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Grupo de brasileiros preso em guerra usa ônibus do clube para deixar Sudão

Jogadores brasileiros que estavam presos na guerra do Sudão começam a deixar o país - Arquivo pessoal
Jogadores brasileiros que estavam presos na guerra do Sudão começam a deixar o país Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

23/04/2023 17h48

O grupo de brasileiros composto por jogadores e membros de comissão técnica que estava preso em meio à guerra no Sudão começou a deixar o país.

O que aconteceu

Os brasileiros conseguiram um ônibus junto ao Al-Merreikh, que foi disponibilizado pelo presidente do clube, de acordo com o relatado.

Eles devem fazer o trajeto por vias terrestres até o Egito, segundo foi indicado no planejamento inicial.

O veículo tem também outras pessoas e até crianças, e já conseguiu atravessar algumas barreiras.

Na sexta-feira, o grupo paramilitar anunciou que concordava com trégua nos confrontos armados por 72 horas por motivos humanitários.

São nove brasileiros, sendo quatro atletas e cinco pessoas da comissão do time. Dentre os jogadores, estão os atacantes Paulo Sérgio e Matheuzinho, o lateral Alex Silva e o defensor Sérgio Raphael.

O Itamaraty afirma que "estabeleceu-se como prioritária a retirada dos brasileiros que se encontravam na capital, Cartum, onde houve grande parte dos conflitos nos últimos dias". Veja a íntegra abaixo.

Reclamação na rede social

Mais cedo, o atacante Paulo Sérgio publicou um vídeo no Instagram cobrando o presidente Lula e o Itamaraty.

O atleta disse ser o último dia para os estrangeiros deixarem o Sudão e que o grupo estava "tentando resolver os problemas por conta própria".

Em outra postagem, ele marcou a página do Itamaraty e chamou os membros de "desorganizados" e "mentirosos".

"Se largaram a própria funcionária, imagina a gente? Agora, começaram as bombas intensamente. Éramos para estar longe daqui há muito tempo. Desorganizados, medrosos, omissos, mentirosos", publicou.

"Comida acabando"

Em contato com o UOL no último dia 19, Matheuzinho contou um pouco de como estava a situação dos brasileiros, e citou preocupação em relação à comida e energia elétrica.

"Está muito difícil, o dia a dia aqui é muito tenso. A gente acorda com tiros, bombas, caças, drones. Já são três dias de guerra. Estamos sempre em contato com consulado e Itamaraty, mas ainda não há resposta ou solução para o nosso problema. Só o que nos falam é para nos mantermos em grupo e não sairmos. O alimento está acabando, não sabemos até quando o gerador do prédio vai durar", disse, à época.

Veja nota do Itamaray na íntegra:

"O governo brasileiro segue empreendendo esforços para retirar todos os brasileiros em território sudanês tão logo quanto possível. Estabeleceu-se como prioritária a retirada dos brasileiros que se encontravam na capital, Cartum, onde houve grande parte dos conflitos nos últimos dias.

Registravam-se 16 nacionais naquela cidade. Entre esses, preocupava especialmente a situação de três crianças, que deixaram Cartum esta madrugada, em companhia do pai, em comboio da ONU para o leste do país. Outros 10 saíram esta tarde por via terrestre em direção ao norte. Uma cidadã seguiu para cidade ao sul, conforme orientada pela organização da qual faz parte. Resta um cidadão brasileiro na capital, que presumia poder ser evacuado esta manhã, o que acabou não sendo possível. Encontra-se em segurança e aguardando orientações.

O governo brasileiro chegou a viabilizar evacuação mais ampla em coordenação com a ONU e com países europeus, o que não pôde ser concretizado por questões de deslocamento e segurança.

O Brasil permanece em estreito contato com a ONU e com outros governos com nacionais no Sudão e continua a monitorar a situação dos demais brasileiros no país, que por estarem em localidades não conflagradas, estão em situação de menor risco relativo".