Brasileiros contam como é jogar na Coreia do Sul e fazem alerta a Tite
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Na Copa do Mundo das "zebras", a Coreia do Sul tenta fazer história contra o Brasil a partir das 16 horas (de Brasília) de hoje). O desempenho dos Tigres Asiáticos pode ter surpreendido o Uruguai, mas não foi surpresa para alguns brasileiros que conhecem de perto o futebol do país, que fazem um alerta para o técnico Tite.
André Gaspar atuou como jogador na Coreia do Sul no início dos anos 2000, no Anyang, e depois foi técnico no Daegu. O mesmo Daegu que hoje é defendido pelo atacante Edgar, ex-São Paulo e Vasco, que já está há quatro anos e meio no futebol local.
"Os sul-coreanos evoluíram bastante. Você pega o time titular da seleção e todos jogam na Europa, exceto dois ou três. Durante dez ou 15 anos também mudou bastante a presença de comissões técnicas estrangeiras —brasileiros, espanhóis, portugueses—, e isso ajudou no desenvolvimento do futebol", conta André Gaspar em conversa com o UOL Esporte.
O atual técnico da Coreia do Sul é o português Paulo Bento, que passou pelo Cruzeiro sem grande destaque em 2016 e está no cargo durante todo o ciclo desta Copa do Mundo.
"É um campeonato [nacional] forte. Fora o Son [do Tottenham, da Inglaterra], tem outros jogadores que atuam fora do país e em bons times. Podem não ser os protagonistas, mas jogam em bons times. O Paulo Bento é um bom treinador. Infelizmente não foi tão bem no Brasil, mas está bem na Coreia do Sul. Eles se prepararam bem, passaram nas Eliminatórias com poucos problemas", afirma Edgar ao UOL.
Treinos em até três períodos
Conhecedores do futebol sul-coreano, os dois brasileiros alertam para as principais características do adversário da seleção brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo.
"Eles têm uma característica muito forte, que é a marcação e a saída em transição rápida ao ataque. São jogadores bem velozes. Essa transição rápida é o ponto forte, e o Brasil tem de estar muito atento. É uma equipe que tem por característica ser guerreira, não desistir nunca", avalia o técnico André Gaspar, que hoje treina o Borneo FC, da Indonésia.
Nos tempos de jogador, Gaspar se surpreendeu com a exigência e a frequência dos treinamentos. "A parte física sempre foi muito boa, porque eles costumam treinar bastante", elogia. "Como jogador eu treinava em até três períodos, coisa que nunca fiz no Brasil ou em outro país. Treinava em jejum, tomava o café da manhã e voltava para o campo antes do almoço, e depois ainda tinha o terceiro treino. A parte física sempre fluiu bem, e agora eles evoluíram taticamente e tecnicamente", analisa o treinador.
"Eles vão lutar até o final. Correm demais, ficam exaustos e têm uma aplicação tática muito grande", reforça Edgar.
Coração dividido?
A dupla brasileira compartilha a alegria pela classificação sul-coreana ao mata-mata da Copa, mas não tem dúvidas para quem torcer no jogo de hoje.
"Torcemos para ter um Brasil x Coreia do Sul na Olimpíada, mas não aconteceu. Tenho uma camisa do Brasil e uma da Coreia, que ganhei do Jo Hyeon-woo, que jogou comigo. Brinquei no grupo [de WhatsApp] perguntando para quem torcer, mas sou brasileiro e quero que nosso país passe", conta Edgar.
"O coração fica um pouco dividido, é claro, mas a tendência é maior para o Brasil. A Coreia foi um país que me acolheu muito, foram oito anos vivendo lá. Devo muito a esse país. Que vença o melhor e, com certeza, o melhor vai ser o Brasil", diz André Gaspar, agradecido, mas decidido pela seleção pentacampeã.
Curso com Tite
André Gaspar e Tite já foram colegas de classe em um curso da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
"Fizemos a Licença Pró juntos, em 2019. É a maior licença que existe [para treinadores]. Estivemos juntos durante 15 dias, e ele inclusive deu algumas palestras por ser o treinador da seleção. É uma pessoa humilde, muito ponderada. Só tenho elogios ao Tite e estarei torcendo muito para que dê tudo certo", afirma Gaspar. "A CBF acertou em deixá-lo por mais quatro anos, e vejo uma evolução em relação à última Copa do Mundo", completa.
Conexão desde o início da carreira
A relação de Edgar com a Coreia do Sul nasceu muito antes da carreira consolidada no futebol. O atacante foi revelado pelo Joinville-SC, mas mesmo antes disso teve contato com jogadores e treinadores sul-coreanos.
"Sou de São Carlos, no interior de São Paulo. O Clube Atlético Paulistinha fez uma parceria e houve investimento e intercâmbio com jogadores e treinadores sul-coreanos, que vinham ao Brasil para treinos e tudo mais. Eu dividi alojamento com diversos coreanos. Nosso time até ficou conhecido como Paulistinha Coreia, e alguns até se profissionalizaram no Brasil. O auxiliar do meu time, o Daegu, por exemplo, jogou comigo desde pequeno", conta o atacante, que além de São Paulo e Vasco ainda passou por times de Portugal, Sérvia, Emirados Árabes Unidos, Turquia, Qatar e Tailândia
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