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Flamengo: Qual o papel da Libertadores na receita de mais de R$ 1 bilhão

Gabigol, do Flamengo, com a taça da Copa Libertadores 2022 - RODRIGO BUENDIA / AFP
Gabigol, do Flamengo, com a taça da Copa Libertadores 2022 Imagem: RODRIGO BUENDIA / AFP

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

05/04/2023 04h00

O Flamengo começa hoje (23) a campanha na Libertadores 2023, competição crucial para o êxito esportivo e também financeiro do clube. O bom desempenho é importante para a manutenção das receitas na casa de R$ 1 bilhão, como foi no ano passado. O primeiro jogo é contra o Aucas, do Equador, em Quito, às 19h (de Brasília).

O que aconteceu

O Flamengo arrecadou R$ 165,6 milhões em 2022, em receitas diretas geradas pela Libertadores. Isso inclui premiação pelo título, bilheteria e um bônus da Adidas pela conquista.

Essas receitas diretas correspondem a 15,3% do faturamento bruto do futebol (R$ 1,082 bilhão) no ano passado.

Há outras linhas de receita que são impactadas indiretamente pela Libertadores, como sócio-torcedor, e ajudam a formar o alicerce do crescimento do rubro-negro nos últimos anos.

A grana na Libertadores-2022

  • Premiação: R$ 125 milhões
  • Bilheteria: R$ 36,3 milhões
  • Bônus da Adidas pelo título: R$ 4,3 milhões

O salto da premiação

É uma receita paga em dólar pela Conmebol. Logo, a variação cambial influencia e, por vezes, ajuda as contas do clube. O Fla faturou no ano passado US$ 22,55 milhões ao longo da campanha do tri.

Em 2023, a Conmebol aumentou a premiação no mata-mata e ainda vai pagar um bônus de US$ 300 mil por cada vitória na fase de grupos. Assim, o campeão, se vencer os jogos no seu grupo, pode faturar até US$ 29,55 milhões (R$ 150 milhões, na cotação atual).

Casa cheia enche o cofre

A Libertadores é a segunda competição que mais rendeu ao Flamengo em bilheteria bruta: foram R$ 36,3 milhões em 2022, fazendo seis jogos em casa. O Brasileirão gerou R$ 42,7 milhões, mas em um universo de 19 partidas.

Os jogos da Libertadores compensam mais. Prova disso é o percentual que realmente fica no clube após os descontos gerados pelos custos das partidas. Enquanto na Libertadores o clube conseguiu reter 61% da bilheteria (R$ 22,1 milhões), o percentual no Brasileirão caiu para 39% (R$ 16,4 milhões).

Performance ativa gatilho

O contrato do Flamengo com a Adidas prevê bônus relacionados ao desempenho na Libertadores. O clube tem direito a R$ 300 mil por estar na fase de grupos da Libertadores. E aí há cotas adicionais relativas à fase em que terminar a competição. Como foi campeão, levou mais R$ 4 milhões, totalizando R$ 4,3 milhões no ano passado.

Esse contrato é o mais significativo em termos de gatilhos com patrocinadores que o clube tem. O vínculo foi renovado em 2021 e vai até dezembro de 2025.

O que vem no embalo

As demais linhas de receita do Flamengo são impactadas pelo que acontece na Libertadores. Há um aspecto intangível nisso tudo, mas que ajuda na percepção da relevância da competição no clube e do próprio Fla no mercado sul-americano.

O valor direto de R$ 165 milhões é relevante, mas o indireto é muito maior. Se pensar no sócio-torcedor, a taxa de fidelidade é maior. Em termos de valorização de elenco, um clube com alta performance tem atletas mais valorizados. Todas as fontes de receita do clube são impactadas com a competição. Não faz sentido o clube com maior faturamento, com mais de R$ 1 bilhão, e protagonista na gestão, não estar na principal competição do continente. É como falar que a Champions League não é tão relevante para o Real
Pedro Daniel, diretor executivo da área de esportes da EY

Mais números do Flamengo em 2022:

Arrecadou R$ 72 milhões com sócio-torcedor, contra R$ 37 milhões no ano anterior.

Embolsou R$ 149 milhões com patrocínio, publicidade e licenciamentos. Em 2021, tinha faturado R$ 160 milhões.

Mas somou R$ 88 milhões com licenciamento e royalties (vendas de produtos licenciados), contra os R$ 42 milhões de 2021.

Teve em Michael e Lázaro as maiores vendas da temporada: R$ 45,1 milhões e R$ 36,4 milhões, respectivamente.