Ninho: Perícia em apenas 8h pós-incêndio causa estranheza, diz especialista
Após o UOL publicar a denúncia do engenheiro José Augusto Bezerra de que o Flamengo adulterou a cena do incêndio do Ninho do Urubu, o perito legista Nelson Massini disse que causam estranheza as informações da Polícia Civil de que a perícia fez os registros necessários no dia do incidente, em 8 de fevereiro de 2019. O Flamengo também afirma que os elementos para a perícia foram colhidos no mesmo dia.
"Causa muita estranheza a velocidade com que essa perícia foi realizada. Trata-se de um ambiente muito complexo, com muitos fatores para serem analisados, pontos de eletricidade, entrada, ar condicionado, enfim, uma série de itens para serem examinados. E a perícia foi realizada em apenas 8 horas. Pode-se dizer que foi de maneira muito apressada essa perícia", disse Massini.
Ao UOL, o engenheiro José Augusto Lopes Bezerra, da Anexa Energia, acusou Reinaldo Belotti, CEO do Flamengo, de ordenar que um funcionário do clube removesse fios e um disjuntor que ligavam uma caixa de energia aos contêineres que acabaram pegando fogo. A ordem, segundo Bezerra, foi dada no dia 10 de fevereiro, dois dias após o incêndio. O fato, de acordo coma testemunha, poderia ter mudado o rumo das investigações.
Em nota enviada, o Conselho Diretor do Rubro-negro põe em xeque a credibilidade de Bezerra e alega que uma disputa judicial tem influência nas declarações. "O que o clube pode dizer é que jamais o Senhor Reinaldo Belotti pediu a quem quer que fosse para adulterar a cena do local do incêndio, o que seria inútil haja vista a consumação imediata da perícia, logo após ao incêndio, bem antes dessa empresa e seu sócio surgirem no cenário. A assertiva desse senhor, portanto, não se sustenta e dará espaço a novo processo criminal e cível contra ele", informou o Flamengo.
Bezerra forneceu à reportagem fotos que mostravam o antes e depois da retirada dos fios. A pedido da reportagem, Massini analisou as imagens: "A retirada dos fios revelada pelas fotos precisa ser esclarecida para indicar em que momento isso foi feito e por quem, fato esse grave e que pode ter alterado o local dos fatos e levado possível erro na apuração da polícia técnica cientifica", afirmou Massini.
A reportagem apurou que, apesar de oficialmente a polícia informar que a perícia terminou no próprio dia 8, peritos seguiam no local depois dadata. Reportagem do dia 14 de fevereiro, por exemplo, registrou a continuidade dos trabalhos dos peritos da Polícia Civil no CT. Além disso, em depoimento à CPI dos Incêndios, no dia 7 de fevereiro de 2020, o perito Victor Sátiro, um dos responsáveis pelo laudo oficial, afirmou que a equipe "ficou uns 15 a 20 dias no local trabalhando, em seis pessoas".
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