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'Caso Daniel Alves está só no começo': Repórter explica os próximos passos

Do UOL, em São Paulo

26/01/2023 10h00

Daniel Alves está detido em Barcelona desde a última sexta-feira, após ser acusado de agressão sexual por uma mulher de 23 anos. O UOL entrevistou de maneira exclusiva Ester García López, advogada da jovem.

O UOL News Esporte trouxe mais detalhes sobre a entrevista. Os repórteres Talyta Vespa e Thiago Arantes, que conversaram com Ester García López, detalharam os próximos passos na investigação do caso.

"Ela falou algumas vezes na entrevista, estamos ainda bem no começo. Ainda vamos ter mais depoimentos, de funcionários da discoteca que ainda não foram ouvidos, de pessoas próximas à denunciante também, que estiveram com ela. Vamos ter mais indícios que são recolhidos. Pelo que ela nos explicou, a defesa do Daniel Alves não vai apresentar recurso amanhã porque ganhou um tempo extra até a semana que vem. Até terça-feira, a defesa deve apresentar um recurso pedindo uma liberação, que ele espere o julgamento em liberdade. Durante esse período, com recurso ou não, depois que for feito o recurso, as partes, tanto Ministério Público quanto a assessoria jurídica da denunciante vão apresentar alegações para impedir que esse recurso seja acatado", disse Thiago Arantes.

"Paralelamente a isso, continuam sendo recolhidos indícios. Eles são apresentados à juíza de instrução. Pelo que a advogada nos falou, o período de investigação pode durar até um ano. Nesse caso, por ele já estar em prisão provisória, que é algo que causa certa urgência no processo jurídico, e também por ser um caso muito midiático, é muito possível que haja uma pressão para que ande mais rápido que o normal", detalhou o repórter.

Estado da denunciante

Ela ainda não dorme à noite. Outra coisa que a Ester disse é que tentam blindá-la dos noticiários, porque você liga a televisão, ainda mais lá (na Espanha), fala-se disso o tempo todo. Então eles estão tentando blindá-la, para que ela se abale menos. Ela está fazendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico, mas ainda não está sendo suficiente, a situação está bem complicada", disse Talyta Vespa.

Caso pode ser um marco no combate à violência sexual

"Sobre ser um marco, acho que com certeza. Vou tomar a liberdade de citar uma frase da Ester, porque achei que ela fala muito bem sobre isso. Ela diz que, muitas vezes, 'esses homens famosos acham que estão acima do bem e do mal'. A partir do momento em que se vê pela primeira vez uma situação contundente, de prisão provisória, acho que é um marco sim, e ela também acha. 'Independentemente de como acabar, a forma como começou foi muito importante. Não só para a gente, mas para todas as mulheres do mundo'. E eu concordo totalmente com ela, acho que é um avanço", disse Talyta Vespa, citando a advogada.

"Sociedade não diz para homens não estuprarem"

"A sociedade diz para a gente 'Não se deixe estuprar'. A sociedade não diz para os homens 'Não estupre'. É diferente. Isso é uma cultura. A mulher que fala: 'Eu fui abusada sexualmente', ao falar a frase, ela já está no banco dos réus", disse Milly Lacombe.

"Futebol é extremamente machista"

"Não virá (nenhum comentário) porque a cultura é machista. Porque o futebol é extremamente machista. Ninguém vai falar. Não falaram na época do Robinho. Não falaram na época do Cuca. O Mike Tyson, hoje, está sendo acusado de novo de estupro. O mesmo Mike Tyson que já havia sido preso por estupro. Acho que isso aí infelizmente é uma coisa que precisa de muita luta. Mas precisa também de exemplos. Esse caso Daniel Alves pode ser um ótimo exemplo", disse Renato Mauricio Prado.

Confira o programa na íntegra