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Derrota aumenta pressão, e Odair expõe dificuldade por reforços no Santos

Eduardo Nunes

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/02/2023 21h54

O técnico Odair Hellmann não escondeu a insatisfação após a derrota do Santos por 3 a 1 para o Palmeiras hoje (6), no Morumbi. Após o clássico da sexta rodada, o treinador lamentou o grande número de lesões no elenco e a dificuldade para trazer novos jogadores ao Peixe, ainda durante o Campeonato Paulista.

"O que vou dizer é que desde que cheguei estamos tentando qualificar o grupo. Muitas coisas não deram certo, jogadores não quiseram vir para cá. Vocês acham que estou parado olhando para as praias de Santos?"
disse Odair Hellmann, em coletiva de imprensa pós-jogo.

Como reverter a situação? É o que estou fazendo desde o início. Estou dando moral a todos do grupo, tentando tirar o peso dessa cobrança. É uma dificuldade técnica que não vem de agora, está há dois anos. Isso se reflete quando se empata dois jogos em casa. Um em casa, né. na Vila. Outro em um estádio que você não tem o hábito de jogar, mas foi nossa melhor partida [diante da Ferroviária, no Canindé]. Mais do que merecer, temos que bolar na rede, para ter tranquilidade, gerar essa estabilidade para que que busque as melhores peças. Perdemos Soteldo, João Paulo no jogo, Carabajal, que sentiu uma lesão, Felipe Jonatan, Rodrigo Fernandéz...

São muitas situações que geram mais dificuldade, junto com essa pressão. Cabe a nos fortalecer o grupo e buscar soluções para encontrar uma vitória que dê calma e estabilidade e a gente possa seguir fazendo o trabalho. Se não, sem um momento de respiro, de tranquilidade, as coisas não vão ter um futuro próximo e mais dificuldades. Não é momento de apontar dedos. Falarei e cobrarei internamente, mas vou lá buscar e dar um abraço no cara, falando que acredito nele. Precisamos reverter essa situação o mais rápido possível. Essa pressão gera uma intranquilidade e uma falta de confiança. Sem isso, o atleta perde na parte técnica, de tomada de decisão.

Análise do jogo: Até o primeiro gol, o jogo estava normal. Conseguíamos marcar bem. Aí sai um jogador e, justamente, tomamos no primeiro pau, onde era o posicionamento. O Marcos Leonardo era no primeiro pau e ele estava fora na hora do desvio. Aí desestabiliza. É a quarta ou quinta partida que sai atrás, o time dá uma caída. Não conseguíamos mais fazer uma transição limpa, aí o Palmeiras retoma e entra no jogo deles. Estancamos e com 49 sofremos outro gol de desvio no primeiro pau, de bola parada. Se vai para o intervalo com 1 a 0, poderíamos pensar em alterações diferentes. Temos que continuar com energia. Nesse jogo não conseguimos fazer mais nada. Temos lições e aprendizados para buscar o resultado na quarta.

Entrada do Maicon na vaga do Marcos Leonardo: Pode gerar uma situação, porque botou o terceiro zagueiro e não mais um atacante? Curioso que, depois disso, fizemos o gol. Coloquei, pois o jogo estava 3 a 0 e o Lucas Pires não tinha mais condições de estar em campo. Coloquei um atacante de lateral esquerdo. 3 a 0, com um emocional buscando. Se você não faz um movimento para preencher um espaço e dar um respiro, você toma 4, 5, 6... O terceiro gol foi um chutão para frente, que pegou o atacante no meio dos nossos zagueiros. Sem lateral, com jogadores desgastados... Botei um zagueiro para trazer uma estabilidade, pois estava com um a menos. Você vai virar o jogo botando um atacante? Vamos ter honestidade! Era o momento de calma, proteção, para não levar mais gols. Saber reconhecer o momento. Não é questão de cultura. O Santos é enorme, talvez o maior da história. Mas aquele momento, de 3 a 0, é o momento de estabilizar. Não vamos partir para essa discussão. Não vamos discutir, pois fica muito fácil para mim: colocamos o zagueiro e fizemos os gols. E isso não tem nada a ver. É saber reconhecer o momento, quando a gente sabe, estamos próximos de enxergar as coisas e dar um passo para frente. Temos que reconhecer que o momento não é bom, que precisamos correr mais que os outros. Para um passe regular e depois dar dois para frente. Agradeço por poder explicar.

Queda após sofrer o gol: Conseguimos competir e fazer um bom jogo até tomar o primeiro gol. Ali o jogo estava igual. A partir dali, desequilibrou em favor do Palmeiras, muito mais em ações que a gente controlava a bola e perder, errar o passe, dando aquilo que o palmeiras quer. Tomamos um contra-ataque perto do penúltimo passe que e a bola rebate, cai perto do Dudu e quase sai o gol. O Palmeiras joga junto há três anos, leve e solto. Não vivemos esse momento. Precisamos de solidez para buscar esse momento. Depois do gol geramos condições, estancamos e sofremos outro gol aos 49, da mesma forma.

Torcida impaciente: O torcedor não está tranquilo há dois anos e três meses. Como virei aqui falar para ficar tranquilo para quarta? Eles estão tristes e têm a razão deles pelo processo. Não posso também, como comandante, que não acredito, que vamos encontrar soluções, visualizar novas situações. Não tenho tempo para treinar, mas vou. Não estou feliz também mas acredito. Respeito o torcedor que está chateado, mas preciso olhar para frente, para o amanhã. Para que, em um treino de 15 minutos, a gente posicione e consiga o resultado. Se a gente repetir o que fizemos no nosso último jogo (Ferroviária), estamos mais próximos da vitória. Nisso que acredito e vou trabalhar para vencer. Posso pedir que o torcedor vá ao estádio e incentive. Se ele achar que tem que vaiar, temos que tapar nosso ouvido. No outro jogo ele também incentivou. É o momento de todos estarem juntos, se fortalecerem para seguir em frente. Não tenho tempo de ficar chateado, ficarei a noite toda acordado, torcendo para que mais ninguém se machuque e eu faça as estratégias para o próximo jogo.

Chegada de contratações: Não vou falar de reforços publicamente. O que vou dizer é que desde que cheguei estamos tentando qualificar o grupo. Muitas coisas não deram certo, não quiseram vir para cá. Vocês acham que estou parado olhando para as praias de Santos? Não trouxemos porque não conseguimos. Recebemos muitos 'nãos'. Ficamos dias esperando uma negociação e não acontece. Aí gera essa situação. Vieram quatro, tentamos mais e não concretizamos. Seguiremos até o último dia tentando para seguir em frente. Parece que não está buscando. Está se buscando, já se tentou 3, 4, 5 em uma função. Tomara que a gente consiga até o dia 10. Vamos qualificar o grupo, gerar uma disputa, uma característica diferente. Também preciso treinar o time, eu deveria focar nisso para encontrar solução. Esclareço para o torcedor que tentamos, buscamos. Vamos seguir tentando, sempre fortalecendo os que aqui estão, dando seu máximo para gente melhorar a situação.

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