'Palmeiras tem mais de R$ 600 milhões em propostas', afirma diretor da base

Se o Palmeiras decidisse aceitar, hoje, todas as propostas que tem pelos jogadores revelados em suas categorias de base, a soma que entraria para os cofres do clube superaria os R$ 600 milhões.

Quem estima o valor sabe o que fala melhor do que qualquer outro profissional do clube. João Paulo Sampaio, afinal, é o grande responsável pela valorização não só dos atletas, mas da estrutura de formação de jogadores do Alviverde como um todo desde 2015, quando chegou ao Palmeiras.

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"O Palmeiras tem mais de R$ 600 milhões em propostas", disse ele ao UOL Esporte.

Coordenador da base alviverde, Sampaio está de férias na Bahia, onde nasceu, descansando de um ano praticamente perfeito para o seu departamento.

"Eu não via a hora de o ano acabar, depois daquela final da Copa do Brasil Sub-20", confessou, falando da partida do último dia 13, em Barueri, na Grande São Paulo. "E ainda tem uma final do Sub-13 antes de o ano acabar", afirmou.

Em 2022, o Palmeiras arrematou todos os torneios de base organizados pela CBF, levando para a Academia de Futebol o Campeonato Brasileiro Sub-17 e o Sub-20, bem como a Copa do Brasil das duas categorias.

O clube ganhou ainda os Paulistas Sub-15 e Sub-17, além da tão sonhada Copinha, em janeiro.

O foco não é o título pelo título

Troféu é bom e ninguém abre mão, é claro. Mas João Paulo defende que ser campeão nas categorias de base não pode ser objetivo, mas sim consequência.

"Porque mesmo um trabalho mal feito pode ser campeão. Por isso, a avaliação correta é em cima do trabalho feito", disse.

E o do Palmeiras vem sendo feito de modo consistente desde 2015. Até 2019, os acertos se traduziram nos balancetes financeiros, com negociações de nomes como Arthur e Luan Cândido, do Red Bull Bragantino, Vitinho, que foi para o Barcelona, e Vitão, que hoje joga no Inter, emprestado pelo Shakhtar Donetsk (UCR), para onde também foi o atacante Fernando.

Mas a partir de 2020, os pupilos de João Paulo, como Danilo, Patrick de Paula, Gabriel Menino, Veron, Renan e Wesley, entre outros, começaram a dar frutos no time profissional do Palmeiras. Algo que, João Paulo confessa, lhe deixa mais feliz:

"Com certeza, vê-los jogando diante da nossa torcida traz mais satisfação", diz ele. Ainda que isso signifique, em alguns casos, uma redução no valor da venda.

Conta mostra economia

Quando ainda era sub-17, Veron, por exemplo, chegou a ser cotado em 25 milhões de euros. Em agosto, já no profissional, saiu para o Porto (POR) por 10,5 milhões de euros —e o Palmeiras ainda reteve 10% do valor de uma futura venda do jogador.

"As pessoas não percebem que esse valor reduzido se traduz em retorno técnico, mas também em financeiro", explicou ele.

"Um jogador com a qualidade do Veron, que o Palmeiras tivesse de contratar de fora, viria ganhando muito mais do que o Veron recebia sendo promovido das categorias de base, isso é natural", exemplificou, acrescentando:

"Se você pegar a diferença do que sai do caixa do clube quando pega o salário total do Veron, pelo tempo que ele ficou no time profissional, e comparar com um salário médio de um jogador contratado de outro clube pelo mesmo período, você percebe que não perdeu dinheiro".

Foi em 2019, que o Palmeiras decidiu virar a chave e passar a aproveitar mais jogadores da sua estrelada base, em vez de contratar atletas mais experimentados. E o resultado foi uma economia mensal de mais de R$ 5 milhões com folha de pagamento.

E como arranjar motivação para 2023?

"O Palmeiras zerou o game em 2022, a verdade é essa. Mas a cada ano os times e os desafios se renovam", afirmou.

O primeiro desafio da base do Palmeiras começa junto com o ano, com a Copa São Paulo, já em 2 de janeiro. Diferentemente de 2022, quando jogou com seus principais jogadores sub-20 pela primeira vez em cinco anos, já que não havia nenhum campeonato de seleções acontecendo ao mesmo tempo, o Verdão deve entrar com um time bem mais jovem.

Todos os jogadores nascidos em 2002, por exemplo, os mais velhos permitidos pelo regulamento do ano que vem, ou estarão com o time profissional ou estarão no Sul-Americano da categoria. A possível exceção deve ser o zagueiro e capitão Henri.

"Luis Guilherme e Estevão (destaques do sub-17) estão garantidos no time que vai jogar a Copinha", revelou João Paulo.

Em 2023, esse jovem Verdão Sub-20, a exemplo do masculino e do feminino profissionais, vai disputar também a Copa Libertadores da idade pela primeira vez na História.

"A motivação no Palmeiras nunca acaba porque é realmente um clube onde há muitas pessoas boas e que querem trabalhar pelo bem de um projeto. O Palmeiras vicia", arrematou Sampaio.