Daniel Alves completa um mês preso e situação pode ser definida amanhã
Nesta segunda-feira (20), a prisão de Daniel Alves completa um mês. O jogador brasileiro investigado por estupro foi detido após prestar depoimento à Justiça catalã em 20 de janeiro. Amanhã (21), o Tribunal de Justiça deve decidir se Daniel Alves responderá em liberdade ou se permanecerá preso.
O que aconteceu?
Uma mulher de 23 anos afirmou ter sido estuprada por Daniel Alves na boate Sutton, na madrugada de 31 de dezembro. Ela foi vista chorando por um segurança da casa noturna, que a levou para uma sala reservada e começou a aplicar o protocolo "No Callem", peça importante para todo o desenrolar do caso.
A mulher contou ao segurança o que havia acontecido, e ele imediatamente ligou para a polícia catalã, que foi até o local e já o interditou para a coleta de provas. A mulher foi levada ao hospital de ambulância e, devido à rapidez do exame de corpo de delito, muitos indícios puderam ser coletados.
Ela fez um boletim de ocorrência e, no próprio hospital especializado no atendimento de mulheres vítimas de violência, já foi apresentada a uma advogada para que desse início ao processo contra o brasileiro.
Prisão e trapalhadas da defesa
Em 20 dias, Daniel Alves, que jogava no Pumas, do México, foi para Barcelona com a esposa participar do velório da sogra. Sob a defesa da advogada pessoal da família Miraida Puente, que auxiliava o jogador no desenrolar de burocracias, ele se apresentou à Justiça catalã para que fosse coletado seu depoimento.
Daniel foi detido. Ele já havia dado uma entrevista a uma televisão espanhola negando a denúncia e dizendo que nunca havia visto a mulher na vida. No depoimento, no entanto, ele mudou a versão. Coisa que repetiu por mais três vezes em um mês. Devido à inconsistência nos depoimentos do brasileiro e ao risco de fuga -uma vez que Alves jogava no México e tem casa no Brasil-, a magistrada optou pela prisão provisória.
Daniel Alves foi levado para a penitenciária de Brians 1, mais antiga e menos tecnológica que sua atual residência, Brians 2. Ficou em Brians 1 por três dias, onde passou por alguns ritos-base: retirada de documentos de detento e exames médicos. Foi transferido para um presídio cheio de regalias, como piscina, atividades artísticas e esportivas: Brians 2.
Foi nesse mesmo período que Miraida passou a dividir o caso com o experiente Cristóbal Martell, um dos advogados criminais mais famosos de Barcelona. A adição de Martell escanteou Miraida, que sequer participou da audiência para análise do recurso à prisão.
Vítima medicada
O UOL entrevistou com exclusividade a advogada que defende a denunciante, Ester García López, no fim de janeiro. Segundo ela, a vítima está medicada com remédios psiquiátricos, uma vez que vive um "estresse pós-traumático". A mulher, ainda, faz tratamento antiviral para evitar a manifestação de quaisquer ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), uma vez que, de acordo com Ester, Daniel Alves não teria usado preservativo durante o estupro.
Ester disse, ainda, que a denunciante não quer ser reconhecida e que a maior tentativa da acusação é blindá-la do bombardeio de informações sobre o caso.
Ela me disse que, se eu aceitasse indenização, ela não me contrataria. Falou 'não quero dinheiro, quero prisão'", disse a advogada.
Defesa de Alves apresenta recurso
Já sob o comando de Cristóbal Martell, a defesa de Daniel Alves apresentou um recurso à Audiência Provincial de Barcelona, pedindo que o jogador fosse solto para aguardar o julgamento em liberdade. No documento, o advogado afirma que o lateral-direito está disposto a adotar medidas cautelares para provar que não fugirá da Espanha, como entregar os passaportes, usar uma pulseira eletrônica e se apresentar periodicamente às autoridades.
O recurso enviado à Audiência não apresentava qualquer versão dos fatos, mas colocava em dúvida o depoimento da denunciante, apontando supostas incoerências. Nos primeiros dias do caso, Daniel Alves havia apresentado ao menos três versões: primeiro, disse que não conhecia a mulher; depois, que ambos estiveram no banheiro mas nada aconteceu; e por fim, que houve apenas sexo oral.
MP e acusação se manifestam contrariamente
No dia 6 de fevereiro, o Ministério Público Espanhol apresentou sua contestação ao recurso. No documento, o MP afirmou que as medidas cautelares propostas pela defesa não eram suficientes para reduzir o risco de fuga, além de mencionar que havia indícios científicos de um crime.
Três dias depois, a advogada Ester García López, que representa a denunciante, também apresentou sua contestação. Além de reiterar os pontos destacados pelo Ministério Público, ela adicionou o exemplo do Caso Robinho -condenado na Itália, porém vivendo livremente no Brasil- para ilustrar o risco de fuga.
Análise do recurso e decisão adiada
Na quinta-feira (16), a Justiça reuniu as partes para iniciar a análise do recurso. Na Sala 3 da Audiência Nacional, o advogado de defesa usou seu tempo para dar uma nova versão dos fatos, afirmando pela primeira vez que houve sexo com penetração, mas alegando que a relação foi consensual.
Uma decisão sobre o caso era esperada para a última sexta-feira (17), mas os três juízes da Sala pediram mais tempo, para observar indícios, reler depoimentos e só então emitir um parecer final. Seja qual for esse parecer da Audiência, ele ainda não será definitivo para o processo -trata-se de uma decisão apenas sobre o recurso, que deve ser apresentada amanhã (21).
O julgamento do caso ainda não tem data para acontecer. A lei espanhola prevê de 4 a 12 anos de prisão para casos de agressão sexual.
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