Sampaoli revê na Europa sonho de consumo da época de Santos e Atlético-MG
A partida entre Sevilla e PSV, hoje (16), às 17h, pela segunda fase da Liga Europa coloca frente a frente o técnico Jorge Sampaoli, hoje na equipe espanhola, e o brasileiro Mauro Júnior, um dos sonhos do argentino que treinou Santos e Atlético-MG no Brasil.
O treinador, que ficou conhecido por pedir muitos reforços, quase conseguiu levar o jogador do PSV tanto para o Peixe quanto para o Galo. A negociação ficou por detalhes, mas Mauro Júnior seguiu na Holanda e pode completar 100 jogos se entrar em campo hoje.
"Quase deu certo três anos atrás de eu ir para o Santos e depois também para o Atlético-MG com o Sampaoli. Eu não estava jogando aqui no PSV e tinha decidido que precisava jogar, queria uma oportunidade. Não deu certo por detalhe. O PSV queria emprestar e eles queriam comprar uma porcentagem. Eu estava disposto a ir, queria voltar a jogar. Infelizmente ou felizmente acabou não dando certo. Estou bem aqui agora e meu foco é ficar no PSV", contou em entrevista ao UOL Esporte.
Na época, Mauro Júnior ainda atuava no meio-campo, posição em que surgiu para o futebol no Desportivo Brasil. Hoje, no entanto, ele se tornou um lateral que pode jogar de ambos os lados do campo.
A mudança para a lateral foi ideia de Roger Schmidt, hoje treinador do Benfica. No ano passado, Mauro atuou mais como lateral-direito, mas neste ano o meia, que é canhoto, vem jogando na ala esquerda com o técnico Ruud van Nistelrooy.
"No ano passado eu não estava tendo muita oportunidade e o Roger Schmidt perguntou se eu estava disposto a treinar como lateral. No primeiro treino já fui bem e ele quis me colocar para jogar na lateral. Falei que o importante era jogar. Comecei a jogar na lateral esquerda e aí o nosso lateral-direito se machucou. Como não tinha ninguém, eu tive que ir para a direita. No começo foi difícil de me adaptar defensivamente, mas consegui rapidamente. O que me fortaleceu foi o treinador ter me passado confiança" Mauro
Antes de quase ir parar no Santos e no Atlético-MG, ele já tinha rejeitado o Galo e também o São Paulo. Isso se deu ainda aos 13 anos, quando o jogador optou por assinar com o Desportivo Brasil.
"Foi decisão minha e dos meus empresários. Ele tinha mais a visão de como seria o projeto e onde eu poderia fazer mais sucesso. Estava muito empolgado para ir para um clube grande, principalmente o São Paulo. O que pesou na tomada de decisão foi que se eu fosse para o São Paulo seria bom, mas teria possibilidade de ser apenas mais um, enquanto no Desportivo Brasil o projeto era para eu ser 'o cara', a equipe jogar em volta de mim e eu poderia crescer mais. E foi o que aconteceu. Não me arrependo
Confira outras respostas da entrevista exclusiva ao UOL Esporte
Encontro com Sampaoli
"Será uma grande honra poder jogar contra o time do Sampaoli. Ele é um dos grandes treinadores do futebol mundial e já comprovou isso nos clubes onde passou. Eu fico feliz que um profissional da qualidade dele tenha se interessado pelo meu trabalho, pois isso significa que estou no caminho certo e só me dá motivação para seguir me dedicando dia a dia. Sobre o jogo, tenho certeza de que será uma partida bem complicada e corrida, pois os times treinados por ele são bem intensos e jogam de uma forma bastante ativa".
Chegada ao Desportivo Brasil
"Com 13 anos joguei um amistoso contra o Desportivo Brasil, ganhamos de 4 a 2 e eu fiz dois gols. A partir dali começou o vínculo com o Desportivo porque eles me queriam já na outra semana no clube, assinar pré-contrato como jogador de base. Joguei Copa Nike sub-15 aos 14 anos e fui o melhor do campeonato. De repente, veio a convocação para a seleção sub-15. Foi tudo muito rápido. Foi bom vestir a camisa da seleção em todas as categorias de base. Cheguei a jogar profissionalmente pelo Desportivo, não como titular, mas tive alguns minutos".
