Daniel Alves: Denunciante não consegue dormir; ação rápida ajudou denúncia
Daniel Alves está detido em Barcelona desde a última sexta-feira, após ser acusado de agressão sexual por uma mulher de 23 anos. O UOL entrevistou de maneira exclusiva Ester García López, advogada da jovem.
O UOL News Esporte trouxe mais detalhes sobre a entrevista. Os repórteres Talyta Vespa e Thiago Arantes, que conversaram com Ester García López, informaram sobre o estado atual da denunciante.
"Ela não está nada bem. Você tocou num ponto que acho importante, são muitos indícios porque houve rapidez na denúncia, na assistência a essa mulher. A Ester fala que ela já saiu da discoteca de ambulância. Isso evitou que ela fizesse coisas que mulheres que são violentadas acabam fazendo, porque ficam com nojo, asco, que é querer se lavar, lavar as roupas íntimas. Como ela foi direto de ambulância, não deu tempo de ela pensar em nada disso. Então os indícios estavam todos ali. Segundo a Ester, ela não ingeriu álcool naquele dia, o que fez ela ter lembranças muito claras do que aconteceu. Aí ela teve um depoimento muito conciso e sem contradições, o que não é uma regra. Mesmo quando a mulher realmente foi vítima de violência, ela tem contradições, porque as lembranças demoram a vir, e não foi o caso ali", disse Talyta Vespa.
"Então tudo isso facilitou na hora de a Justiça determinar a prisão provisória do Daniel Alves, juntamente à possibilidade de ele fugir, já que tem dupla nacionalidade e condição financeira favorável. Ela ainda não dorme à noite. Outra coisa que a Ester disse é que tentam blindá-la dos noticiários, porque você liga a televisão, ainda mais lá (na Espanha), fala-se disso o tempo todo. Então eles estão tentando blindá-la, para que ela se abale menos. Ela está fazendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico, mas ainda não está sendo suficiente, a situação está bem complicada", adicionou a repórter.
Caso pode ser um marco no combate à violência sexual
"Sobre ser um marco, acho que com certeza. Vou tomar a liberdade de citar uma frase da Ester, porque achei que ela fala muito bem sobre isso. Ela diz que, muitas vezes, 'esses homens famosos acham que estão acima do bem e do mal'. A partir do momento em que se vê pela primeira vez uma situação contundente, de prisão provisória, acho que é um marco sim, e ela também acha. 'Independentemente de como acabar, a forma como começou foi muito importante. Não só para a gente, mas para todas as mulheres do mundo'. E eu concordo totalmente com ela, acho que é um avanço", disse Talyta Vespa, citando a advogada.
Próximos passos da investigação
"Ainda vamos ter mais depoimentos, de funcionários da discoteca que ainda não foram ouvidos, de pessoas próximas à denunciante também, que estiveram com ela. Vamos ter mais indícios que são recolhidos. Pelo que ela nos explicou, a defesa do Daniel Alves não vai apresentar recurso amanhã porque ganhou um tempo extra até a semana que vem. Até terça-feira, a defesa deve apresentar um recurso pedindo uma liberação, que ele espere o julgamento em liberdade. Durante esse período, com recurso ou não, depois que for feito o recurso, as partes, tanto Ministério Público quanto a assessoria jurídica da denunciante vão apresentar alegações para impedir que esse recurso seja acatado", disse Thiago Arantes.
"Sociedade não diz para homens não estuprarem"
"A sociedade diz para a gente 'Não se deixe estuprar'. A sociedade não diz para os homens 'Não estupre'. É diferente. Isso é uma cultura. A mulher que fala: 'Eu fui abusada sexualmente', ao falar a frase, ela já está no banco dos réus", disse Milly Lacombe.
"Futebol é extremamente machista"
"Não virá (nenhum comentário) porque a cultura é machista. Porque o futebol é extremamente machista. Ninguém vai falar. Não falaram na época do Robinho. Não falaram na época do Cuca. O Mike Tyson, hoje, está sendo acusado de novo de estupro. O mesmo Mike Tyson que já havia sido preso por estupro. Acho que isso aí infelizmente é uma coisa que precisa de muita luta. Mas precisa também de exemplos. Esse caso Daniel Alves pode ser um ótimo exemplo", disse Renato Mauricio Prado.
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