Topo

Presidente diz que CBF quer treinador "de respeito e ofensivo" após Tite

Do UOL, em Rio de Janeiro (RJ)

17/01/2023 18h23Atualizada em 17/01/2023 19h08

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, falou sobre a busca de um técnico para substituir Tite, que rescindiu o seu contrato hoje. Ele afirmou que "não há preconceito com qualquer nacionalidade".

  • O presidente disse que busca um técnico "de respeito e ofensivo".
  • Ednaldo não descartou um treinador brasileiro, apesar de preferir estrangeiros.
  • Ele ainda falou que irá atrás de um técnico "sempre falado" pela imprensa. Os mais cotados foram Josep Guardiola (Manchester City) e Carlo Ancelotti (Real Madrid).
  • O mandatário também ironizou as especulações sobre quem substituirá Tite.

"Ouvi tantos nomes, foram 26 nomes até a virada do ano. Um desses nomes que vocês sempre colocaram vou trabalhar em cima deles. Não temos nenhum decreto sobre ser estrangeiro, nem que possa ser brasileiro. Não temos preconceito com qualquer nacionalidade. Queremos um treinador de respeito, que dê padrão de jogo condizente com os atletas, ofensivo, como pensa o presidente. Que possa trabalhar com todo suporte dado, assim como deu para Tite. Daremos tudo que é necessário para um excelente trabalho. Queremos um treinador dedicado, comprometido e que possa, principalmente, não só estar com os olhos voltados à seleção principal, mas principalmente com times de base. Olímpica, sub-17, sub-20. Temos muitos craques com potencial para o futuro".
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

O presidente da CBF confirmou a "dissolução total" da comissão técnica de Tite após a eliminação nas quartas de final da Copa do Qatar. Saem os auxiliares Cléber Xavier, César Sampaio e Matheus Bacchi (filho de Tite), além do preparador físico, Fabio Mahseredjian; do fisiologista Guilherme Passos; e dos analistas de desempenho Thomaz Koerich e Bruno Baquete. O diretor de Desenvolvimento do Futebol Juninho Paulista também será desligado.

"Não vai continuar. Juninho não está aqui nesses dias pois já havia feito uma programação prévia de viagens autorizada pela presidência. Estamos aguardando o retorno para fazer como os demais, de forma clara e com os direitos ao profissional", completou Rodrigues.

Rescisão foi mera formalidade

Tite conversa com jornalistas de maneira informal na CBF: preferiu não dar entrevista e agradeceu pelo carinho - Bruno Braz / UOL - Bruno Braz / UOL
Tite conversa com jornalistas de maneira informal na CBF: preferiu não dar entrevista e agradeceu carinho
Imagem: Bruno Braz / UOL

  • Tite já havia informado antes da Copa do Mundo do Qatar que não continuaria no cargo em 2023.
  • A seleção foi eliminada no Mundial nas quartas de final para a Croácia.
  • Quatro anos antes, na Copa da Rússia, Tite também amargou uma eliminação nas quartas, só que para a Bélgica.

"A princípio, é uma dissolução total da comissão e até para que o novo treinador que vier possa ter liberdade de trabalhar com os nomes do seu convívio e com toda a liberdade. De repente pode escolher alguém da própria comissão para retornar. CBF vai respeitar", disse Ednaldo.

Matheus Bacchi (auxiliar e filho de Tite) e Fábio Mahseredjian (preparador físico) também não ficam na seleção - Bruno Braz / UOL - Bruno Braz / UOL
Matheus Bacchi (auxiliar e filho de Tite) e Fábio Mahseredjian (preparador físico) também não ficam na seleção
Imagem: Bruno Braz / UOL

CBF tem preferência por estrangeiros

Com sonhos distantes e nenhuma unanimidade, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, encontra dificuldade para definir o substituto.

  • A CBF prefere um técnico estrangeiro com status de "inquestionável" e, de preferência, que fale português ou espanhol.
  • Essas características diminuem as opções drasticamente. O espanhol Pep Guardiola (Manchester City) e o italiano Carlo Ancelotti (Real Madrid) não estão disponíveis neste momento.
  • Guardiola não demonstrou interesse após um contato inicial da CBF. "Já lhes disse que é impossível", disse o agente do treinador ao UOL Esporte. Ancelotti quer cumprir o contrato no Real até 2024.
  • O presidente Ednaldo tem outros nomes europeus em pauta, mas não vê nenhum com o mesmo patamar de unanimidade.
  • O português Abel Ferreira também não foi convidado, apesar de ter entusiastas na confederação por seus títulos conquistados no Palmeiras.

"No futebol temos que ter o tempo certo para as decisões. Isso, graças a Deus, tenho experiência por ser dirigente que acumulei esse tipo de situação, com pressão que sabemos que tem de todos os lados. Sempre costumo dizer que fico mais sereno em motivo de pressão. Estou tranquilo. Sei que o tempo passa rápido, mas nada será precipitado", disse o presidente da CBF, complementando:

"Não esperamos ter treinador interino. Esperamos um definitivo. As datas-Fifa em março devem ser com treinador definido, mas vamos buscar a qualificação que colocamos como pré-requisito".

E os brasileiros?

A preferência da CBF é por estrangeiros, mas a confederação não descarta técnicos nacionais.

  • Nenhum dos brasileiros teria grande aceitação como ocorreu com o próprio Tite.
  • Dentre os cotados, o UOL apurou que Fernando Diniz, Dorival Júnior, Cuca e Mano Menezes não foram procurados até agora.
  • A ideia é definir o comando técnico em fevereiro. A próxima data-Fifa é no fim de março.

"Não ficamos abertos para essas ofertas [empresários oferecendo técnicos]. Respeitamos o vínculo que se desfez há pouco. Por mais que ofertas tenham sido dadas, não tivemos nenhuma receptividade a elas", destacou Rodrigues.

Reformulação

Existe a ideia na CBF de trazer um diretor profissional para substituir Juninho Paulista, mas a questão ainda não foi concluída.

"Temos um formato daquilo que acompanhamos do futebol e esperamos essa interdependência da seleção principal com a base. Um diretor de seleção, não um coordenador. Esse diretor foca e verifica todas as seleções. Um diretor com amplo conhecimento e total autoridade para organizar essas outras seleções. E cada uma com um coordenador subordinado ao diretor", detalhou.

O atual presidente da CBF, ao contrário de antecessores, gosta de futebol e assiste bastante a jogos. Essa é sua primeira escolha de técnico, o que aumenta a pressão por acerto. Ele se elegeu no ano passado ao cargo.

"O treinador pode ser escolhido até antes do diretor. Se o diretor estiver definido, dialogará com o presidente para encontrar o melhor nome, mas não só com o presidente. As coisas tratadas com mais pessoas são melhor avaliadas, mas o presidente tem total autonomia para contratar. E se tiver esse diretor, dividiremos a tarefa", ressaltou.