Endrick ou Vitor Roque: quem será o 9 do Brasil na Copa de 2026?
O Brasil enfrenta Marrocos hoje, às 19h, em Tânger. É o primeiro jogo de um novo ciclo, que terminará em 2026, no Mundial. Vitor Roque, 18 anos, 11 gols em 13 jogos na temporada, está convocado e deve participar da partida.
O Palmeiras enfrenta o Água Santa, dia 2 de abril, às 16h, em Barueri, na primeira partida da decisão do Paulistão. Endrick, 16 anos, será relacionado para o duelo. Talvez fique fora, como nos dois últimos jogos, o que o impediria de terminar com um jejum que o está incomodando. Em 12 jogos, não marcou.
Endrick foi a revelação do último Brasileiro, embora tenha participado de apenas seis partidas. Foi vendido para o Real Madrid por 35 milhões de euros mais variáveis que podem elevar o valor a 60 milhões de euros.
O Athletico, clube de Vitor Roque, foi avisado pelo Barcelona do interesse no jogador. Extraoficialmente, fala-se que a oferta seria de 30 milhões de euros, com variáveis que poderiam acrescentar mais 5 milhões ao total. O Barcelona, que tem problemas com fairplay financeiro, espera diminuir a folha salarial para fazer uma oferta oficial. Em Curitiba, fala-se que Mario Celso Petraglia, manda-chuva do Furacão, pensa em oferta no mínimo de 45 milhões de euros. E que Alexandre Mattos, diretor de futebol, está na Europa, falando com possíveis interessados.
Para Joaquim Piera, repórter do Sport, de Barcelona, o que se vê é uma briga pelo futuro camisa nove da seleção brasileira na próxima Copa:
"O Brasil não tem um bom camisa nove e agora apareceram dois. Um deles vencerá essa batalha para ser o destaque do Brasil", afirma
"Eu vejo o ataque brasileiro com os dois e mais Vinícius Jr", afirma Cristian Toledo, comentarista da rádio Banda B, de Curitiba.
"Muito difícil", rebate Piera. "Quem joga com dois centroavantes hoje? Já passou o tempo de Romário e Ronaldo juntos".
O projeto do Barcelona, se for aceito, seria fazer de Vitor Roque um aprendiz de Lewandowski, que está com 34 anos. Ele é visto como um novo Luiz Suárez. Em entrevista ao jornal Sport, Vitor Roque se disse pronto para aprender com o Mestre e feliz com a comparação: "Sou um animal competitivo", disse.
João Paulo Sampaio, diretor da base do Palmeiras, acredita também em um ataque com os dois. "Se o treinador da seleção quiser um time com dois homens por dentro, pode colocar os dois. O Endrick tem capacidade para flutuar, para jogar mais de lado do campo. É como se fosse o Bebeto do Romário", garante.
Ele vê uma nova geração de jogadores pronta a brilhar na Europa. "Aqui no Palmeiras, tem o Estevão, que a gente chama de Messinho. Tem 15 anos e recusamos 45 milhões de euros do PSG. Tem o Luis Guilherme, que fez dupla como Vitor Roque no Sul-americano sub-20. O Flamengo tem Matheus Gonçalves e Matheus França. Vai ser uma invasão", disse.
Muita gente sonha com a dupla, mas se ela não se formar, quem vai ganhar a briga pela camisa 9?
Na verdade, até o final do ano passado, essa pergunta seria considerada inadequada. Afinal, quem era o garoto de 60 milhões de euros, um menino de carreira fulminante na base e com três gols em seis jogos no Brasileiro, nem todos completos? Quem seria o cara para o sul-americano sub-20?
Seria Endrick, mas foi Vitor Roque. "Um cresceu na ausência do outro. O Palmeiras não cedeu Endrick para o sul-americano e Roque tomou conta da camisa. Foi muito bem", diz André Pugliesi, jornalista paranaense da Gazeta do Povo. "E teve sorte também, afinal, quem diria que o Ramón Menezes seria o treinador da seleção principal. Se fosse outro, não chamaria Roque, talvez".
Campeão sul-americano sub-20, convocado para a seleção principal e que com certeza estará no Mundial sub-20, Vitor Roque foi galgando espaços negados a Endrick. "Na minha opinião, o Palmeiras errou em não ceder Endrick. Por melhor que seja, o garoto ainda está em processo de formação, de evolução, poderia aprender muito em uma competição assim", diz Alexandre Simões, da Rádio Itatiaia, que viu Vitor Roque começar a carreira no América, depois ir para o Cruzeiro e agora está brilhando no Furacão.
"O Roque é mais centroavante, jogador de imposição física, e o Endrick é mais habilidoso. A situação está melhor para o Vitor Roque porque o Endrick enfrenta uma concorrência muito mais gabaritada. O Palmeiras é um time muito reativo e com Dudu e Rony muito bem estabelecidos. Dudu joga dos dois lados, Rony também e no meio. Para colocar Endrick, é preciso mexer no esquema. E, com a saída do Scarpa, parece que o Tabata está dando conta do recado", acrescenta.
Mas Vitor Roque, segundo Cristian Toledo, está mudando. "O melhor jogo dele no ano foi contra o Maringá. Entrou no segundo tempo e deu duas assistências, não precisou fazer gol para apavorar a defesa. Quando ele aquece para entrar, as defesas se assustam. No ano passado, ele ficava ausente do jogo e presente na área, nos gols. Agora, está melhorando tecnicamente".
Endrick chegou ao Palmeiras a partir de um vídeo em que, com oito anos, fazia diabruras com a camisa do São Paulo. "O empresário Paulo Roca pediu um emprego para o pai dele e uma casa para morar. A gente deu o emprego de R$ 3 mil, mas fora do CT porque não queremos pai perto de jogador. E deu a casa também. Valeu a pena", diz Sampaio.
Vitor Roque custou R$ 24 milhões ao Furacão. A metade ficou com o Cruzeiro, o América levou R$ 9 milhões e a família do jogador, mais R$ 3 milhões.
Com aposta simples ou um pouco mais robusta, Palmeiras e Furacão ganharam na loteria. Várias vezes. Tem na mão um camisa 9 de ouros. O Palmeiras até a metade de 2024 e o Furacão por menos tempo.
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