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Família de vítima do Ninho usa denúncia e pede condenação máxima ao Fla

Vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, recebem homenagem em muro próximo ao Maracanã - Bruno Braz / UOL
Vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, recebem homenagem em muro próximo ao Maracanã Imagem: Bruno Braz / UOL

Alexandre Araújo e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

07/03/2023 10h46

Advogados da família de Christian Esmério, um dos jovens que morreu no incêndio no Ninho do Urubu, apresentaram à Justiça a matéria publicada pelo UOL ontem (6), na qual o engenheiro José Bezerra faz denúncias contra Reinaldo Belotti, CEO do Flamengo.

Os familiares do goleiro ainda não fecharam acordo indenizatório com o Rubro-Negro. O processo corre na 33ª vara cível da capital.

José Bezerra diz que Belotti mandou um funcionário arrancar partes de uma instalação elétrica problemática enquanto a investigação das causas do acidente ainda acontecia.

"As acusações de que o Clube réu manipulou a área de perícia são seríssimas e, infelizmente, diante dos e-mails, relatos, matérias e pareceres soam verídicas", diz trecho do documento.

"É fato incontestável que o clube réu contribuiu em muito para o ocorrido, devendo o mesmo ser condenado ao máximo, até mesmo como forma punitiva e pedagógica", aponta outro trecho.

Advogados da família de Christian Esmério usam denúncia de engenheiro ao UOL - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O Flamengo fechou 10 acordos em 11 negociações, sendo a mais recente com a mãe de Rykelmo, em dezembro de 2021.

Advogadas de famílias de algumas das vítimas fatais, porém, apontam que podem rever o acordo diante das denúncias feitas por José Bezerra.

O incêndio, que aconteceu em fevereiro de 2019, deixou 10 jovens mortos e outros três feridos.

Christian Esmério, goleiro do Flamengo que foi vítima fatal do incêndio no Ninho do Urubu - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Christian Esmério, goleiro do Fla, foi vítima fatal do incêndio no Ninho
Imagem: Reprodução Instagram

Clube nega acusações

Ao tomar conhecimento das acusações do engenheiro José Augusto Bezerra, o Flamengo, por meio de nota de seu Conselho Diretor, rebateu as acusações que classificou de inverídicas.

"A assertiva desse senhor, portanto, não se sustenta e dará espaço a novo processo criminal e cível contra ele. O Flamengo não tem nada a esconder, muito ao contrário, sempre colaborou com as autoridades, sempre atendeu às famílias e entende que essa é uma história que deve ser analisada e julgada pelas autoridades", diz trecho de resposta enviada ao UOL.

Procurado, o clube não se pronunciou sobre as possíveis movimentações dos advogados das famílias e voltou a negar que Belotti tenha adulterado a cena.

O Rubro-Negro alegou novamente que "a Polícia Civil confirmou que a perícia do local já estava encerrada, uma vez que a coleta das provas foi concluída no mesmo dia 08.02.2019, o que torna a acusação do Sr. José Augusto Bezerra ilógica, pois ninguém adulteraria uma cena de incêndio que já estava devidamente periciada".

Após a denúncia publicada pelo UOL, porém, o perito legista Nelson Massini iniciou estranheza com as informações da Polícia Civil de que a perícia fez os registros necessários no dia do incidente, em 8 de fevereiro de 2019. O Flamengo também afirma que os elementos para a perícia foram colhidos no mesmo dia.

A reportagem apurou que, apesar de oficialmente a polícia informar que a perícia terminou no próprio dia 8, peritos seguiam no local depois da data. Reportagem do dia 14 de fevereiro, por exemplo, registrou a continuidade dos trabalhos dos peritos da Polícia Civil no CT. Além disso, em depoimento à CPI dos Incêndios, no dia 7 de fevereiro de 2020, o perito Victor Sátiro, um dos responsáveis pelo laudo oficial, afirmou que a equipe "ficou uns 15 a 20 dias no local trabalhando, em seis pessoas".