Uniforme das pessoas mais xingadas do futebol vale milhões em SP
![O árbitro Raphael Claus trabalhou na Copa do Mundo do Qatar e hoje apita o Paulistão - Cesar Greco](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/09/2023/02/23/o-arbitro-raphael-claus-durante-jogo-do-paulistao-1677191271016_v2_450x450.jpg)
Cinco diferentes marcas estampam o uniforme dos árbitros, bandeirinhas e profissionais do VAR nesta edição do Campeonato Paulista. Além da empresa fornecedora de material esportivo, há patrocínios no peito, costas e mangas.
O número é alto e supera até o de alguns clubes que disputam a competição. É o exemplo do São Bernardo, dono da segunda melhor campanha depois de dez rodadas e que só mostra duas marcas em sua camisa de jogo.
Por que as empresas se interessam?
Associar sua marca a uma figura do futebol que costuma ser alvo de xingamentos de todas as torcidas não é uma preocupação das empresas que assinaram contrato com a Federação Paulista de Futebol. Pelo menos é o que dizem os representantes que conversaram com o UOL. O foco é outro: a visibilidade que esse tipo de patrocínio oferece.
A marca tem um destaque muito grande nos juízes em vários momentos do jogo. Na hora da substituição, a câmera sempre foca nas costas do quarto árbitro mexendo na placa e todo mundo consegue ler. Numa transmissão, sempre que vai começar o jogo apresentam o trio de arbitragem e estamos lá. É diferente de patrocinar um clube, porque na arbitragem você consegue uma visibilidade maior, em todos os jogos." Camilo Leles, gerente de comunicação, branding e marketing da Saint-Gobain
A Saint-Gobain patrocina a parte do superior central das costas do uniforme dos árbitros com suas marcas Quartzolit, Brasilit ou Placo. A parte superior das costas estampa FutFanatics. Nas mangas aparece a Poty e no peito a OdontoCompany. A Kappa é a fornecedora de material esportivo.
Paulo Zahr, fundador e presidente da OdontoCompany, não acha que a marca se prejudique com possíveis erros dos árbitros: "Com a adesão do VAR as polêmicas com a arbitragem diminuíram. Mesmo que aconteçam erros, as pessoas entendem que a marca patrocina a arbitragem e não um árbitro em específico." Ele fechou um contrato de cinco anos com a FPF.
Os árbitros cada vez mais têm ganhado protagonismo em função do VAR. Decisões importantes da partida são em momentos em que os árbitros estão presentes. A busca dos clientes é por visibilidade, eles entendem que o árbitro é uma peça importante da partida e é interessante apoiá-los, patrociná-los." Fábio Wolff, diretor da empresa que intermediou os contratos da Poty e da OdontoCompany
O uniforme dos árbitros aparece em média 60 vezes na TV durante uma partida, segundo um estudo de marcas a que o UOL teve acesso. Isso significa mais ou menos quatro minutos direto no ar.
Patrocínio de arbitragem já deu polêmica
Árbitros e auxiliares que trabalham em jogos do Campeonato Brasileiro já entraram na Justiça contra a CBF. Os profissionais diziam jamais terem autorizado ou recebido remuneração pelo uso de suas imagens para fins comerciais, como mostrou o UOL em 2019.
Os valores anuais superavam R$ 5 milhões quando a CBF cedeu a uma empresa o direito de explorar patrocínio no uniforme dos árbitros nas Séries A, B, C e D do Brasileiro. Não havia obrigatoriedade de repasse de alguma porcentagem para os profissionais, o que gerou as reclamações. Hoje, segundo ouviu o UOL, esse valor a nível nacional já chega a R$ 10 milhões.
Desde então, a cessão de imagem foi formalizada, com autorização de uso e remuneração. Ano passado, a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) reclamou que a nova gestão da CBF tinha cortado o repasse e isso poderia causar uma greve dos árbitros, mas nada saiu do plano das ideias.
Acordos na casa dos milhões
Os valores específicos para cada anúncio na camisa de um juiz do Paulistão são difíceis de calcular. Isso porque os contratos das empresas com a FPF envolvem muito mais do que isso: há placas de publicidade, inserções em redes sociais e apoio a outras competições, inclusive femininas. Tem marca que faz publicidade até dentro do gol. É um pacote, então não há mensuração de valores individuais.
R$ 500 mil é uma estimativa mencionada por uma pessoa do mercado para exibição de marca na parte superior das costas no Paulistão inteiro.
O volume de jogos em que as marcas são exibidas vale muito nos bastidores. São mais de 4 mil partidas, entre quatro divisões profissionais, base e feminino. "Pulverizamos nossa marca em todo o Estado e o interior é uma região estratégica para nós", diz Camilo Leles, da Saint-Gobain.
Fábio Wolff, que intermediou o acordo da FPF com a Poty, pensa igual: "Você faz uma aquisição e ela te coloca em muitos campeonatos ao mesmo tempo. Poty é uma companhia com atuação em capital e interior. Para ela, estar em todos os campeonatos da federação faz bastante sentido."
Outro ponto valorizado é a figura de autoridade do árbitro em campo, conta Leles: "Estar presente no uniforme do comandante do espetáculo tem sua importância."
Mais patrocínios diferentões vêm aí
A propriedade do nome, também conhecida como naming rights, do VAR é um produto que tem sido oferecido no mercado. Placas de publicidade de LED que exibam frases inteiras, não só nomes de empresas, tendem a se tornar cada vez mais populares. São algumas das novas formas de patrocínio que departamentos de marketing elaboram para aumentar a renda.
"Veremos patrocínios nada tradicionais no futebol em breve", diz Camilo Leles, que prevê o uniforme dos árbitros como um espaço cada vez mais concorrido para os próximos anos.
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