São Paulo reformula departamento médico e vê 'fatalidades' em 12 desfalques
O São Paulo reformulou o departamento médico nos últimos meses, mas ainda não obteve todos os resultados esperados. O UOL apurou que o Tricolor vê "muitas fatalidades" para justificar as lesões deste início de temporada.
Em 2022, o São Paulo ouviu críticas da torcida e imprensa, porém, o maior "vilão" era o próprio Rogério Ceni. O técnico contestou o alto número de lesões e a demora da recuperação em mais de uma oportunidade.
Agora, Ceni está satisfeito com o Reffis (Núcleo de Reabilitação Esportiva Fisioterápica e Fisiológica) e faz elogios públicos.
Hoje bem melhor administrado e tem uma equipe boa. Algumas lesões, como Rafinha e Ferraresi, são fatalidades. Muitas lesões são do ano passado, como Caio, Arboleda e Moreira. A do Arboleda precisa de cuidado, e tivemos muitos jogadores com cirurgias sérias. Dois jogadores de velocidade e que não fizeram pré-temporada com a gente, Erison e David, sofreram problemas musculares. Não faço uma defesa clubista ou corporativista. O departamento médico do São Paulo trabalha bem. Às vezes o jogador não se recupera de modo convencional, tem casos que precisa fazer a cirurgia". Rogério Ceni, em fevereiro.
Fatalidades?
O São Paulo entende que o trabalho no departamento médico melhorou e as lesões destes primeiros meses de 2023 não estão acima da média.
O Tricolor teve 12 desfalques na vitória sobre o Botafogo-SP no último domingo. Dos 12, dois têm lesões musculares: Erison e David, ambos que chegaram depois da pré-temporada e tiveram problemas na coxa. André Anderson e Igor Vinicius têm desconforto no púbis, Ferraresi, Moreira, Diego Costa e Caio Matheus foram operados no joelho, Calleri e Rafinha tratam do tornozelo, Arboleda tem tendinite no joelho e Pedrinho foi afastado após denúncia de agressão.
O São Paulo acredita que pode melhorar na prevenção e outros processos como fortalecimento muscular, mas justifica que a maioria dos problemas está fora do controle, como o pisão que Calleri sofreu no tornozelo. O Tricolor entende que o departamento médico não seria assunto se o time vivesse fase melhor em campo.
Para efeito de comparação com os principais rivais, os números de baixas do Tricolor são maiores: o Corinthians não teve desfalques por lesão contra o Santo André, o Palmeiras não contou com Gabriel Menino (torção no tornozelo) e Luan (lesão na coxa) e o Santos ficou sem Ângelo (edema na coxa), Carabajal (lesão na coxa), Soteldo (lesão no peitoral), Alex Nascimento (lesão no joelho) e Sandry (cirurgia na face).
Reffis Plus
O São Paulo fez alguns investimentos em profissionais e equipamentos após o presidente Julio Casares anunciar, no segundo semestre de 2022, novidades no núcleo de reabilitação.
O Tricolor começou um processo de pesquisa para aquisição de recursos tecnológicos com eficácia cientificamente comprovada e adquiriu máquinas modernas de eletrólise percutânea, ondas de choque, sistema superindutivo e biofotomodulação.
O São Paulo integrou os fisioterapeutas da Barra Funda, onde fica o profissional, com os de Cotia, da base, além do futebol feminino, basquete e departamento social, criou um convênio com o curso de fisioterapia da USP e viabilizou cursos e workshops. Novos fisioterapeutas foram contratados em um processo seletivo com 265 candidatos.
O Tricolor consulta professores para as áreas de eletrotermofoterapia e terapia manual, preparou um banco de dados com atendimentos e cadastros de lesões e otimizou um sistema digital para correlacionar condição e carga de treino para cada atleta.
O departamento médico do São Paulo afirma que, em comparação com 2022, diminuiu as lesões em 19% e acelerou a recuperação de lesões musculares em 40%.
Modernização atrasou
O presidente Casares anunciou, em setembro de 2021, a criação da Divisão de Excelência Médica (DEM) e afirmou que o fisiologista Turíbio Leite de Barros cederia vários equipamentos ao clube. Esse assunto gerou vários desdobramentos.
O São Paulo divulgaria as marcas em troca de, a princípio, câmara hiperbárica, cadeira flexora, rota de calf e simulador de corrida. Turíbio tinha prestígio no Tricolor por ser um dos criadores do Reffis.
As negociações para a aquisição dos equipamentos, porém, não foram concluídas. O São Paulo alega que a promessa era de não gastar um real pelas máquinas. A necessidade de colocar dinheiro apareceu posteriormente.
Turíbio também quis assumir o cargo de gestor de projetos de saúde, mas o São Paulo não cogitou a possibilidade pois seu filho, o fisiologista Luis Fernando de Barros, trabalha no Tricolor e o código de ética seria ferido. O pediatra Fernando Fernandes foi o escolhido pelo clube para o cargo de gerência. Turíbio pediu demissão.
Esse imbróglio durou quase um ano e brecou avanços no departamento médico. Com a saída de Turíbio Leite de Barros, o São Paulo buscou equipamentos com investimento próprio. Turíbio foi procurado pelo UOL e achou melhor não comentar sobre o assunto por causa das "polêmicas recentes".
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