Pupilos de Guardiola seguem legado do mestre e dominam ligas europeias

Pep Guardiola iniciou sua trajetória como técnico do Barcelona no meio de 2008. Sem experiência na elite do futebol europeu, ele foi uma aposta que deu muito certo. 15 anos e 32 títulos depois, o legado do treinador está mais do que solidificado.

Mas a herança de Guardiola no futebol vai além de resultados, passa também por uma ideia de jogo: posse de bola, pressão constante, domínio sobre o adversário. Ideais que ele transmitiu ao longo da carreira. A disseminação do "Guardiolismo" está mais em voga do que nunca em 2023. Três treinadores que foram seus pupilos hoje levam suas equipes ao topo de ligas europeias.

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Um dia aprendiz, no outro concorrente

• Arteta conheceu Guardiola quando tinha 15 anos. Ele era um jovem volante da base do Barcelona, enquanto Pep já era um jogador consagrado.

Ele era meu ídolo, aquele que eu deveria replicar se quisesse ser um jogador profissional no Barcelona. Construímos uma relação a partir disso". Mikel Arteta, em entrevista à Sky Sports em 2022

• Guardiola sempre manteve contato com o pupilo. Enquanto o volante fazia carreira no Everton e no Arsenal, Pep ligava para ele, cheio de perguntas sobre o futebol inglês.
• Fascinado pelas possibilidades em uma nova liga, Guardiola deixou o Bayern e decidiu treinar o Manchester City, antes da temporada 2016/17, momento da aposentadoria de Arteta como jogador.
• O recém-aposentado recebeu três convites naquele momento: treinar as categorias de base do Arsenal, entrar na comissão de Mauricio Pochettino no Tottenham ou se juntar a Pep Guardiola no Manchester City. Ele não hesitou e escolheu ficar ao lado do ídolo.

'Eu nunca treinei ninguém, então como vou entrar na melhor comissão técnica do mundo e dar o que você deseja?', perguntei. Mas o Pep estava tão convencido sobre isso que acabei decidindo me juntar a ele no Manchester City". Mikel Arteta

• Três temporadas se passaram e a dupla levantou sete troféus. Em dezembro de 2019, Arteta se sentiu pronto para dar o próximo passo. Ele voltou ao clube em que mais fez sucesso como jogador: o Arsenal.

• Arteta abraçou uma tarefa que não era fácil. Após 22 anos de Arsène Wenger, os Gunners buscavam uma nova cara para assumir o comando técnico. Unai Emery não resistiu muito tempo ao fantasma do antigo treinador.
• A nova presença deu injeção de ânimo no time. Arteta conquistou um título na temporada 2019/20: a Copa da Inglaterra. Na semifinal, passou pelo Manchester City, de Guardiola, vencendo por 2 a 0.
• Mesmo com taça, o Arsenal precisava se reformular. Apenas dois titulares naquela vitória sobre o City seguem no clube.
• Os Gunners viveram temporadas difíceis e ainda não voltaram à Liga dos Campeões. Arteta sofreu cobranças da torcida. Mas Guardiola sempre acreditou no ex-companheiro.

• A paciência com Arteta hoje gera frutos ao Arsenal. Com elenco montado pelo espanhol, o time lidera o Campeonato Inglês, à frente inclusive do Manchester City de Guardiola, vencedor de quatro das últimas cinco edições.

O primeiro cérebro do "Guardiolismo"

• Guardiola já fez história no Manchester City e no Bayern de Munique, mas seu primeiro trabalho segue como o mais irretocável de sua carreira. Foi no Barcelona que ele conquistou suas únicas Ligas dos Campeões como treinador, em 2008/09 e 2010/11.
• Aqueles times, que dominavam a bola e os adversários como nenhum outro, tinham alguns símbolos técnicos: Lionel Messi, Andrés Iniesta e Xavi Hernández, o cérebro do meio-campo.

Na primeira conversa que tive com Pep, perguntei como ele me enxergava no time, se me daria um papel importante ou não. Sua resposta foi direta e pessoal: 'Não imagino o time sem você' ". Xavi, em 2021

• Assim como Guardiola, Xavi foi jogar no Qatar antes de se aposentar como jogador, virando quase um técnico dentro de campo. Ele passou quatro anos como atleta do Al Sadd e logo na sequência assumiu o cargo definitivo de treinador.
• Xavi sempre se manteve ligado à escola Barcelonista de futebol. Pressionar o adversário, retomar a posse, trocar passes, estabelecer o jogo posicional. Assim como Cruyff fez no Barça dos anos 1990 e Guardiola consagrou.
• Buscando um reencontro com suas origens, o Barcelona contratou Xavi em 2021. A falta de experiência na elite do futebol europeu não impediu o negócio. Assim como aconteceu com Guardiola, em 2008, que só havia treinado o Barça B quando assumiu o clube.

• Xavi encontrou percalços no caminho, mas o Barcelona melhorou de fato. Venceu no último domingo seu primeiro título desde 2021, a Supercopa da Espanha em cima do Real Madrid. É líder do Campeonato Espanhol e segue vivo na Copa do Rei.

"Xavi é uma mistura de Guardiola e Luis Enrique. No fim, a ideia de jogo que os três têm é praticamente idêntica. Cada um tem suas nuances, mas no geral é sobre pressionar após a perda da bola. É o que sempre caracterizou o Barça". Eric Garcia, zagueiro do Barcelona

Às vezes, é bom começar de baixo

• Vincent Kompany é diferente da maioria dos pupilos de Guardiola. Não foi revelado no Barça e nem é espanhol.
• O belga era zagueiro e capitão do Manchester City quando Pep chegou ao clube, em 2016. Ele manteve a importância no time e conquistou sete títulos em três temporadas.
• Em 2019, Kompany recebeu convite de Guardiola para ser auxiliar no City, mas recusou. Passou um ano jogando no Anderlecht antes de pendurar as chuteiras.
• Quando se aposentou, já estava definido que Kompany seria o técnico do clube belga.

• Em duas temporadas no Anderlecht, o clube não conquistou títulos.
• Kompany decidiu partir da Bélgica para voltar à Inglaterra. Ele aceitou convite do Burnley em 2022, recém-rebaixado à segunda divisão.

• Por enquanto, o plano de Kompany está se concretizando. O time tem o melhor ataque da segunda divisão inglesa, é líder após 27 jogos e forte candidato ao acesso.