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As contradições nas versões de Dani Alves que embasaram a prisão preventiva

Daniel Alves em ação pelo Pumas - Agustin Cuevas/Getty Images
Daniel Alves em ação pelo Pumas Imagem: Agustin Cuevas/Getty Images

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

22/01/2023 04h00

Daniel Alves está preso preventivamente na Espanha desde a última sexta (20) enquanto enfrenta a acusação de ter estuprado uma mulher de 23 anos em uma boate em Barcelona, no final do ano passado. Um dos principais motivos para a detenção, sem direito a fiança, teria sido as suas contradições nos depoimentos que prestou.

De acordo com o jornal espanhol El Pais, o jogador chegou a dar três versões diferentes às autoridades do país:

  • Diante da juíza do caso, o brasileiro disse que estava no banheiro quando a mulher entrou e que não houve relação sexual.
  • Ao promotor, ele afirmou que não soube o que fazer e que ficou parado quando ela entrou no banheiro.
  • Depois, o lateral teria respondido à acusação alegando que a jovem pulou em cima dele, fez sexo oral nele e que não falou nada antes para "protegê-la".

Apesar das mudanças, Dani Alves negou que tenha agredido sexualmente a mulher em todos os depoimentos. A denunciante, por sua vez, se manteve firme e ratificou a versão inicial.

No início de janeiro, Dani Alves já tinha vindo a público negar que tivesse acontecido algo na boate. Em um programa espanhol de TV, o jogador assegurou que não conhecia a mulher e que estava "dançando e curtindo sem invadir o espaço dos outros".

As declarações do jogador entram em conflito com a versão da suposta vítima e com os indícios obtidos pela investigação. A polícia espanhola já ouviu diversas testemunhas, além de ter analisado as câmeras de segurança do local e os laudos periciais realizados.

Outros motivos para a prisão preventiva:

  • Daniel Alves não reside na Espanha.
  • A situação financeira do jogador poderia permitir que ele saísse rapidamente do país.
  • A cidadania do lateral, já que o Brasil não possui acordo de extradição com a Espanha.

Entenda a acusação

  • O crime teria ocorrido no dia 30 de dezembro de 2022. Após Dani Alves prestar depoimento sobre o caso, a juíza espanhola Maria Concepción Canton Martín determinou a prisão sem direito a fiança.
  • O brasileiro vai ficar preso até a investigação terminar. Ele passou por exame médico e psicológico antes de ser encaminhado para a cela.
  • A Justiça segue investigando o ocorrido, tomando depoimento de testemunhas, fazendo a perícia do local e avaliando os exames médicos. Ele pode pegar até 12 anos de prisão.

O relato da suposta vítima é explícito e contundente, de acordo com as investigações, e um exame teria constatado lesões características de abuso.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.