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Portuguesa volta à elite e quer afastar fantasma que ronda clube há 10 anos

Jogadores festejam o retorno da Portuguesa para a elite do Paulistão - Rodrigo Corsi/ Agência Paulistão
Jogadores festejam o retorno da Portuguesa para a elite do Paulistão Imagem: Rodrigo Corsi/ Agência Paulistão

Do UOL, em São Paulo

14/01/2023 04h00

A Portuguesa está de volta à Série A1 do Campeonato Paulista depois de viver um período sombrio que, por uma década, estremece o clube. Em 2013, a Lusa caiu para a Série B do Brasileirão após uma longa batalha judicial, a partir de então, foi ladeira abaixo. Agora, o clube tenta se reerguer para recomeçar a reconquistar seu espaço entre os grandes.

Com um time mesclado entre joias da base e atletas experientes, como o ex-lateral do Santos Pará, o técnico Mazola Júnior não chega com grandes cobranças: permanecer na Série A1 é o objetivo principal.

O que a Lusa almeja no Paulistão de 2023?

  • Permanecer na elite paulista.
  • Atingido o principal objetivo, conquistar uma vaga na Copa do Brasil.
  • Assegurar o acesso à Série D do Brasileiro, competição da qual a Lusa não participa desde 2021.

Com o telefone numa mão e o orçamento do clube na outra, o dirigente Toninho Cecílio fez contratações importantes para a temporada, mas que não devem se sustentar para depois do Paulistão. Como a Lusa não joga outros torneios mais longos, os patrocínios também duram menos, e o fôlego para pagar os salários, consequentemente, diminui.

Toninho recebeu o UOL no centro de treinamento do clube. Ele conta à reportagem que a Portuguesa tem pagado mensalmente os acordos judiciais das dívidas que o clube soma, mas que o time montado por Mazola não deve ser o mesmo para o próximo ano ou eventuais novos campeonatos.

Clima de apreensão

Segundo o dirigente, o clima entre seus atletas é de apreensão, mas também de ânimo, uma vez que esse retorno era esperado há oito anos. Ainda assim, Toninho acredita que o time pode fazer um campeonato sólido, apesar de temer que a oscilação volte à realidade da Lusa.

  • O maior receio entre os bastidores dentro da Portuguesa é não dar conta dos times do interior.
  • O Mirassol é um dos que mais assusta.
  • Além de o time de Mazola ter de se preocupar com os quatro grandes de São Paulo, vai enfrentar times menores bastante estruturados.

Patrocínio como fonte de renda, mas SAF é futuro

  • A ascensão à Série A1 possibilitou à Portuguesa novas parcerias com patrocinadores.
  • A novidade, como antecipou o UOL, é o portal de notícias Metrópoles, cujo logo estampará a barra traseira da camisa da Lusa.

Ainda assim, o UOL apurou que o clube tem precisado tirar leite de pedra para tentar retomar um pouco do espaço de prestígio que já ocupou.

O conselho do clube já aprovou a transformação da agremiação em SAF. Agora, conta Toninho, os próximos passos são decidir quais serão as proporções de venda do clube. O dirigente afirma, ainda, que já recebeu propostas de compradores, mas as negociações ainda não foram para frente.

"Não acho que virar SAF é a solução para tudo. Acho que facilita porque ela acaba com a politicagem. Quando um clube vira SAF, são contratadas pessoas competentes para geri-lo, e acaba funcionando melhor sem a emoção, a paixão, interferindo na gestão", Toninho Cecílio

Se a Lusa chegar à Série D do Brasileirão, Toninho acredita que conseguirá patrocínios mais sólidos, pois apesar de se tratar de uma quarta divisão, é um campeonato mais longo.

Acordo com Santos

Entre as ações tomadas pela Lusa para o retorno à elite do Paulista, está a reforma do Canindé em parceria com o Santos e a Federação Paulista de Futebol. O Peixe estava em busca de um estádio na capital para sediar alguns de seus jogos, principalmente na Copa Sul-Americana, e Antônio Carlos Castanheira, presidente da Portuguesa, ofereceu o Canindé a Andrés Rueda.

O que o acordo prevê?

  • Reforma do gramado e um jateamento da arquibancada superior, onde ficam as numeradas.
  • Obras que incluem, ainda, iluminação e vestiários.
  • A parte estrutural já foi entregue, e o restante deve ficar pronto até o meio do ano, para que o Peixe receba os jogos da Copa Sul-Americana.

Além do lucro das bilheterias, o Santos não vai precisar gastar com aluguel do estádio para receber jogos na capital.

Técnico contrário a 'discurso motivacional'

Mazola Júnior não é dos mais paternais treinadores dentro do futebol. Ao UOL, ele diz ser contra discursos motivacionais em preleções, e afirma que "quem está na Portuguesa tem obrigação de se motivar". Ele afirma que o clube dá ao elenco todas as condições necessárias para fazer um grande campeonato, e que o fato de ser uma equipe nova, com pouco entrosamento, pode ser o único problema a pesar entre o grupo.

"A Portuguesa precisa voltar ao calendário nacional e, para isso, precisamos da classificação para a Copa do Brasil e chegar à série D do Brasileiro. Se deixarem a gente chegar mais longe, será um prazer."

Caso Héverton e a queda sem fim

A decadência da Portuguesa teve início em 2013, quando, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, o time mandou a campo no segundo tempo do jogo contra o Grêmio o meia Héverton, que havia sido suspenso pelo STJD dois dias antes. A escalação irregular resultou em perda de quatro pontos e no consequente rebaixamento do clube para a Série B em 2014.

Uma longa crise agravada pelo caso resultou numa queda livre —da Série B para a C, da C para a D, para a qual já não tem mais vaga. Uma investigação do Ministério Público não conseguiu encontrar justificativa para o erro.

Em 2015, veio o rebaixamento no campeonato estadual, decorrente de uma situação financeira calamitosa, acompanhada por descontrole na gestão. O cenário começa a mudar com a eleição de Castanheira, em 2019.