Sob ataques racistas na Espanha, Vini Jr é acolhido na África: 'é como nós'
Depois de meses sofrendo com ataques racistas na Espanha, Vinícius Júnior encontrou carinho e acolhimento em um país africano, durante a disputa do Mundial de Clubes do Marrocos, com o Real Madrid. O atacante brasileiro foi, com folga, o jogador mais ovacionado na vitória merengue por 4 a 1 sobre o Al Ahly, na semifinal, em Rabat, e tem sido procurado e demandado como grande estrela por torcedores locais e estrangeiros, algo muito diferente do que acontece na Espanha.
Presente na partida entre Real Madrid e Al Ahly, no estádio Moulay Abdalah, o UOL conversou com marroquinos simpatizantes do time merengue que compareceram ao jogo, e a fala que chamou mais a atenção foi a do jovem Ahmed Al-Sabah, de 24 anos:
"O Vinícius sofre preconceito porque é como nós. Ele é negro e latino. Nós somos africanos e também sofremos preconceito. Para alguns é difícil aceitar quando um de nós faz sucesso pelo seu talento".
Durante a partida, Vinícius Júnior teve seu nome gritado no primeiro e no segundo tempo. Para brindar o carinho, o brasileiro fez um bonito gol e ainda foi eleito o melhor jogador em campo pela Fifa, recebendo um troféu da entidade. Na saída, atendeu a vários pedidos parar tirar fotos com funcionários do estádio, a maioria de origem marroquina.
MVP
@ViniJr#ClubWC pic.twitter.com/DlM3O9L3Cw
— Real Madrid C.F. (@realmadrid) February 8, 2023
Perseguição começou só na Espanha e não abala Vinícius
Atual gerente de transição do Flamengo, Carlos Noval conhece Vinícius Júnior como poucos. Os dois chegaram juntos ao clube, quando o atacante tinha apenas dez anos. Na época, o dirigente era diretor-executivo da base. Segundo ele, desde bem novo, Vini já era preparado mentalmente e não se abalava com nada.
"O Vinícius sempre foi um menino que pulou etapas. Ele já era um garoto maduro para a idade dele. E isso ele mostrava no campo também, nas atitudes dele. Então é algo natural. Ele tem essa parte mental muito forte, nada abala ele. Se jogar no Maracanã para 70 mil pessoas ou uma pelada, para ele será a mesma coisa. A parte mental dele realmente é muito forte", disse.
Noval lamenta que Vinícius Júnior esteja enfrentando estes tipos de problemas na Espanha, algo que nunca ocorreu com ele no Brasil.
"Para nós é muito difícil, porque isso nunca aconteceu no Brasil enquanto ele jogava aqui. Todos os times respeitavam ele, os jogadores adversários e as torcidas adversárias, pelo que ele fazia em campo. É um espanto ver uma situação dessa, porque é inimaginável para nós"
Brasileiro que há anos mora em Madrid cobrindo o Real e o Atlético, o jornalista Fernando Kallás, da "Reuters", aponta que, mesmo dentro da Europa, o racismo contra Vinicius Júnior tem sido restrito à Espanha.
"É uma coisa que existe somente dentro da Espanha. Não tem problema quando ele joga na Champions League, não teve problema quando ele jogou a Copa do Mundo e não vai ter problema quando ele jogar aqui [no Marrocos]. É uma coisa muito louca, porque entre os torcedores do Real Madrid ele é o jogador mais querido. Você vai num jogo do Real Madrid, todas as crianças estão com a camisa do Vinícius Júnior. É impressionante", disse ao UOL.
Jornalista espanhol do "Marca", veículo de Madrid, Toribio Miguel Ángel corrobora a tese de Kallás, avaliando que tudo isso acontece como uma reação desesperada diante da qualidade de Vinícius dentro de campo.
"O problema do Vinícius está na Espanha, na La Liga e na Copa do Rei. Os rivais se desestabilizam, o insultam e o provocam porque o Vinicius é um jogador desequilibrante", concluiu o repórter, que também está presente na cobertura do Mundial de Clubes.
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