No Flu, Marcelo foi rival de R. Augusto no futsal e mudou veterano de setor
Marcelo está de volta ao Fluminense, clube onde surgiu para o futebol mundial. Das Laranjeiras a Xerém, o lateral acumula histórias com a camisa tricolor, desde a rivalidade com Renato Augusto ainda nos tempos de futsal até o manejo que "obrigou" a comissão técnica a realizar para utilizá-lo no profissional.
O camisa 12 se tornou um dos primeiros jovens a realizar a transição da quadra para o campo no clube.
Ele se transferiu em 2007 para o Real Madrid, onde atuou até o ano passado. Marcelo se tornou o maior vencedor da história do clube espanhol.
Duelos com Renato Augusto
Marcelo começou no Fluminense no futsal, ainda nas Laranjeiras. Posteriormente, foi para Xerém e fez a transição para o campo, tornando-se um dos primeiros a fazer parte de um processo que é desenvolvido até hoje no clube.
O Marcelo sempre foi um menino que chamava a atenção pela sua técnica, desde novinho. Ele teve uma passagem pelo Helênico e depois veio para o nosso futsal. Nesta época, o Fluminense, que foi o pioneiro neste processo, estava ainda começando a fazer a integração do futsal com o campo. Não era algo comum nos clubes. Em dezembro de 2002, o Marcelo foi para o campo. Foi um dos primeiros a fazer parte deste processo Antônio Garcia, diretor executivo da base do Fluminense, ao UOL
"Ele chegou ao sub-15 e teve uma ótima e rápida adaptação ao campo. O treinador, na época, era o Alexandre Gama, que viu nele um grande potencial e o colocou na lateral-esquerda. Em pouco tempo, já estava atuando no sub-17 e sendo convocado para a seleção", completou.
Nos tempos em que atuava na quadra, Marcelo acabou rivalizando com um outro nome que viria a se tornar famoso no futebol: Renato Augusto.
O meia, que está na segunda passagem pelo Corinthians, foi revelado pelo Flamengo, e também vestiu as camisas do Bayer Leverkusen, da Alemanha, e Beijing Guoan, da China.
Uma das lembranças eram os grandes duelos, na época de futsal, entre o Marcelo, jogando pelo Fluminense, e o Renato Augusto, jogando pelo Hebraica, no futsal. Os dois times faziam grandes jogos e era sempre um show à parte ver os dois meninos se enfrentarem" Antônio Garcia
"Empurrou" Roger para a zaga
Marcelo passou a ter mais aparições no profissional em 2005, sob comando de Abel Braga, mas ainda dividindo-se com o sub-20.
Foi em 2006, porém, que foi promovido de vez, após pedido de Josué Teixeira, que ocupou o cargo interinamente após a saída de Paulo Campos.
"Eu conhecia o Marcelo desde o Juvenil, por causa da avaliação que a gente faz dos atletas que podem ser aproveitados. Essa geração 88 do Fluminense era muito boa. O primeiro jogo dele foi contra o Operário, pela Copa do Brasil", lembra.
O setor tinha o experiente Roger Machado, reforço que tinha vindo do Vissel Kobe, do Japão. Mas Josué achou uma solução.
Promovi o Marcelo, tirei o Roger [Machado] da lateral e o coloquei na zaga, fazendo dupla com o Thiago Silva" Josué Teixeira
O treinador, que atualmente está na Tuna Luso, do Pará, lembra de um episódio no terceiro jogo do lateral, contra o Cene, pela Copa do Brasil.
"O treinador do Cene colocou o lateral-direito para jogar em cima do Marcelo. Esse jogo foi uma loucura, com 20 minutos estava 3 a 3 [terminou com vitória do Flu por 5 a 3]. O Marcelo virou e falou: 'Professor, ele está colocando o lateral em cima de mim'. Eu disse: 'Não tem problema, rouba a bola e dribla ele. Só passa a bola depois que driblar ele'. Ele fez isso, se consolidou no jogo e foi bem, o lateral deles foi substituído. São coisas que acontecem, é acreditar no potencial do jogador"
"Treinador preferido"
A relação entre Marcelo e Josué se manteve após o período em que estiveram juntos no Tricolor. Uma peça que o treinador mostra orgulhosamente é uma camisa do Real Madrid autografada por Marcelo em que é chamado de "treinador preferido".
"Quando fui campeão brasileiro com o Macaé, ele me mandou um vídeo com uma mensagem legal. É uma relação de muito respeito, consideração e carinho. A gente fica feliz de ver um atleta que vimos começar conquistar o espaço dele no Real, na seleção e se tornar referência. A gente fica feliz de ver a carreira que ele construiu e, agora, retorna ao Fluminense, clube que o revelou", disse.
Relação com Xerém
Ainda na temporada 2006, Marcelo foi vendido ao Real Madrid, mas a relação com o Fluminense e, principalmente com Xerém, se manteve.
Nos últimos anos, sempre que teve oportunidade, o lateral fez visitas ao centro de treinamento da base do Tricolor.
"O Marcelo sempre que pôde visitou Xerém. Sempre esteve por aqui no CT. Acho que ele deve ser o Moleque de Xerém que, depois que saiu do clube, mais visitou o nosso CT. Ele tem amigos aqui que jogaram com ele e muitos funcionários, que assim como eu, estávamos aqui quando ele ainda era uma criança e que sempre torceram para o sucesso dele. Sempre que ele vem aqui é muito especial. Ele tira fotos, aconselha os meninos, bate papo. Foi o que ele disse. Ele sempre se sentiu em casa aqui", lembra Antônio Garcia.
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