Técnico da Coreia do Sul tentou fazer revolução e fracassou no Cruzeiro
Nesta segunda-feira a seleção brasileira entra em campo para enfrentar a Coreia do Sul, pelas oitavas de final da Copa do Mundo do Qatar, às 16h, no Estádio 974. Do outro lado, está uma equipe comandada pelo português Paulo Bento, que em 2016 teve uma passagem pelo Brasil. Foram somente 75 dias à frente do Cruzeiro, período em que o treinador acumulou problemas dentro e fora do clube e foi demitido com o time na 18ª colocação do Brasileirão. O UOL Esporte foi atrás de explicações para o fracasso do treinador da seleção sul-coreana nos quase três meses trabalhando no futebol brasileiro.
Treinos bons, relacionamento ruim
Todos que trabalharam com Paulo Bento no Cruzeiro, entre maio e julho de 2016, apontam a qualidade no treino como o grande diferencial do treinador. Atividades intensas e diferentes do que os atletas estavam habituados, em comparação com técnicos brasileiros. Bento trouxe para o Cruzeiro o que se fazia na Europa e, alguns anos depois, passou a ser padrão também no futebol brasileiro. Equipes intensas, que fazem pressão na saída de bola do adversário e jogam com a linha defensiva alta.
Se os treinos deram motivos de elogio, o relacionamento não era dos melhores, especialmente com os medalhões. Bento não teve receio nenhum ao barrar nomes como Leo, Manoel, Bruno Rodrigo e Ariel Cabral, para colocar alguns garotos da base celeste. Ele também irritou os jogadores com a mudança nos horários dos treinamentos. As atividades eram sempre pela manhã e com obrigação de todos se apresentarem até às 8h.
Não só com atletas, mas com outros profissionais do clube não havia um relacionamento que não fosse profissional. Paulo se fechou com a comissão técnica que trouxe de Portugal. O treinador chegou com os auxiliares Sérgio Costa e Ricaro Peres, o preparador físico Pedro Pereira e o observador técnico Vitor Silvestre. A falta de abertura para membros do clube foi o motivo da demissão de Geraldo Delamore, então auxiliar da comissão fixa do Cruzeiro, e que causou uma das crises em que ele enfrentou no Brasil.
Linha defensa alta vira alvo das críticas
Paulo Bento comandou o Cruzeiro em 17 oportunidades e o aproveitamento não foi nada bom, foi de apenas 41% dos pontos disputados. Em 17 partidas foram seis vitórias, três empates e oito derrotas. A falta de resultados fez com a torcida e a imprensa questionassem bastante os métodos do treinador português. O principal alvo das reclamações era o posicionamento avançado da linha defensiva. O que se tornou comum no futebol brasileiro, especialmente após as passagens de Jorge Jesus e Jorge Sampaoli, era uma novidade em 2016 e não foi bem recebida pelos cruzeirenses.
É claro que a falta de resultados pesou muito para que Paulo Bento fosse bastante questionado pela opção por jogar com a linha defensiva alta, afinal de contas, o Cruzeiro ficou sete das 15 rodadas - dois dos 17 jogos foram pela Copa do Brasil - sob o comando do português dentro da zona do rebaixamento.
Brigas com a imprensa
A falta de resultados positivos, a pressão pela colocação ruim no Campeonato Brasileiro e a expectativa não atendida por Paulo Bento deixaram cada vez quentes as coletivas do então treinador do Cruzeiro. O português não gostava de algumas perguntas ou até mesmo do tom de voz do repórter. Não foi uma ou nem foram duas vezes que ele teve problemas com jornalistas brasileiros. Sempre acompanhado dos demais portugueses da comissão técnica, as entrsvistas de Paulo Bento costumavam ser tensas.
Paulo Bento custou cerca de R$ 5 milhões ao Cruzeiro
Paulo Bento não ficou nem três meses na Toca da Raposa. A rápida passagem do treinador português pelo Brasil custou cerca de R$ 5 milhões entre salários, juros e custas de processo. O vínculo entre o clube mineiro e o treinador da Coreia do Sul se encerrou somente em fevereiro do ano passado, quando a equipe celeste pagou R$ 700 mil ao treinador, que cobrou o valor via Fifa.
O contrato assinado em maio de 2016 tinha duração até dezembro de 2017, mas foi interrompido em julho de 2016. Porém, uma cláusula garantia a Bento o direito de receber o valor integral até o fim do vínculo. O salário era de R$ 400 mil por mês. Ele acertou que receberia somente 30% (R$ 120 mil mensais) do que tinha direito, mas teve de acionar a Fifa após atrasos.
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