PSV
"Com 15 anos eu comecei a ser monitorado pelo PSV. Fiz um teste e o pessoal gostou. Depois de três meses, eu voltei para um novo teste e novamente gostaram. Com 16 anos a gente fez meio que um pré-acordo verbal para que eu me transferisse para o PSV quando completasse 18 anos. Estou na Holanda há quase seis anos já".
Vontade de atuar no Brasil
"A gente cresce vendo futebol brasileiro. Sempre sonhei em jogar em algum clube do Brasil. Futebol brasileiro é paixão, amor, torcida, a gente vive pelo futebol. Sonho em jogar, sim. Difícil falar algum time, mas tenho esse sonho. Quem sabe futuramente".
Adaptação na Holanda
"As minhas vindas antes de morar me ajudaram muito. Ficava algumas semanas e voltava. Isso fez com que eu conhecesse os jogadores e isso ajudou na adaptação. Quando vim morar, já conhecia todo mundo no clube e já tinha amizades no time. Tinha um menino, Leandro, que era da Angola e falava português, então ajudou muito no começo. Foi difícil, sim, mas a gente vem para superar tudo que tiver que superar para chegar na primeira equipe. Eu vim para o Jong PSV, que joga a segunda divisão. Joguei quatro meses e tive a oportunidade de treinar um dia no profissional e deixei tudo nesse treino, deixei a vida, corri mais que todo mundo. No outro dia, o treinador no vestiário falou que não era possível que um jogador da base vinha e corria tanto quanto eu corri no treino, que os caras tinham que correr igual. E aí começou minha trajetória no profissional do PSV. O treinador era o Phillip Cocu. Como ele era jogador, ele me deu moral depois disso e fiz minha estreia profissional com ele".
Vestiário com o técnico Ruud van Nistelrooy
"Ele sabe manejar muito bem o grupo fora de campo também, isso é importante. É o primeiro ano dele como treinador, não estamos no nosso melhor ano, mas tem que ter um pouco de paciência também. Mas a forma de jogar e principalmente o vestiário é muito bom. Ele sempre é sincero com os jogadores. Agora estou passando um fase no banco, mas sinto que tenho muito apoio dele, que quando aparecer uma oportunidade tenho de estar preparado. Ele sabe manejar o grupo muito bem, isso é uma qualidade. E taticamente não tem o que falar, o homem entende demais de bola".
Nistelrooy é poliglota
"A gente fala muito inglês porque nossa equipe tem muitos jogadores de fora e a maioria fala inglês. Só tem um jogador que não fala mais de um idioma que é o Sangare, que fala francês e sempre tem alguém para traduzir para ele. A palestra do van Nistelrooy normalmente é em inglês, mas ele fala as mesmas coisas também em espanhol e um pouco em francês. É uma mistura de línguas, até engraçado".
Relação PSV-Brasileiros
"Tem demais de Romário, Ronaldo e Gomes aqui. Tive a oportunidade de conhecer o Gomes, cumprimentar o Romário. No estádio tem muitas coisas deles. Isso pesou na escolha do PSV. A história com brasileiros é muito boa. Desde que estou aqui senti uma receptividade por parte do clube e da torcida. A relação com brasileiro é muito boa e não tem como ser ruim com esses caras que já passaram por aqui. Não estou aos pés desses caras, mas quero fazer a minha história também. Essa história faz com que eles queiram mais brasileiros aqui".
Xavi Simons
"Ele é muito bom jogador. Muito bom. Ele é mais espanhol que holandês, viveu mais em Barcelona que na Holanda. O ponto mais forte dele é a mentalidade, ele não gosta de perder nem em ping-pong. É muito competitivo. Dentro de campo, é muito rápido, a bola gruda no pé dele, finaliza muito bem. Não à toa está com esses números absurdos. E ele é muito novo ainda. Ele já era famoso desde os 15 anos. É bom compartilhar vestiário com ele, é muito humilde, conversa com todo mundo, fala cinco línguas... Graças a deus só está ajudando nossa equipe. Ele comentou que a escola do Barcelona sempre foi muito boa, mas ele optou pelo PSG porque queria uma oportunidade no time de cima. Ele acabou jogando pouco no time principal do PSG e acho que a escolha de vir para o PSV foi para jogar. Na idade em que ele está, ainda novo, uma grande promessa do futebol, ele precisa estar feliz e jogando".
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