que chamava a atenção eram as polêmicas de CR7, incluindo o dia em que jogou no chão o celular de um jovem torcedor.
O momento mais difícil que viveu no ano, porém, nada teve a ver com futebol. Em 18 de abril, Cristiano Ronaldo e a esposa Georgina perderam um dos filhos gêmeos que ela esperava, grávida. Ele ficou dois dias sem treinar, voltou e fez gols nos três jogos seguintes —já como pai mais uma vez, agora de cinco filhos.
Se na temporada 2021-22 ele marcou 24 gols, na atual o desempenho caiu drasticamente. Cristiano ocupou as manchetes mais por problemas de vestiário e disputas públicas com o técnico Erik Ten Hag do que propriamente pelo que fez em campo. A crise durou cerca de cinco meses, desde as especulações de que poderia sair no verão europeu até, finalmente, o anúncio da rescisão de contrato ontem.
Entre o retorno e a despedida, muita coisa mudou. Cristiano Ronaldo segue jurando amor ao Manchester United, mas já não tão otimista quanto ao futuro do clube. Quando chegou, ele dizia que o retorno ao United era "a melhor decisão que tomou"; antes de sair, forçou a barra em uma entrevista, disse não respeitar o treinador e que o clube "não evoluiu" nos últimos anos e por isso perdeu força.
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