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Ex-Flamengo deixa ameaças de morte para trás e reconstrói a vida no Japão

Matheus Sávio está no Kashiwa Reysol (JAP) há três anos e meio - Reprodução/Instagram
Matheus Sávio está no Kashiwa Reysol (JAP) há três anos e meio Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

11/02/2023 04h00

Em entrevista ao UOL, Matheus Sávio revela ter recebido ameaças de morte quando estava no Flamengo.

Hoje no futebol japonês, ele fala da relação com os torcedores e a vida que construiu do outro lado do mundo.

Sávio afirma não ter vontade de voltar ao futebol brasileiro.

O jogador admite que poderia ter sido mais profissional quando subiu no Flamengo.

Carreira em ascensão

Matheus Sávio vem da melhor temporada da carreira após dois anos sofrendo com lesões e cirurgias no tornozelo. Ele está no Japão desde junho de 2019 e é o camisa 10 do Kashiwa Reysol, time comandado pelo técnico Nelsinho Baptista.

Aos 25 anos, ele vive com a mulher e o filho Benjamin, que nasceu no Japão há um ano e oito meses. A família não pensa em voltar ao Brasil tão cedo, por muitos fatores, incluindo a sensação de insegurança depois das ameaças de morte há seis anos.

O que vivi no Brasil foram ameaças, a mim, minha mãe e minha esposa. No Japão é diferente, somos respeitados como atletas e pessoas. O futebol mexe muito com a paixão das pessoas, mas, no Brasil, há uma falta de respeito, não se separa o jogador da pessoa que ele é. São vários casos [de agressões e ameaças]. No Japão um caso desse é inimaginável: a torcida também cobra no campo, mas na rua conseguimos conviver normalmente."
Matheus Sávio, comparando a relação com torcedores dos dois países.

O que aconteceu no Flamengo

Matheus Sávio foi apontado como vilão do time da Libertadores de 2017, porque perdeu duas disputas de bola que acabaram em gols do San Lorenzo e eliminação. Ele vivia o primeiro ano completo no profissional e ficou marcado.

Depois disso, foi emprestado três vezes: primeiro para o Estoril (POR), depois CSA-AL e por último o Kashiwa Reysol, de onde não voltou mais.

"Subi cedo para o profissional, bem jovem. Tenho consciência de que poderia ter sido um pouco mais profissional quando subi. Morava sozinho, poderia ter o acompanhamento de nutricionista, me alimentar melhor, não beber. Isso me prejudicou bastante e tenho consciência disso. Não consegui ter tantos minutos quanto gostaria, e acabou que saí", resume o jogador.

As mensagens de ódio impactaram o início de carreira, mas ele tem o cuidado de não generalizar: repudia as ameaças que sofreu e vê a violência como problema crônico do futebol brasileiro, mas admira a torcida do Flamengo como um todo.

A retomada no Japão

Matheus Sávio e o filho Benjamin - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Matheus Sávio e o pequeno Benjamin
Imagem: Reprodução/Instagram

Sávio vai para a quinta temporada no futebol japonês. Na última, fez oito gols e deu seis assistências.

Ele curte a boa fase e mira o primeiro título no país, mas valoriza também a paz que encontrou fora do campo: encantou-se pela cultura japonesa e está animado para ver o filho começar na escola, em alguns meses. "Minha família estando feliz, meu rendimento é melhor", diz.

A liga japonesa começa no sábado que vem (18).

No ano passado, o Kashiwa Reysol brigou entre os primeiros, mas teve uma reta final muito ruim e terminou em sétimo. Desta vez, Matheus Sávio espera uma regularidade maior. A estreia é contra o Gamba Osaka.

Em 2022 tive a melhor temporada da minha carreira. Vinha de dois anos muito complicados, sofrendo com lesões e cirurgias, mas consegui dar a volta por cima e tive uma grande temporada. Quero manter e fazer um ano ainda melhor."
Matheus Sávio.