Topo

Marrocos vive euforia pós-Copa e pagam R$ 1.500 para ver Brasil de perto

Thiago Arantes

Do UOL, em Tânger (MAR)

25/03/2023 04h00

"Você se parece com o técnico da nossa seleção. Amanhã vamos jogar contra o Brasil!". A primeira frase do taxista, na saída do aeroporto de Tânger, não deixa dúvidas: o amistoso de sábado, às 19h de Brasília, não é um jogo qualquer para a seleção marroquina, quarta colocada na Copa do Mundo.

Na seleção brasileira, o jogo é visto como um início de ciclo e, ao mesmo tempo, uma fase de transição. A ausência de estrelas como Neymar, Marquinhos e Richarlison, todos lesionados, e a presença de Ramon, técnico interino, dão à partida uma cara de jogo menos importante, embora jogadores e comissão técnica reforcem a importância do confronto.

Já para os marroquinos, enfrentar o Brasil é dessas coisas que acontecem poucas vezes na vida. Na entrevista coletiva de Ramon, nesta sexta-feira, um jornalista local começou a pergunta com um agradecimento: "Obrigado por voltar a enfrentar Marrocos depois de 25 anos".

O último confronto não aconteceu por opção da CBF: foi na fase de grupos da Copa do Mundo de 1998, em Nantes, com vitória brasileira por 3 a 0. Um ano antes, o Brasil venceu por 2 a 0 em um amistoso em Belém, no Pará.

Para a primeira visita da seleção brasileira ao país, os marroquinos prepararam uma festa que entrará para a história. Os 65 mil ingressos para o duelo esgotaram-se no primeiro dia.

Às vésperas do confronto, o direito de estar em uma das cadeiras do Stade Ibn Batouta custa em torno de 3 mil dirhams (cerca de R$ 1.500) no mercado paralelo. O valor é igual a cerca de 80% do salário mínimo local.

"Tem gente vindo de vários lugares do país", disse um segurança do estádio ao UOL.

Na falta de ingressos, os marroquinos usam uma de suas armas para tentar a sorte: a simpatia. "Eu amo o Brasil, tenho amigos que vivem lá. É um belo país", diz o funcionário de um restaurante de hotel no centro de Tânger, diante de uma mesa de jornalistas brasileiros. Até que, com um sorriso no rosto, vem a pergunta: "Vocês não têm algum ingresso sobrando?".

"É um jogo muito importante para a seleção, mas também para o povo de Marrocos. Há um clima de muita empolgação. Para os fãs, vai ser um dia histórico. O clima dos estádios aqui é muito parecido com o da América Latina, especialmente Brasil e Argentina. É isso que esperamos ver no jogo de sábado", afirma o jornalista Mohammed Ourabai.

O amistoso contra o Brasil marcará o reencontro da seleção marroquina com a torcida, que foi um dos destaques da Copa do Mundo do Qatar. No Mundial, a equipe norte-africana avançou em primeiro lugar do Grupo F, eliminando a Bélgica. Depois, derrotou a Espanha nas oitavas de final e Portugal nas quartas. Os marroquinos só foram derrotados na semifinal, pela seleção francesa.