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Como a camisa e cores da seleção brasileira viraram símbolo do bolsonarismo

8.jan.2023 - Golpistas bolsonaristas invadem o Congresso Nacional, em Brasília (DF) - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
8.jan.2023 - Golpistas bolsonaristas invadem o Congresso Nacional, em Brasília (DF) Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

10/01/2023 09h22Atualizada em 10/01/2023 11h06

Muito ligada a movimentos bolsonaristas nos últimos anos, o uso da camisa da seleção e as cores da bandeira brasileira em protestos começou muito antes da eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Inicialmente, os símbolos viraram uniforme dos manifestantes como forma de ressaltar patriotismo e desvincular de partidos políticos.

O uso dos símbolos começou em 2014, quando dias após a reeleição de Dilma Rousseff (PT) à presidência, em eleição apertada contra Aécio Neves (PSDB), manifestantes foram às ruas para protestar contra o resultado do pleito. Na ocasião, foram levantadas pautas como recontagem de votos, impeachment da petista, além de defesa de um novo golpe militar por parte dos manifestantes.

O movimento seguiu em 2015 com mais força, e ainda vestidos com a camiseta da seleção brasileira. Os atos eram organizados principalmente pelos movimentos MBL (Movimento Brasil Livre) e Vem Pra Rua.

Manifestantes se juntam para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff - Jorge Araújo/Folha Press - Jorge Araújo/Folha Press
Manifestantes se juntaram para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff na avenida Paulista, em São Paulo
Imagem: Jorge Araújo/Folha Press

No ano seguinte, além de pedirem o impeachment de Dilma, manifestantes passaram também a cobrar a prisão do então ex-presidente Lula. Em 2017, após a saída da petista do poder, a adesão aos movimentos a favor da Operação Lava Jato foram mais vazios.

Se até então havia necessidade de desvincular a imagem de partidos e espectros políticos, a partir de 2018, o cenário mudou. Muitos passaram a se declarar de direita, conservadores, anti-petistas e com preferência pelo então candidato Jair Bolsonaro.

No último domingo (8), inclusive, quando terroristas invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília, muitos vestiam blusas da seleção, bem como outras vestimentas em verde e amarelo.

Após o episódio, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) divulgou uma nota repudiando o uso do item em "atos antidemocráticos e de vandalismo". No texto, a instituição diz que a camisa é um "símbolo da alegria do nosso povo" e defende que ela seja usada "para unir, não para separar, os brasileiros".

No ano passado, Lula (PT) aproveitou a Copa do Mundo para convocar a população a usar as cores verde e amarelo. Em dezembro, o presidente eleito também disse que os brasileiros não deveriam ter vergonha de vestir os símbolos do país, quando torcedores cogitavam usar e buscavam outras cores para torcer pela seleção.